Por Andréa Barretto
A Marinha do Brasil (MB) planeja um exercício de emprego dos torpedos MK-48, novo armamento que está sendo instalado nos cinco submarinos da frota nacional. O treinamento tem o objetivo de permitir que os militares do Comando da Força de Submarinos observem o funcionamento do sistema e o desempenho do torpedo na prática.
“O último lançamento foi realizado em outubro de 2016, com sucesso, pelo submarino Tupi (S-30), durante a fase de conclusão dos testes de aceitação do sistema de combate. O exercício aconteceu nas proximidades do Rio de Janeiro”, contou o Contra-Almirante Oscar Moreira da Silva Filho, comandante da Força de Submarinos, sem precisar a data e o local do próximo treinamento de lançamento do torpedo.
Os dados coletados nesse tipo de exercício são submetidos à análise e compilação pelos militares da MB e aplicados no desenvolvimento da doutrina de emprego do torpedo. Essas informações são também compartilhadas entre os submarinistas em atividades teóricas, como o I Workshop Operativo do Torpedo MK-48, realizado em fevereiro. No encontro, os participantes puderam se atualizar em relação ao manuseio do torpedo MK-48, seu emprego em cenários de combate, seu modo de lançamento e de guiamento.
O Tupi (S-30) é o segundo submersível da esquadra da MB a concluir o processo de atualização do sistema de combate que permite o lançamento e o controle do torpedo MK-48. Esse equipamento foi adquirido da Marinha norte-americana em 2007 e passou a ser o armamento padrão dos submarinos brasileiros, substituindo o antigo torpedo MK-24.
O primeiro submarino a ganhar capacidade de emprego do torpedo MK-48 foi o Tapajó (S-33), em 2011. Em outubro daquele ano, o navio fez o lançamento de dois torpedos de exercício, os quais são reutilizáveis. Posteriormente, em 2013, o Tapajó (S-33) estreou o disparo de torpedos em águas internacionais, durante um treinamento de sete meses realizado com a Marinha dos Estados Unidos.
Conforme o modelo de gestão adotado pela MB, os submarinos são submetidos a um “sistema de manutenção planejada e preventiva de maneira a contar com uma disponibilidade de, aproximadamente, 70 por cento desses meios em plena operação”, declarou o C Alte Oscar. Os submarinos Tupi (S-30) e Tapajó (S-33) já concluíram o período mais recente de manutenção e revitalização. Agora é a vez do submarino Tikuna (S-34), que está no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ), em fase de instalação do novo sistema de combate.
Máquina de combate moderna
“Os torpedos são projéteis explosivos autopropulsionados que operam debaixo da água e são projetados para detonarem ao entrarem em contato ou ao se aproximarem de um determinado alvo”, explicou o C Alte Oscar.
O torpedo MK-48 é considerado uma das armas mais inteligentes utilizadas atualmente pela MB. Quando disparado, esse armamento sai com um fio que permite que a tripulação controle remotamente sua direção. Dotado de sensores acústicos, o torpedo é capaz de identificar e destruir alvos de superfície e outros submarinos.
Além desses projéteis, os submarinos brasileiros possuem capacidade de lançamento de minas de fundo MCC-23C. Com esse armamento, os submersíveis conseguem criar um campo minado em áreas sob o controle de um inimigo.
De acordo com a Estratégia Nacional de Defesa (END) brasileira, os submarinos são navios de guerra empregados como meios de dissuadir forças hostis nos limites das águas jurisdicionais brasileiras – área correspondente a 4,5 milhões de quilômetros quadrados, chamada de Amazônia Azul, por conta da diversidade natural e das riquezas que guarda.
Os submarinos também são empregados com o intuito de fazer a defesa das plataformas petrolíferas, das instalações navais e portuárias e dos arquipélagos e ilhas oceânicas nacionais. Entre outras capacidades, a END prevê ainda a possibilidade de participação da Força de Submarinos da esquadra nacional em operações internacionais de paz.
Submarinos brasileiros
Na atual frota de submarinos da MB, o Tupi (S-30) é o meio mais antigo, incorporado pelo Brasil em 1989. Tupi é também o nome da classe a que pertence tanto esse navio quanto outros três: o Tamoio (S-31), de 1994; o Timbira (S-32), de 1996; e o Tapajó (S-33), de 1999. Estes últimos foram desenvolvidos e construídos no AMRJ.
O Brasil possui ainda um submarino da classe Tikuna, igualmente fabricado nas instalações do AMRJ. O Tikuna (S-34) passou a integrar a MB em 2005 e, assim como os submersíveis da classe Tupi, tem propulsão convencional, quer dizer, usa diesel e bateria como combustíveis. Externamente, é também muito parecido com aqueles, mas, tecnologicamente, a classe Tikuna é uma versão aprimorada da Tupi.
Esses gigantes do mar são operados apenas por militares embarcados. “São militares que foram voluntários para o exercício da atividade e que passaram por um processo seletivo com exames psicológicos, físicos e teóricos”, detalhou o Contra-Almirante Flávio Augusto Viana Rocha, diretor do Centro de Comunicação Social da Marinha.
