Alcatrazes, no litoral norte de SP, é berçário de espécies ameaçadas. Proposta prevê acesso controlado de visitantes a parte das 13 ilhas que compõem o arquipélago a 43 km da costa.
Berçário de espécies endêmicas e ameaçadas de extinção, o arquipélago de Alcatrazes, em São Sebastião (litoral norte de SP), deixará de ser utilizado para treino de tiros das Forças Armadas e poderá virar parque nacional.
Após 33 anos, a Marinha anunciou o “cessar fogo” numa área rochosa da ilha principal, em apoio ao projeto que tramita no Ministério do Meio Ambiente e propõe novas regras de preservação.
Entre as mudanças previstas está a possibilidade de acesso de visitantes ao local, limitado atualmente por se tratar de uma zona militar.
Formado por 13 ilhas, Alcatrazes está a 43 km da costa.
DIVERSIDADE
O Ibama e o ICMBio, que atuam hoje em conjunto com a Marinha na preservação do local, defendem a criação do parque como um mecanismo mais eficiente para manter a diversidade de fauna e flora.
O diretor de Departamento de Áreas Protegidas do ministério, Sérgio Brant, diz que a pasta aguarda a formalização da Marinha para encaminhar a proposta à Casa Civil.
“A partir disso, iremos redefinir os detalhes do projeto. O panorama atual aponta para uma criação muito próxima do parque”, diz Brant.
A Marinha diz que os treinos de tiros foram encerrados em Alcatrazes e que realiza testes numa ilha a 4 km do arquipélago, onde o impacto ambiental é considerado bem menor. Com quatro hectares, a ilha da Sapata é pobre em espécies.
“A motivação da mudança é fruto de um entendimento do Ministério da Defesa com o Ministério do Meio Ambiente, que objetiva congregar os interesses de preservação ambiental e defesa nacional”, diz a Marinha, em nota.
Uma das condições das Forças Armadas é que a ilha da Sapata não seja incluída nos limites do parque.
VISITAÇÃO CONTROLADA
Kelen Leite, chefe da Estação Ecológica Tupinambás, administrada pelo ICMBio, diz que o arquipélago é considerado patrimônio natural do Estado de São Paulo.
Segundo ela, a ideia é permitir a visitação controlada nas ilhas, que evitaria um impacto ambiental.
“Os roteiros ficariam restritos ao mar devido à sensibilidade das ilhas, que têm diversas espécies endêmicas e ameaçadas, além do ninhal. O foco seria o mergulho contemplativo e a contemplação embarcada de aves e cetáceos.”
Uma consulta pública realizada em 2011 serviu de base para o projeto encaminhado ao ministério. O parque seria formado por 160 km2, além do perímetro que compreende a Estação Ecológica de Tupinambás, destinada a pesquisas.
FONTE: Folha de São Paulo – Ricardo Hiar