Joseph Kovács ficou mundialmente conhecido pelo desenvolvimento das aeronaves T-25 Universal, usada há mais de 40 anos no treinamento de cadetes da Força Aérea Brasileira (FAB), e do bem sucedido T-27 Tucano, que teve mais de 630 unidades exportadas para 14 forças aéreas.
A prática do voo a vela ao longo de mais de 40 anos, associada com patinação, ginástica olímpica, barra paralela e leitura são os segredos da boa saúde física e mental de um dos gênios da construção aeronáutica brasileira.
A bem sucedida trajetória de Kovács na aviação começou quando ele desembarcou no Brasil em 1948, aos 23 anos de idade, logo depois de terminar o curso de engenharia mecânica, onde se graduou como melhor aluno da então Escola Técnica Superior do Reinado Húngaro.
Nessa época do pós guerra, o Brasil ainda nem sonhava em ter uma Embraer, mas estava livre para construir a sua indústria aeronáutica. “A primeira coisa que se tira de um perdedor de guerra é a aviação. Na Hungria não podíamos voar nem em planador”, lembra. No pós guerra, o Brasil nem sonhava em ter a Embraer, mas estava livre para construir sua indústria.
“Sou imigrante de aviação”, definia-se este entusiasta da aviação, que ao longo de 65 anos como piloto privado, acumulou 4.500 horas de voo. No Brasil, o engenheiro logo foi selecionado pela comissão brasileira que convocava mão de obra vinda da Europa e procurava jovens qualificados como ele.
O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) foi seu primeiro emprego. “Ali dei início aos projetos de planadores e de aviões pequenos e também pude dar continuidade ao meu passatempo preferido, que era voar planadores em um campo de aviação em Butantã”, conta.
Quando soube da iniciativa do surgimento do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), no começo da década de 50, mudou-se para São José dos Campos, onde passou a fazer parte do grupo liderado pelo pioneiro da aviação alemã, Hendrich Focke, empenhado no desenvolvimento do Convertiplano, o primeiro avião com decolagem e pouso vertical do mundo.
O projeto, concebido para ser o mais avançado do mundo em sua categoria, não foi adiante por falta de recursos. Na unidade da Construtora Aeronáutica Neiva, hoje empresa do grupo Embraer em Botucatu, Kovács passou a fazer parte da divisão de projetos da empresa em São José dos Campos. Com 57 aviões e planadores no currículo, todas ideias originais, ainda que nem todas produzidas em série, Kovács revolucionou o projeto de aeronaves da categoria do Tucano, ao propor um treinador a turbina, já que os anteriores eram equipados com motor a pistão.
A ideia desse tipo de avião, segundo Kovács, surgiu durante o desenvolvimento do T-25, no começo da década de 60, antes mesmo da Embraer ser inaugurada. “Na época, ninguém acreditava nesse tipo de avião. Foram necessários 16 anos para convencer as pessoas de que o treinador turboélice tinha futuro”, conta.
O Tucano também foi o primeiro treinador básico turboélice a utilizar assentos ejetáveis configurados em tandem, além da hélice funcionar com uma única manete, facilitando a operação e tornando a pilotagem similar a de um avião a jato. Embora o Tucano tenha tido mais sucesso comercial, é do projeto do T-25 do qual Kovács tem as melhores lembranças. “Esse foi o mais especial da minha carreira. Por ser um projeto menor, participei mais ativamente de todos os detalhes do desenvolvimento”, comenta.
O T-25, conta o engenheiro, também trouxe inovações para os aviões de treinamento primário usados no Brasil, já que os modelos em operação na época, como o T-6, não faziam voo invertido. Por ser um avião extremamente robusto, afirma o engenheiro, o T-25 continua em operação até os dias de hoje.
O modelo também chegou a ser usado na Esquadrilha da Fumaça até a chegada do Tucano. “Os tanques de combustível do T-25 foram concebidos em chapa de alumínio maleável, o que garantiu maior resistência a rupturas em caso de acidentes”. Nos testes estáticos feitos para verificar a resistência do material, o dispositivo de suporte para o teste quebrou antes da peça, que não se rompeu e sofreu uma carga 50% acima do mínimo exigido.
Para seus projetos pessoais, como os aviões acrobáticos K-51 e o K-55, Kovács utiliza um galpão no Aeroclube de São José dos Campos. “O K-51 tem uma asa mais avançada e moderna que o Tucano”, diz. O desempenho excepcional da asa chamou a atenção do visionário engenheiro aeronáutico Luiz Paulo Junqueira, fundador da Novaer, falecido em 2010.
O trabalho artesanal, feito com peças em madeira e material composto na asa, tem o apoio dos dois filhos de Kovács,
O mais novo, segundo Kovács, é piloto internacional de companhia aérea, já trabalhou na Embraer e possui curso de piloto de provas feito na França. O do meio está hoje na Embraer. O mais velho, conta, morreu em um acidente aéreo, em 1978, depois de um voo de instrução no Aeroclube de Baurú.
Kovács alçou voos mais altos nesta madrugada, de forma serena e suave, como as aeronaves que projetou.
FONTE: GEA-CAvEx
TRABALHEI COM ELE NA EMBRAER, APRENDI MUITO, MERECIA TODAS AS HOMENAGENS. UM GÊNIO DA AVIAÇÃO BRASILEIRA. ME LEMBRO QUE ME 1983 EM LE BOURGET DA APRESENTAÇÃO DO TUCANO ONDE O KOVACS ESTAVA PRESENTE FOI UM SHOW DO SEU “FILHO”. TODOS BABARAM COM O TUCANO…RIP
Nasce uma estrela…?
Grande mestre! Que esteja voando alto agora. Foi um grande privilégio ser seu aluno. Minhas sinceras condolências à família Joseph Kovacs.
Que tenha um céu de brigadeiro neste vôo para a eternidade!
Grande mestre???
Siga em Paz??????
O mestre agora não precisa mais pousar. Que Deus o tenha.
Que belo legado deixou. Deus conforte os familiares!!!
Notícia muito triste.
É uma vela de conhecimento que se apaga.
O Sr. Kovács foi fazer pós PHD na outra dimensão, para poder retornar com consolidação
dos seus novos projetos que estavam maturando em sua mente e espírito. Boa jornada
ilustríssimo Sr. Joseph Kovács. Seu nome estará sempre gravado em ouro na historia da
aeronáutica brasileira.
Ótima reportagem sobe nosso amigo
KOVÁCS.
Realmente tudo que escreveram é a pura verdade.
Belas maquinas