Por Luiz Padilha
A Marinha chinesa – PLA Navy, em pouco tempo não só revitalizou o porta aviões russo Varyag da classe Kuznetsov, rebatizando-o como Liaoning (CV 16), como também desenvolveu velozmente sua aviação naval de asa fixa, principalmente com os caças navais Shenyang J-15. Mas não foi só a Aviação Naval de asa fixa que se desenvolveu, os sistemas eletrônicos chineses estão em plena evolução, com a adoção de radares AESA e defesa antiaérea eficiente. Futuramente, no novo porta aviões que está sendo projetado, está prevista a adoção de catapultas eletromagnéticas.
É uma pena não podermos aqui no Brasil, contar com o investimento pesado do governo em P&D para que nossas indústrias se desenvolvam e venham a equipar nossas Forças Armadas – FFAAs, como o exemplo chinês. Equipar nossas Forças Armadas com produtos nacionais, desenvolvidos por brasileiros é o ideal, mas ainda estamos engatinhando nesta área, onde a verba quando chega, mal dá para pagar o que já foi gasto. Alguns abnegados ainda acreditam na Indústria Nacional de Defesa, mas sem o devido aporte de capital, continuaremos como estamos, sempre em velocidade 1.
O Brasil atualmente não possui as mesmas condições que a China para investir em Defesa, afinal, a China com sua política expansionista, tem um programa de Estado voltado para o reaparelhamento de seus equipamentos militares (aviões, navios, blindados, sistemas eletrônicos e etc…), mas seria muito bom para o Brasil olhar e tentar tirar do exemplo chinês, algo de bom para nossa indústria, pois a cada dia perdemos mão de obra altamente qualificada para o mercado externo por não termos condições de mantê-los no nosso país.
Nossa indústria de defesa possui bons planejamentos, mas não consegue acelerar seu desenvolvimento por falta de investimento e assim, muitos projetos acabam parados na geladeira, atrasando ainda mais o nosso desenvolvimento. Como os entusiastas que ainda lutam por uma Indústria de Defesa forte no Brasil, nós do DAN torcemos por dias melhores, onde possamos ver produtos de ponta desenvolvidos e produzidos no Brasil equipando nossos navios, nossas aeronaves e nossos carros de combate.
Acrescida aos fatos de possuírem a maior população e um enorme território, a China, a meu ver, tem uma peculiaridade que nenhum outro país possui: enorme liberdade econômica conjugada com pouquíssima liberdade política – a Constituição chinesa estabelece quais são os partidos políticos (oito, se não me engano) autorizados a funcionar junto com o PC. Essa situação permitiu ao país a criação de uma economia de mercado, com grandes conglomerados empresariais (muitos de capital privado) que geraram um número elevado de bilionários, ao mesmo tempo em que as grandes decisões estratégicas podem ser tomadas pelo governo, através de seus planos plurianuais, sem que sejam possíveis maiores questionamentos, quer por parte de forças políticas ou de corporações estatais antinacionalistas, quer por parte da imprensa, sempre manietada pelo governo. Isso permite que tais decisões sejam implementadas sem atrasos e conforme foram originalmente concebidas. São as “vantagens” de uma ditadura; por outro lado, quem disse que a democracia de corte liberal é igualmente estimada por todos os povos do mundo?
Isto não é juízo de valor; trata-se de mera constatação. O fato é que, do ponto de vista do interesse nacional, essa é uma arquitetura institucional que tem dado muito certo. O poderio chinês só faz crescer, e isso se observa não apenas do ponto de vista bélico, mas científico e econômico, de modo geral. A par de todos os avanços de sua capacidade militar, verifica-se, por exemplo, que as ambições do país quanto à conquista espacial têm sido diligentemente perseguidas.
Um outro exemplo que mostra a determinação e a capacidade desse país diz respeito à Antártida: neste momento, a China está construindo DUAS grandes estações de pesquisa (uma para o Brasil e a outra para si mesma) – com isso, os chineses passarão a ter cinco bases antárticas; além disso, no ano que vem deverão comissionar um segundo quebra-gelos, de fabricação local. Também se preparam para construir seu próprio aeródromo, junto à base Zhongshan, e iniciaram testes com uma perfuratriz de água quente, a qual deverá impulsionar fortemente suas pesquisas polares.
Se há vinte anos talvez poucos imaginassem que a China atingiria tamanho progresso, hoje, somente um cego duvida que o país alcançará o papel de superpotência em poucas décadas. Me parece que apenas uma guerra catastrófica impedirá que os chineses ocupem o lugar que buscam.
Tentando ser o mais imparcial possível, isto é, deixando de lado a questão do patriotismo e da ideologia, se vê que não há nada de errado com a modernização das FFAA chinesas, afinal de contas, o setor militar é talvez, junto com o setor econômico, os dois pilares fundamentais de quaisquer nações. E a China, crescendo economicamente como cresceu (e ainda cresce e que ainda continuará a crescer nas décadas vindouras), obviamente necessita modernizar suas FFAA para estar a par do ‘tamanho’ que o país representa no cenário internacional – algo que não acontece com o Brasil, tendo em vista que não é só o nosso país, mas o continente em que nos localizamos, é apenas um palco secundário do cenário internacional.
Voltando a China, digamos que, afinal de contas, eles não podem permitir que aconteça no futuro, algo que nem remotamente possa se assemelhar ao que foi a Guerra do Ópio, com base naquele famoso dito, “errar uma vez é humano, persistir no erro é burrice”. E, quando falamos num país que tem A MAIOR POPULAÇÃO (e tendo em conta a dimensão da economia chinesa, equivaleria a dizer aqui que ter a maior população do planeta significaria ter o maior público consumidor), a 3ª MAIOR EXTENSÃO SUPERFICIAL DO MUNDO e prestes a ter a MAIOR ECONOMIA DO MUNDO, então, rs.