Atualmente, a MB conta com cerca de 300 militares embarcados nos submarinos em operação, “além de outros militares e servidores civis, de diferentes profissões, que atuam no preparo instrucional das tripulações, no planejamento das operações, nas manutenções preventivas e corretivas, nos apoios de suprimentos alimentícios e de materiais sobressalentes”, completou o C Alte Rocha.
FONTE: Diálogo Américas
Alexandre, essa é uma questão interessante. Mais de uma vez ouvi falar de um exercício em que um sub brasileiro disparou um torpedo, o fio se rompeu, ele retornou e quase atingiu o próprio submarino. Se é verdade eu realmente não sei, mas nessas horas não dava p/ ativar algo como o IFF usado na aviação p/ evitar o ‘fogo amigo’ ? Quem poder me esclarecer, eu agradeço.
a fibra ótica acompanha o curso do torpedo até o alvo? e se o alvo estiver a quilômetros de distancia! Haverá fio para tudo isso? E o peso do fio ? não atrapalha o curso?
Ren ato, caso o fio quebre, o torpedo utiliza o seu próprio sonar para localizar o alvo e detonar na hora certa.
Ren Ato.
Ninguém respondeu.
Também sou leigo.
Mas a própria matéria fala que o MK 48 é a fio e tem 40 km de alcance. Se há outros com alcance maior, não sei.
Haja fio… Só desenrolar 40 km de fio…
Também não entendo como eles conseguem identificar, localizar e travar um alvo a 40 km.
Será que um sonar tem esse alcance?
Antonio o ADCAP MK-48 é filoguiado como o futuro F21 que equipará os SBr também são. O fio é muito fino e o submarino vai mantendo contato com o mesmo até a corrida final.
E o projeto do torpedo nacional foi a fundo junto com a mectron?
Marinha tem quantos torpedos desses ?
A compra foi anunciada de 30 unidades. É estranho ter nosso Paiol revelado no portal da transparência pois o inimigo também lê. Mas…..somos governados por ilustres sapiências.
A MB pretende ter mais submarinos nucleares além do SN-10 Álvaro Alberto ou vai investir nos convencionais futuramente ?? Fica a pergunta.
A MB pretende ter o segundo submarino nuclear já com as modificações que forem necessárias através do aprendizado com o primeiro. Uma coisa de cada vez.
Qual o alcance aproximado de um torpedo guiado a fio?
Existem torpedos modernos com outros sistemas de guiagem?
Os torpedos tem algum sistema de segundo plano para o caso do fio quebrar?
Qual o tamanho da cabeça de guerra de um torpedo destes?
Obgd
Padilha. A marinha do Brasil tendo ja fabricado estes submarinos, não poderiamos fabricar mais destes para protejer nos costa? Não poderiámos ter melhorado o projeto que já foi melhorado com o Tikuna e ter hoje entre 10 a 15 belonaves destas? Se é um projeto antigo, porém ainda esta em uso não seria melhor termos utilizados estas do que ter comprado dos franceses os escorpenes?
Negativo. A MB fabricou do Tamoio ao Tikuna da vela para trás, ou seja, a MB nunca fabricou 100% um submarino no Brasil. O Tikuna é uma versão do 209-1500 e usa sistemas alemães o que fez dele um submarino mais eficiente (os anteriores utilizam equipamentos de fornecedores diferentes, alguns nem existem mais).
Com o Scorpene a MB irá fabricar 100% no Brasil, e isso é o que muitos por desconhecimento, não entendem a importância do acordo com a França. Pelo exposto, creio não valer a pena projetar um submarino baseado no Tikuna, mas saiba que após os 4 SBrs, os próximos convencionais já serão projeto brasileiro.
OFF TOPIC
Hoje o foguete Ariane 5 que lançará o SGDC( e um satélite coreano) foi movimentado da área de montagem final de volta para a sua plataforma de lançamento e a operação VA236 foi remarcada para o dia 4 de Maio e a sua janela de lançamento se inicia as 05:31 P.M. hora local na Guiana.
Eu, até o presente momento, considerava o Tikuna como sendo da classe Tupi. Qual a diferença entre eles ?
O que foi feito de diferente nos Sub ” desenvolvidos e construidos no AMRJ ” ?
Desculpem tantas perguntas, gosto do assunto mas não entendo dele. Grato.
Deslocamento, motor elétrico, motores diesel e sistemas embarcados (tem mais coisas). Tudo diferente, otimizando o submarino.
Muito legal saber em que par anda a atualização dos sistema de combate dos nossos submarinos U-209 para usar o torpedo MK.48 (40km). Lembro que a MB havia adquirido cerca de 40 torpedos deste modelo, que possui o dobro do alcance do Mk.24.
Só uma pena que se demora tanto para modernizar os 5 submarinos, achei que a esta altura já tinha sido todos atualizados, mas apenas 2 foram, e 1 está em fase de implantação. Pelo visto os U-209 brasileiros vão permanecer na ativa por um bom tempo, o mais antigo deles o Tupi entregue em 1989 deve ter 40 anos de vida útil no total, podendo servir até 2031.
Imperativo então que a MB possa adquirir um segundo lote de submarinos Escorpene BR e SNBR para entrar no lugar dos U-209 quando da sua desativação.
Boa matéria, mesmo com o gap temporal entre estes meios e os futuros, muito bom saber que a força submarina, embora ainda aquém da projeção do país, está ao menos se mantendo apta as missões de rotina.