Por Luiz Padilha
A Operação Sentinela Alerta 2016 é um exercício de adestramento das Organizações Militares de Artilharia do Comando Militar do Leste – CML, coordenado pela Artilharia Divisionária da 1ª Divisão de Exército – AD1, finalizando o ano de Instrução.
As Organizações Militares que participaram foram, o 11º GAC, o 21º GAC, o 31º GAC, o 8º GAC Pqdt, o 4º GAC, o 14º GAC e a Bia C AD1.
São 3 OMs que operam obuseiros 155mm (11GAC, 14GAC, 21GAC) e 3 OMs que operam obuseiros 105mm (31GAC, 8GAC PQDT, 4GAC).
Desde o início de 2016, a AD/1 realiza a experimentação doutrinária do Sistema Gênesis, que é um sistema de direção, planejamento e coordenação de fogos, e neste exercício o sistema foi validado, oferecendo rapidez na obtenção dos elementos de tiro, dando maior precisão de fogo.
Sistema Gênesis da IMBEL
O Sistema Gênesis é um sistema computadorizado de direção e coordenação de tiro Nível Brigada, desenvolvido pela IMBEL – Indústria de Material Bélico do Brasil, com tecnologia brasileira, para substituir os métodos tradicionais, atender assim, as necessidades de Apoio de Fogo das Armas de Infantaria (Morteiros), Cavalaria (Auto-propulsados) e Artilharia (Auto-rebocados).
O sistema é composto por Notebook semi-robustecido, Tablets robustecidos de 8″ e 5″, rádio VHF 30-88 MHz veicular com link Wi-fi. Com esses equipamentos, o sistema proporciona maior precisão e alta velocidade no processamento das missões de tiro, permitindo ao comandante, intervir no combate no momento oportuno, adequando munições e o volume de tiro.
O ponto alto do sistema Gênesis é sua flexibilidade e modularidade, permitindo o rearranjo dos seus módulos em função das necessidades táticas.
Inteiramente em português e contando com interfaces intuitivas, o sistema pode ser considerado uma importante ferramenta de adestramento, seja em campo ou em sala de aula.
A linha de rádios Mallet, integrada pelo Transceptor TRC 1993, desenvolvido pela IMBEL, faz parte do sistema com múltiplas capacidades, e foi testado com sucesso pela primeira vez em campanha.
O Transceptor TRC-1193 é um rádio digital dotado de uma interface de fácil utilização pelo usuário, possui menu totalmente em português, com capacidade de alterações nas configurações através da qual, o usuário pode rapidamente configurar diversos equipamentos em campo, transmitindo os parâmetros de configuração através de um canal de rádio.
O transceptor também pode através da função de chamada seletiva, permitir ao usuário a comunicação criptografada (COMSEC) entre rádios, ou a um grupo de rádios previamente configurados, e ainda utilizar a opção de comunicação por salto em frequência (TRANSEC), permitindo realizar a comunicação entre dois ou mais transceptores, variando automaticamente o canal de comunicação.
Segundo o Cel Cláudio Nossar Paranhos Júnior, que trabalha junto à IMBEL no desenvolvimento do Sistema Gênesis, os soldados envolvidos no exercício, não tiveram nenhum problema de falta de cobertura/comunicação com o rádio da IMBEL. Perguntado sobre a possibilidade do sistema sofrer ‘jamming’ ele informou que o sistema possui bloqueios contra interferência e que isso foi previsto durante seu desenvolvimento.
Apresentando o Gênesis
Com a presença do Gen Ex João Camilo Pires de Campos, Chefe do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEX), do Gen Bda André Luís Novaes Miranda, comandante da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), do Gen Bda Adilson Carlos Katibe, Cmt da Artilharia Divisionária da 1ª Divisão de Exército e oficiais da reserva que serviram na Artilharia, o Sistema Gênesis foi apresentando no encerramento do exercício Sentinela Alerta 2016, no Campo de Instrução da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN).
No vídeo abaixo, oficial do 11º GAC faz uma apresentação clara e objetiva de como o sistema funciona.
Após a apresentação, foi realizado um tiro pela bateria de obuseiros de 155mm, feita pelos oficiais da reserva presentes ao evento.
Na sequência fomos convidados a seguir a bordo de um blindado M113 (versão modernizada) até o ponto de observação (PO), e assim poder conferir o funcionamento do Sistema Gênesis.
Foram realizados diversas missões tiro, como de Regulação e Tiro sobre zona. A medida que os tiros eram disparados, as equipes dos 11º GAC, o 21º GAC, o 31º GAC, o 8º GAC Pqdt, o 4º GAC, o 14º GAC e da Bia C AD1, iam se alternando no alinhamento e passagem de dados através do Sistema Gênesis, e assim saturando a área “inimiga”, destruindo os objetivos encontrados.
Ao fim da demonstração, o Gen Campos agradeceu o empenho de todos os envolvidos e a presença dos oficias da reserva que tiveram a oportunidade de relembrar seus tempos na ativa.
No retorno do PO, embarcamos nos M113 e nos dirigimos a Fazenda da Barragem, “Reduto do Artilheiro” para um almoço de despedida.
