Em resposta às ameaças de Pyongyang, Coreia do Sul e EUA intensificam seus exercícios conjuntos na Ásia.
Ditador norte-coreano afirma que aumentará arsenal nuclear; Japão diz que não permitirá ‘provocação agressiva’.
A Coreia do Sul anunciou ontem que realizará este mês novos exercícios militares em conjunto com os EUA em seu território para comprovar sua capacidade diante de potenciais provocações do regime do Norte.
Horas depois, Washington enviou jatos de combate para a base de Osan, em território sul-coreano, em uma ação vista como uma maneira de deter as provocações da Coreia do Norte.
A decisão de Seul chega dias depois de uma série de ameaças de Pyongyang, que elevou o tom de sua retórica belicista desde janeiro, quando a ONU ampliou as sanções que afetam o país.
Desde então, a Coreia do Norte já declarou inválido o armistício com o Sul; apontou seus mísseis para os EUA; cortou os canais de comunicação com Seul e anunciou que está em “estado de guerra” com o vizinho.
As duas Coreias estão tecnicamente em guerra desde 1950, já que não houve um tratado de paz encerrando a Guerra da Coreia, apenas um armistício, em 1953.
Ontem, o Exército da Coreia do Sul explicou que os novos exercícios com os EUA consistirão em manobras e operações conjuntas para testar suas unidades.
Além disso, os militares afirmaram que convidarão os americanos para participar de “discussões técnicas” para estarem preparados caso haja novas provocações do Norte.
Na quinta passada, Washington enviou dois bombardeiros B-2, que têm capacidade de levar ogivas nucleares, para os exercícios militares que faz com os sul-coreanos desde março -ação considerada pelo Norte como um “ensaio” para uma possível invasão. Atualmente, 10 mil militares sul-coreanos e 3.500 americanos participam das manobras conjuntas.
Jatos de combate F-22 dos EUA chegaram ontem à Coreia do Sul para participar dos exercícios.
MAIS AMEAÇAS
Ontem, o ditador norte-coreano, Kim Jong-un, prometeu a ampliação “quantitativa e qualitativa” do arsenal nuclear do país para se proteger das ameaças dos EUA. O ditador afirmou que irá promover a economia e o desenvolvimento nuclear de maneira “simultânea”.
As declarações foram feitas durante reunião do Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte -a primeira desde setembro de 2010.
Em nota, a agência estatal de notícias da Coreia do Norte afirmou que as armas nucleares são a “vida” do país e um “tesouro nacional” que não podem ser usadas como uma “moeda de troca política” em negociações
Analistas que acompanham a crise na região, no entanto, são céticos em relação a um possível ataque da Coreia do Norte.
Um sinal de que a retórica do país não passaria de blefe seria o caso do complexo industrial de Kaesong, operado em conjunto pelo Norte e pelo Sul. Ontem, apesar das ameaças feitas no sábado por Pyongyang de que o local seria fechado, o complexo permanecia aberto.
“Por enquanto, não houve problemas de funcionamento em Kaesong”, disse um porta-voz do Ministério de Unificação da Coreia do Sul.
O funcionamento da indústria, de extrema importância econômica para a Coreia do Norte, é considerado um indício de que Pyongyang blefa sobre sua disposição de entrar em guerra com Seul.
REAÇÃO JAPONESA
O Japão se manifestou ontem pela primeira vez durante a crise nas Coreias, afirmando que não pode permitir a “provocação agressiva” de Pyongyang.
O governo japonês disse que reforçará sua segurança e intensificará seus laços com os EUA e com a Coreia do Sul.
A reação de Tóquio vem depois de o regime de Kim afirmar em um jornal que as bases militares dos EUA em território japonês também serão alvo, caso um conflito armado seja iniciado.
O jornal norte-coreano “Rodong Sinmun” indica as bases de Miasawa, Yokosuka e Okinawa como suscetíveis a um ataque.
FONTE: Folha de São Paulo