Por Leonardo Dutra
Os avanços e retrocessos da negociação grega com as instituições financeiras europeias em 2015 despertaram inquietações mais profundas que as relativas à economia no continente europeu.
Diversos analistas temem que uma possível saída da Grécia da zona Euro poderia abalar os pilares da União Europeia, enfraquecendo a instituição.
Em um continente que experimentou duas grandes guerras no último século, a existência de instituições que aloquem interesses de Alemanha, França e Reino Unido pode ser vital para estabilidade e segurança da região.
Curiosamente, o processo de integração contemporâneo entre Estados aponta o antagonismo entre os países como um dos motores para o desenvolvimento de organizações internacionais, como a União Europeia ou o Mercosul.
Resumidamente, quando dois ou mais Estados experimentam na história grandes rivalidades como Alemanha/França ou Brasil/Argentina, a estabilidade destas regiões demandou um tipo de união institucionalizada entre estes países.
Tal fato é singular porque, frequentemente, o discurso sobre a integração regional aponta a homogeneidade de identidades entre países exclusivamente como motor da união. No entanto, pode ser uma condição oposta às semelhanças identitárias um dos mecanismos de impulso para a construção de blocos políticos e econômicos.
Contudo, não é apenas de antagonismos que um processo de integração entre Estados é estabelecido. A cooperação para resolução de problemas técnicos, que extrapolam as fronteiras estatais (relativos ao transporte de bens e pessoas, ao fornecimento de energia ou mesmo a necessidade de segurança conjunta), são alavancas para estas integrações.
Neste contexto, Brasil e Argentina experimentam uma notável estabilidade, relativa a segurança mútua desde meados dos anos 1980. O governo de José Sarney aproveitou os rumos da política internacional no período, espelhando-se na tendência europeia. Assinou tratados bilaterais com a Argentina em 1986. Igualmente, buscou a integração no eixo norte com a Venezuela em 1987.
Vingou primeiramente uma união no Cone Sul, vindo a florescer a institucionalização com a Venezuela mais de duas décadas depois, com a conturbada entrada venezuelana no Mercosul. Na ocasião, o Paraguai ofereceu resistência diante deste alargamento ao norte. Entretanto, uma suspensão do Paraguai no Mercosul, relativa ao impeachment do presidente Fernando Lugo em 2012, possibilitou a questionável entrada da Venezuela no bloco.
Dentro deste ambiente estável (Mercosul), disputas pontuais sobre temas específicos são comuns. Paraguai e Brasil ilustram este ponto com acontecimentos da Operação Ágata no último mês de julho.
Segue que a fricção fronteiriça dentro de uma região integrada por uma instituição é uma situação ordinária. Neste caso, a instituição formada no Cone Sul-americano serve como um fórum para que estas divergências sejam discutidas. Ou colocado de outra forma, uma organização internacional (como a União Europeia, o Mercosul o mesmo a ONU) é na verdade a expressão da tentativa dos Estados de construir um ambiente mais estável. Logo, é um empreendimento frequentemente inacabado, e não uma garantia da inexistência de divergência entre os Estados-membros.
Pois diante da instituição os países possuem ferramentas formais para declarar seus descontentamentos. Atenuando, desta forma,o crescimento de uma desconfiança mútua que geraria insegurança, a exemplo da situação experimentada por Brasil e Argentina antes do Mercosul.
Em resumo, uma instituição como o Mercosul possui mecanismos de resolução de conflitos muitas vezes deficientes. Contudo, são sempre mecanismos mais eficientes que uma política de suspeita e insegurança.
Neste ambiente, Paraguai e Brasil investigam os acontecimentos ocorridos no mês de julho. O Ministério das Relações Exteriores, respeitando a sua tradição diplomática, dialoga com o governo paraguaio. Acata a reclamação daquele Estado. Contudo, igualmente impõe a necessidade de controle das fronteiras comuns entre os dois países.
Pois a tentativa de uma existência pacífica com nossos vizinhos é uma política de Estado e não de um governo. Ou seja, independe do executivo eleito para administrar temporariamente o Brasil.
Ainda dito de outra forma, “a República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações” (parágrafo único do artigo 4º da Constituição do Brasil).
Colonizado é Colonizado , cada vez mais devemos Unir a América Latina , aprofundarmos acordos e cooperações em todos os sentidos , nas Áreas Comercial , Industrial , Tecnológico Científico, primeiro Argentina e Brasil , e somarmos os demais Peru , Colômbia , México , etc , enquanto liderados e submetidos aos Interesses do EUA e seus vassalos Capachos da Europa Ocidental , apenas seremos o Maior Reboque da História Mundial .
Estão tentando assinar um Acordo MERCOSUL /UE , espero que assinado um novo Governo Sério brasileiro o Denuncie , seria um Desastre este Acordo ao Brasil e ao Mercosul !
Bom comentário do Leopoldo Duarte. Concordo que o Brasil deveria se retirar não só do Mercosul, mas também da UNASUL e outros organismos criados para confrontar a OEA e projetar via marketing uma imagem das nações bolivarianas em descompasso com a realidade. Deveríamos partir para acordos bilaterais, e vou mais além, honrar nossos compromissos junto ao Tribunal Internacional de Justiça e fortalecer nossa posição em organismos como a OMC e UNESCO, ao invés da fixação por uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU.
Acredito que o melhor caminho para o Brasil é abandonar o MERCOSUL e assinar acordos direto com E.U.A, UNIÃO EUROPEIA entre outros. O que não pode é o Brasil ficar submisso a vizinhos corruptos e narcotraficantes que cada vez mais pioram nossa segurança publica e não traz nada de vantagem para gente. Esses países não tem nada a nos oferecer, exceto parceria estratégica na área de segurança com a Colômbia e talvez na parte economica com Chile. O restante nada nos serve e sim nos atrapalha.
