Por Roberto Godoy
Fazia sol e calor, um céu sem nuvens e mar calmo, muito calmo – “quase um lago”, diria depois um tripulante da corveta V34 Barroso. Nesse cenário a Marinha do Brasil lançou pela primeira vez o míssil nacional antinavio Mansup, de longo alcance. Foi há pouco menos de um mês, a 300 km do litoral sul do Rio de Janeiro. Um sucesso: disparado a partir da corveta, o míssil, que mede 5,7 metros e pesa 860 quilos, voou a 1000 km/hora bem próximo da superfície, acompanhando o movimento da água do mar. Caiu no ponto central das coordenadas programadas. Havia um alvo, o casco do G-27 Marajó, um navio-tanque de 13 mil toneladas, desativado há dois anos. Era só uma referência na operação. Não houve explosão. O Mansup do teste levava uma carga de sensores eletrônicos na cabeça de guerra, a ogiva, para fazer medições de telemetria. Em um ataque real, estaria recheado com até 180 quilos de explosivos de alto rendimento – o suficiente para afundar, por exemplo, uma fragata de 5 mil toneladas.
O Mansup é o primeiro modelo de uma família. A sequência prevê o Mansub, lançado por submarinos submersos a partir do mesmo tubo dos torpedos, e o Manaer, para aviões de combate e helicópteros pesados. O arranjo mais ambicioso, diz um especialista do Centro de Tecnologia da Marinha, é o Mansub. O míssil é acomodado dentro de uma cápsula, ejetada por uma carga de ar comprimido. Quando chega a superfície, um sensor digital reconhece essa condição e faz a ignição do motor. Os quatro novos submarinos diesel-elétricos brasileiros da classe do S-40 Riachuelo – recebido pela Força há duas semanas – e a também a variante nuclear, vão incorporar o sistema.
O programa de desenvolvimento começou há apenas dez anos. Até agora consumiu R$ 380 milhões. É um projeto gerenciado pela Diretoria de Sistemas de Armas da Marinha (DSAM) a respeito da qual a força naval mantém um bem cuidado sigilo – os técnicos envolvidos, mesmo os da área empresarial, devem manter comportamento discreto em relação ao trabalho; as manifestações são sempre impessoais. No dia do ensaio, uma terça-feira típica da primavera no Atlântico Sul subtropical, a corveta V-34 Barroso já estava com o casulo do Mansup acomodado na célula de lançamento dos Exocet MM-40 modernizados, os mísseis do mesmo tipo usados pela esquadra. Uma zona de exclusão com o dobro de extensão do alcance máximo do míssil fora declarada com vários dias de antecedência para garantir ausência de tráfego marítimo durante a prova. Motivo alegado: treinamento de tiro real. Era bom não estar por perto.
A bordo, na sala do controle de fogo, a tripulação seguiu os protocolos de uma situação real. Iluminação reduzida, proteção extra, times completos. No ‘zero’ da contagem de disparo, apenas uma palavra, Mansup!, seguida da abertura do tubo de lançamento e do rugido do motor primário. O Mansup funciona em duas fases: um acelerador, o ‘booster’, dinamiza a etapa do ganho inicial de velocidade por poucos e intensos segundos até que entre em ação o propulsor principal. A navegação e o direcionamento são estabelecidos por meio de uma caixa de guiagem inercial, com radar interno ativo na etapa final da trajetória para afinar a precisão em relação ao objetivo. O míssil não é de cruzeiro, busca um alvo marcado, ou seja, não faz navegação própria até o impacto. Todavia, há pesquisas em andamento nos EUA e na China para permitir alguma capacidade desse gênero aos modelos Harpoon e Dragão de Seda, expandindo as possibilidades de emprego.
A Marinha pretende liberar o Mansup para vendas internacionais. O empreendimento, sob a direção de agências oficiais, está sendo executado por quatro empresas do setor privado: a Fundação Ezute (gerenciamento complementar), Avibras Aeroespacial (propulsão, asas, calhas, montagem final), Omnisys (‘seeker’, o buscador digital do alvo) e a SIATT (guiagem, navegação & controle, telemetria). A expectativa é de que ao menos dez nações da América do Sul, África, Ásia e Oceania considerem a substituição dos antigos Exocet B1 e B2. O preço comercial do míssil ainda não foi definido.