Nossos agradecimentos ao Gen Bda Adilson Carlos Katibe, ao Maj Clayton Ricardo Pontes e ao 2º Tenente Carlos Affonso Sartore Salles da AD/1 pelo apoio prestado ao DAN durante a apresentação.
Senhores esta tudo correto muito bem cadenciado respeitando a hierarquia militar mas numa cituação real de guerra eles atacarão as cidades pois o alvo é o povo e não as vacas leiteiras , ovelhas e cavalos do campo e tudo corre rápido, este passe de comandos até o tiro no alvo real é muito lento diante de atacantes ferrenhos , ativos e hiper rápidos sobre as cidades e sobre o povo , mas como organização de ataque e não de defesa esta ótimo este sistema , então para defesa não serve este sistema , apenas para ataque a alvos fixos e inimigos , pois um alvo movel rapido assim jamais será atingido a defesa tem que ver e atirar sem esperar o sinal do ultimo homem do sistema de ordem e sinais e confirmações não existe tempo para isto tudo estando sobre ataque aereo isto é fundamental saber cada sistema tem sua função um para ataque outro sistema mais rapido para defesa anti aérea ou serão exterminados .
Camarada,
Quanto aos drones, tudo é novo.
Precisamos discutir muito ainda, apenas dei minha opinião.
Todas são válidas.
Existe um documento excelente sobre o tema chamado USArmy roadmap for UAS, basta digitar no Google. Sua leitura é muito esclarecedora.
Abraço,
Cap Art Cezar
Continência Capitão!
A explicação sobre o uso do drone pela Artilharia foi esclarecedora.
Prezados
Sugiro a seguinte correção quanto aos sistemas autopropulsados, pois na verdade são de artilharia e não de cavalaria, como está escrito na matéria.
Quanto aos comentários relativos a drones (SARP), esses equipamentos devem operar em favor da Função de Combate Inteligência e levantar alvos dos mais variados, sendo que esses alvos serão retransmitidos para a Célula de Fogos que irá tratá-los e repassar ao elemento que for escolhido para atacar o alvo. Isso é importante porque alvos levantados por drones nem sempre são alvos de interesse da artilharia, eles devem ser analisados antes, o que difere de alvos levantados por radares de trajetória, que são alvos típicos da artilharia na realização de uma contrabateria.
Drones (SARP) de categoria mais baixa poderiam ser operados diretamente pelo próprio observador que já alimentaria manualmente o gênesis sem necessidade de existir alguma interface gênesis-SARP num primeiro momento. Posteriormente, poderia ser desenvolvido um link entre o SARP e o gênesis para que um alvo levantado por telemetria da câmera da aeronave fosse transmitido diretamente para o terminal do observador/operador do SARP, que iria tratar o alvo e remeter ao escalão superior.
Abraços,
Cap Art Cezar
Presados, relativo aos drones concordo plenamente com os senhores; e vou além opções nacionais temos muitas; tais como
Vant Falcão avibrás, Vant Vtol FT200H,Hórus-100,Hórus-200 da Flight tecnologies.
Faltando apenas interesse de nosso MD em optar por um sistema que possa ser operado por um comando conjunto .
Temos que abandonar essa cultura de cada força operar seu próprio sistema, e partimos para o que o mundo caminha a passos largos, adoção de comandos conjuntos para operação de sistemas ( seja comando conjunto de transporte, drones, comunicações etc..).
Outra opção para aquisição de alvos, está no radar Sentir-M20 da Bradar, esse radar pode detectar alvos terrestres , como Veículos, Peças de artilharia, soldados etc..
A 20 km de distância, poderiam encomendar da Bradar uma versão transportada em veículos, sejam eles aéreos ou de reconhecimento; para localização de alvos.
Tendo seus dados transferidos para várias unidades em terra, via comunicações seguras ;ou seja a essência da guerra centrada em redes.
Como meio de transmissão de dados segura, podemos utilizar o RDS ( Rádio Definido por Software), apresentado recentemente ao ministro da defesa pelo Ctex (versão veicular do sistema).
Sendo assim meus caros, opções locais e o mais importante; fabricados e pesquisados por empresas e instituições de pesquisa 100% nacionais existem; basta interesse para adota-las.
O porque de termos equipamentos e sistema de defesa com tecnologias e fabricados 100% ( ou sua maior parte, de sistemas sensíveis )nacionalmente; simples, porque assim temos independência verdadeira de operação do equipamento , liberdade de exportação, sem restrições ao uso e exportação do mesmo.
Vide exemplo da negativa dos E.U.A a venda de caças AMX-T a Venezuela de Hugo Chaves; devido esse caça ter componentes sensíveis fabricados por empresas daquele país.
Sem dúvida é um sistema que auxilia e agiliza o processo de tiro da artilharia do exército, porém o problema é o gargalo dos canhões defasados tecnologicamente (embora mesmo defasados, canhões se funcionam, sempre são úteis…).
Outro aspecto que falta ao sistema, seria a interface do sistema Gênesis com drones atuando na localização e designação de alvos, isto traria mais opções e precisão que somente observadores humanos e encurtaria a cadeia de comandos, agilizando ainda mais o processo.