Padilha e DAN,
Parabéns pelos comentários.
O exemplo chinês pode ser seguido. Para chegar ao resultado que a China está chegando precisa haver pensamento estratégico. Sabemos que pensamento e inteligência não são atributos de nenhum político desse país.
O Ocean foi comprado com recursos do tesouro. Não estava no orçamento da Marinha. Os governos podem transferir recursos do tesouro (emissão de moeda) em um orçamento paralelo para as Armas. Todos os governos ou todas as potências tem orçamento de defesa correndo ao lado do orçamento real.
Nenhum governo tira grana da saúde ou da educação (exceção as ditaduras) para investir em defesa. O problema maior é que não dá para comprar nada de fora com reais. Mas…assim como você afirma dá para desenvolver fornecedores, infraestrutura, indústrias e defesa nacional. Em reais. Pagando em moeda nacional.
Somente a Alemanha emite euro. Cada país do euro recebe sua quota de moeda emitida em Frankfurt. Espanha tem as notas com o primeiro digito 4, para a França vão as notas com primeiro digito 2 e assim vai com todos os outros.
Nenhum país do euro emite moeda. Somente a Angela Merkel. Os motivos oficiais são controle, austeridade, unidade e bla, bla, bla. Quem fiscaliza o Banco do Euro em Frankfurt? O FMI fiscaliza a emissão de moeda no Brasil. Quem tem coragem de fiscalizar a Alemanha?
Os estaleiros brasileiros podem receber em reais. Brasília que emita moeda.
Ops. Desculpa a grafia errada do nome.
65% do orçamento militar brasileiro é para pagar recursos humanos, mais da metade desse valor são pensões e aposentadorias…
Muito blablablá e perda de tempo.
Caro Padilha
Ótima análise apresentada pelo DAN. É fato o grande investimento das FAs chinesas em todas as áreas. Isto prova que é possível investir em defesa com garantia de empregos e renda e de lambuja a soberania nacional (muitos não consideram importante). Não concordo com expansionismo Chines haja vista que há apenas disputas por territórios que já são seculares (Hong Kong, Taiwan e demais ilhas e arquipélagos) não há pretensões chinesas fora das já disputadas supra citadas, no entanto o expansionismo econômico chines com a criação de corredores alternativos aos ocidentais (nova rota da seda por exemplo) que necessitam sim de uma forte frota de projeção continentais.
Mas nem tudo vai mal, por agora existe uma racionalização dos recursos, não dá para gastar aquilo que não se têm, em 2035 teremos o nosso NAE, até catapultas a vapor serão tecnologias do passado, até lá até o Gripen e o F-18E/F serão aviões atrasados, teremos aviões de 6ª Geração, a ideia é dominar e absorver novas tecnologias, mas sem megalomanias,mas com muito racionalismo e realismo, estamos no bom caminho, com o PROSUB (4SBR + 1SNBR) , com o projecto de 4 Corvetas Tamandarés CV-35 , e com o Gripen NG, com o EC-725 Super Cougar, com o KC-390 , com o Guarani 6X6, com o ASTROS-2020, com o Satelite Geo-Estacionario de Defesa e Comunicações, a ideia não ter muitos meios ,mas dominar as tecnologias , para dai poder massificar a produção nacional de mais meios.
Se olharmos para as quantidades de submarinos e caças, são quantidade bem razoáveis e discretas, quantidade que não metem medo a nenhum adversário, mas se olharmos para a qualidade dos mesmos, veremos que qualquer adversário fica com medo, países como o Japão e a Alemanha antes da 2ªGerra tinha meios bélicos discretos, mas de enorme qualidades, que quando decidiram massificar a produção , foi o que o mundo viu, 5 Submarinos parece não ser muito, mas se feitos e fabricados aqui, nos garantem mais soberania do que se fossem compras de prateleira, 36 caças parece não ser muito, mas se haver transferência de tecnologia, vão fazer toda a diferença do que se fossem compras de prateleira, mas é sempre necessário estimular a produção de forma discreta.
A China fez isso, foi discreta e cautelosa, comprou sucata e transformou em um NAE de treino, tivemos a oportunidade de ter o NAE São Paulo, que perigosamente tinha o mesmo efeito, mas estava muito desfasado no tempo, sendo que a sua compra foi uma das piores compras de oportunidade da historia da MB.
Mas agora a MB se deu conta do Erro, e está fazendo bem o trabalho, com a introdução de navios modernos como o Bahia e o Ocean, poderemos treinar de forma mais segura os nossos marinheiros e aviadores, com todas as novas doutrinas para que em 2035 , a gente consiga operar um NAE, que será com catapultas EMALS, até teremos uma escolta bastante evoluída com alguns SNBR e Evoluções da Corveta Tamandaré, tudo isso de produção nacional.
Vamos ter calma, que chegaremos lá.
Padilha, após uns 40 anos acompanhando a indústria de defesa, eu perdi as esperanças de que um dia seremos capazes de ter uma defesa razoável no país. Para mim a razão é bem simples, brasileiros não entendem o básico sobre matemática, finanças e economia. Para piorar, em sua grande maioria, são favoráveis a corrupção e a impunidade. Deste jeito, jamais seremos um país sério e a culpa é nossa.
A China só consegue ter todo este dinheiro para investir, porque apesar de ter um regime comunista, é talvez o mais capitalista de todos os países.
Esses jornalistas falam em P&D mas querem entregar a única empresa Brasileira com P&D a nível internacional Embraer.
Anderson, nós do DAN nunca nos posicionamos com relação e este assunto Boeing/Embraer, portanto seu comentário não é coerente.