O domínio do pacote de conhecimento sensível necessário à produção de mísseis antinavio coloca a indústria brasileira de equipamentos de defesa, de emprego militar, em meio a um clube formado por oito, talvez dez países. Os mais influentes estão lá, como os Estados Unidos, a Rússia e a China. França e Suécia, parceiros das Forças Armadas, também. O Mansup é inspirado nos modelos Exocet, da França, conhecidos em todo o mundo há 37 anos. No dia 4 de maio de 1982, durante a Guerra das Falklands/Malvinas, um caça bombardeiro Super Etendard, francês, da força aérea naval argentina atingiu o destroier HMS Sheffield com uma versão AM39 do míssil. Os danos foram irreparáveis. O navio naufragou. A façanha se repetiu outras vezes durante o conflito. O episódio transformou o Exocet, criado em 1967, em um sucesso comercial, com cópias e equivalentes aparecendo no mercado de armas. O produto original é fabricado atualmente pelo consórcio europeu MBDA.
Custa caro, o preço estimado fica na faixa entre US$ 1,8 milhão e US$ 2 milhões. É aí que o Mansup vai ter de encontrar espaço.
FONTE: Estadão
Concordo Oseias . Fantástica noticia ” O Mansup é o primeiro modelo de uma família ” , tenque lutar agora para aumentar seu alcance .
A melhor notícia é ” O Mansup é o primeiro modelo de uma família”
Parabéns aos envolvidos esse projeto é de muita importância para defesa como para o desenvolvimento da indústrias local aguardo ansiosamente para a conclusão.
O Brasil tem grande potencial se a China e a Índia conseguem nós conseguimos muito melhor ainda.
Caro José Carlos, com todo respeito a China é líder em tecnologia mundial, ultrapassou EUA, Alemanha e seu antigo inimigo o Japão, não precisaria dizer mais nada, mas vamos lá:
O Brasil não chega a produzir 3% de toda a tecnologia produzida na China, apesar de investirem o mesmo percentual do PIB, em torno de 1,5%, a China tem o PIB infinitamente superior ao do Brasil 12 trilhões x 2 trilhões;
São 4,6 engenheiros para cada 10 mil hab. enquanto na terra tupiniquim são 0,2% na mesma proporção e nem falamos na população total, além disto apenas 8% dos engenheiros realmente trabalham no ramo que se formaram e
Some-se a isto a carga tributária 18% do PIB x 35% no Brasil e a taxa de investimento chinesa chega a 40% do PIB enquanto que por aqui não chegamos a 15%.
Paro por aí com os chineses e quanto aos Indianos apenas trarei uma informação que pra mim resolve este dilema:
São 600 mil novos engenheiros por ano.
PS. Foram descobertas indianas ou tiveram participação indiana:
Algorítimo de buscas do google;.
conexão USB;
O sistema de e-mails adquiridos posteriormente pela microsoft, Sun criadora do java, o processador Pentium. são 30 mil engenheiros indianos trabalhando no vale do silício, investem 2% do PIB em tecnologia e tem mais matemáticos formados que Japão e Estados Unidos. Paro por aí.
Precisamos ir muito mais além amigo do que estamos hoje, precisamos de 50 anos de investimentos maciços para no mínimo chegarmos perto das duas nações citadas amigo.
Não quero comparar as nações, mas apenas mostrar que eles estão anos luz na nossa frente em se tratando de tecnologia mesmo com toda miséria envolvida (e eles estão evoluindo também nesta área)
E vamo que vamo!!! Quanto mais nos suprirmos internamente de meios e equipamentos para as forças armadas cumprirem seu papel de defesa da soberania melhor. Os é ter soberania !!!
Espero que o alcance do Mansup seja aumentado para 180 a 200 km que seria em versões posteriores e incorpore capacidades ainda maiores.