Um exemplo da cada vez maior da utilização de drones na artilharia (móvel e blindada neste caso), vem da Rússia, onde estão desenvolvendo um sistema drone/tanque, para a Plataforma de Combate Armata, citando:
“Os veículos blindados pertencentes à família “Armata Universal Combat Platform” da Rússia devem ser equipados com drones de reconhecimento, que escanearão dezenas de quilômetros em todas as direções, ajudando a esclarecer a situação e a dirigir armas e foguetes para alvos. Este drone é desenvolvido pelo Instituto de Aviação de Moscou (MAI), como ele não tem bateria on-board, é capaz de permanecer no ar indefinidamente, porque a alimentação é fornecida através de um cabo de amarração flexível do próprio veículo de combate.
O Pterodactyl é um drone leve com uma feito de materiais compósitos, que será conectado ao veículo de combate com um cabo flexível. O UAV vai pairar dentro de um raio de 50-100 metros [55-110 metros] em torno do veículo de combate e subir a uma altura de várias dezenas de metros. A máquina será equipada com radar e uma câmara de imagem térmica.
“O uso de um UAV leve, equipado com uma câmera de imagem térmica e radar, como um sistema de monitoramento externo, parece uma solução lógica para futuros veículos blindados, cuja faixa de tiro excede a faixa visual do equipamento de detecção a bordo”, disse Zheltonozhko à Izvestiya.”
“Por exemplo, a arma principal do Armata pode atingir um alvo a uma distância de 8 quilômetros, enquanto o reconhecimento de um tanque inimigo através do canal de avistamento é limitado a 5 quilômetros. Além disso, graças ao Pterodactyl, a tripulação do tanque pode ver a situação no campo de batalha, enquanto ficar escondido em um abrigo ou atrás de edifícios ou terreno irregular.”
Para complementar o sistema que já é muito satisfatório ( de acordo com a matéria ) um drone ajudaria em muito.
Parabéns a Imbel.
Foxtrot trás uma visão importante com sugestões interessantes. Vejam que quando se quer tudo fazemos.
Ponto Frágil e SensÍvel do Exército ,,,,,CanHões melhores E Defesa Anti Aerêa com misseis…,,,,me ajuda ai
Parabéns à Imbel, particularmente à FMCE, e ao time de desenvolvimento liderado, de forma muito competente e compromissada pelo seu Chefe, Cel QEM Paranhos, incansável no cumprimento das suas missões.
O êxito alcançado é de grande relevância para os sistemas de C4I das FFAA brasileiras, e nos inclue no reduzido número de países que produzem o sistema de apoio de fogo com tecnologia autóctone.
Infelizmente não pude estar presente a esse relevante evento, mas registro a minha presença remota, saudando e vibrando com a capacidade extraordinária dos nossos Engenheiros Militares. Parabéns IMBEL !!!
Gen Ex (R) Sinclair Mayer
Em complemento ao desenvolvimento dos sistema Gênesis, está o co desenvolvimento entre Inbel e Avibrás de um sistema integrado de automatização da artilharia Brasileira.
Acho que a Avibrás deveria aproveitar essa lacuna e partir para desenvolvimento e produção conjunta de peças de artilharia ( canhões); quem sabe como um desdobramento da parceria que será ou seria firmada com a França para produção local do sistema Caesar.
Já que temos ciência das limitações e falta de interesse da Imbel em fabricar esse tipo de material aqui, seria interessante a cobertura desse nicho de mercado por uma empresa de capital majoritário nacional ( como a Avibrás por exemplo).
Uma alternativa seria a participação nacional no programa Argentino denominado Caliv ( canhão de 155mm), essa cooperação poderia ser entre Argentina, Avibrás e Imbel; obrigando assim a Imbel a realmente assumir um papel estratégico para o EB.
Afinal de contas, nossa artilharia está cada vez mais carente de peças novas e moderna , e o programa Caliv Argentino, apesar de não ser o supra sumo da tecnologia; pode assim se tornar havendo recursos e modernizações propostas no projeto; tais como ( cano em Titânio, feio de boca aerodinâmico, absorvedor de recuo, peças em materiais compostos etc..), dando assim mais leveza e resistência ao canhão.
Quem sabe, ao se adquirir o conhecimento necessário, possamos desenvolver uma família de ramas de tubo ( canhões navais, terrestres, aéreos , do tipo Gattling etc..); enorme lacuna e carência na capacidade bélica nacional.
Excelente materia e um show de cobertura ! Parabéns Luiz e a todos do DAN, agora me veio uma duvida os Drones adquiridos pelo Exercito eles vão fazer parte desse sitema ?
Até o momento não.
O M-113 pode até ter a blindagem fraca, mas seu interior modernizado fica bonitão kkkkkkkk
Ótima matéria!!! Mostra que, mesmo com peças de artilharia tão antigas, com um bom sistema de comunicação (link de dado e voz) pode tirar um bom desempenho e precisão. Entretanto é evidente a necessidade de substituição, num futuro próximo, de novos obuseiros. Além de precisão a cadência de tiro se faz importante (achismo).
Até mais!!!