Eu diria que tais blocos tendem a se solidificar a medida em que os países membros façam o dever de casa interno, veja o caso do BRASIL, uma das maiores economias do mundo com sérios problemas de educação ,segurança e infraestrutura, como uma nação desorganizada nacionalmente pode almejar um bloco forte com outras igualmente desorganizadas ?
O Bloco que tem mais futuro na região é a Aliança do Pacifico, lá não tem Argentina e nem Venezuela para atrapalhar nossos negócios e os tratados são respeitados.
Concordo Gabriel,
Hoje veja Paraguai, saiu do Mercosul e foi para bloco latino oceano pacífico. Este país cresceu 5% ano passado, este ano previsão 5% e ano que vem 4,5%.
Chile, Mexico, Peru, Paraguai, Colombia e Panama estão bombando suas economias.
Qual é a diferença do Mercosul para estes países??
Sds
Leonardo,
As coisas mudaram do outro lado da América do Sul.
O Chile está enfrentando problemas sérios devido a queda do preço do cobre, que uma comodities.
O México, muito dependente da economia estadunidense, está tendo problema devido à aqueda do preço do petróleo por causa do óleo de xisto.
Em fim, parece que somente a Colômbia e o Peru ainda estão em céu andino.
Com relação ao Paraguai, sua economia está recuperando uma forte queda no PIB nos anos anteriores. É necessário ver este ano para dados mais concretos.
Paulo , o Paraguai tem crescido a mais de 5% durante mais de uma década. O México tem os bens industrializados como principal item de exportação eles são o oposto do que nós somos.
A Diferença é o respeito ao empresário e ao ambiente de negócios
Paulo,
México não depende somente de petróleo não. Saiba que este ano eles passaram o Brasil como maior produtor de automovéis na AL.
Paraguai está crescendo todo ano a ritmo acelerado, à vários anos, e continua nesse ritmo.
Chile somente diminuiu um pouco sua perpectiva de crescimento para este ano. Iria crescer 3,5%, agora esperam 3%.
Curiosidades:
– México tem o 2 homem mais rico do mundo;
– A renda per capita do Mexico e Chile são quase o dobro do Brasil, ou seja, são países muito mais ricos que nosso;
– Panama City e Santiago são consideradas a cidades mais desenvolvidas da AL e com com maiores prédios e mais bonitas arquiteturas da AL.
Sds
Prezados Leonardo e Gabriel,
Obrigado pelos comentários. É muito importante conversarmos com opiniões até polarizadas, pois sempre fez parte do meu crescimento e dos meus conhecimentos, e sempre farão parte.
Prezados Leonardo e Gabriel,
As taxas de crescimento do Paraguai foram muito proveito da economia turbinada do Brasil nas últimas décadas. Se não houver ajuda dos EEUU neste ano, vamos precisar aguardar os dados econômicos, devido à crise no Brasil, que também deveria estar afetando o Paraguai desde ano passado, não é?
Agora, não foi porque estão tentando ingressar na CAP (pois ainda estão como observadores), e não acho que os membros querem o Paraguai por lá. Posso estar errado, pois se os EEUU acharem interessante ter um obstáculo por aqui, vão usar o Paraguai, o mesmo país que a CIA informou que haviam células terroristas nas fronteiras com o Brasil. Estão lembrados?
Também foi ajudado pelo fato do Brasil não ter concordado (política e estrategicamente assertivos) bloquear econômico ou comercial conta o Paraguai, quando houve o golpe político.
Por favor, não me digam que vamos ter este país como referência, o qual tem uma das maiores frotas de carros nacionais, sem ter sequer uma montadoura instalada.
E as fábricas de cigarro?
E os produtos eletrônicos e eletroeletrônicos “fabricados” no Paraguai “made in China”?
E o contrabando de armas que a PF e o Exército apreendem?
Você estão certos mesmo desse país como referência?
Com relação ao México, você reforçou o que informei. A economia deles está muito dependente dos EEUU. A indústria de petróleo dele está aos frangalhos, como algumas empresas estadunidenses também.
Para não quebrar a economia deles, os EEUU abriram um pouco o mercado para alguns produtos mexicanos, entre os quais, a indústria automobilística. Enquanto o mercado estadunidense estiver aberto, tudo irá bem.
Está se tornando um Porto Rico “anabolizado” que receberá sempre a descriminação por serem latinos, pelo fato de que nunca serão aceitos como os canadenses são.
O fato é que os cartéis mexicanos não querem muita aproximação com os EEUU, pois isso pode prejudicar e muito seus interesses. Os problemas sociais e políticos deles é muito complexo. Enquanto isso, as chacinas deles são de deixar as nossas no chinelo.
Vocês querem mesmo este país como referência, que é um quintal dos EEUU, porém, com fronteiras muito bem erguidas e vigiadas? Vamos ser o mesmo?
O 3º homem mais rico do mundo? Meu Deus! Eles tem o Eike Batista deles? E para a população? Qual o ranking de renda per capta e de educação? E o problemas da segurança pública? Isso para não falar que os EEUU fizeram levantamento do candidato deles a presidente. O que isso significa exatamente?
Por favor, gostaria de me informarem artigos atualizados sobre o Chile, pois, além da crise do preço do cobre, eles sofreram muito com as calamidades do terremoto e do tsunamis.
Agora, não resta dúvidas. Dos países que vocês deram referência, é o único que tenho respeito. Que a prosperidade dele não seja passageira, como foi a da Argentina no século passado, pois a diversificação da economia do Chile é bem menor.
Do resto, vou pesquisar sobre o Panamá, pois me falta conhecimento.
Abraços.