O Goa Shipyard Limited (GSL) e o estaleiro brasileiro INACE – Indústria Naval do Ceará anunciam parceria para a construção de corvetas para a Marinha do Brasil.
Na reta final para a entrega da proposta do GSL para a Marinha, o estaleiro indiano, um dos mais eficientes estaleiros do Ministério da Defesa da Índia (Defence PSU Shipyard), com a capacidade de projetar uma ampla variedade de navios militares, assinou com o estaleiro INACE um memorando de entendimento (MoU – Memorandum of Understanding) no dia 08 de junho de 2018 para que três dos quatro navios de guerra contratados possam ser fabricados na INACE caso o GSL ganhe a concorrência atualmente em andamento. A colaboração entre as duas empresas se desdobrará em múltiplos campos da tecnologia permitindo a Transferência de Tecnologia do parceiro indiano ao brasileiro capacitando-o a dominar novas capacidades no futuro. Essa parceria de longo prazo permitirá a criação de um polo de produção regional abrangendo os mais diversos produtos do GSL.
Na atual concorrência o GSL optou por ofertar à Marinha do Brasil navios que usam o próprio projeto do Centro de Projeto de Navios (CPN) da Marinha, aumentando assim o valor agregado para expansão da engenharia naval brasileira. Antes de se iniciar a construção o projeto da corveta será totalmente revisado para garantir que o projeto atinge os mais altos padrões internacionais além de o mais capaz e seguro para navegar os mares brasileiros e internacionais.
O início de uma cooperação de sucesso no Brasil
A escolha da INACE traz para o grupo encabeçado pelo Goa Shipyard não apenas um capacitado e experiente estaleiro, mas um que é respeitado pela MB devido ao seu importante legado. A INACE se destaca entre os demais estaleiros brasileiros por sua incomparável experiência de 30 anos construindo de navios militares para a Marinha do Brasil e para a exportação, além dos 50 anos de história na indústria naval brasileira. Recentemente foram entregues quatro navios patrulha modernos, mais especificamente dois NPa200 (o Guanabara e o Guarujá) e dois NPa500 (o Macaé e o Macau). Além destes houve também o Navio Hidro-Oceanográfico Rio Branco e os quatro avisos hidrográficos fluviais da classe Rio Tocantins (Rio Tocantins, Rio Xingú, Rio Negro e Rio Solimões). Anteriormente foram construídos na INACE o navio para serviços marítimos e auxiliares Sub Oficial Oliveira e o Barco recolhedor de Torpedos Almirante Hess, além de quatro Embarcações de Viaturas e Material (EDVM) e seis lanchas de patrulha de 60 pés. A INACE também construiu para a Marinha da Namíbia uma unidade do NPa200, batizada de Brendan Simbwaye (P11) e duas lanchas de patrulha de 60 pés. Este negócio foi intermediado e sua construção foi acompanhada pela EMGEPRON em nome da Marinha do Brasil.
A nova parceria é plenamente alinhada com os objetivos do programa ‘Make In India’ do governo indiano. O Presidente do Conselho e Gerente Geral (CMD) do GSL, Contra Almirante Shekhar Mittal, disse: “Dentro da visão do ‘Make In India’ estamos exportando alta tecnologia e know how num momento em que nossas linhas de produção na Índia já se encontram bastante ocupadas. A fabricação de navios pelo GSL no país dos clientes reflete uma tendência cada vez mais evidente no nosso segmento. Estamos trazendo para o INACE e para o Brasil tecnologias no Estado da Arte num modelo de negócio que representa uma expressiva expansão da abrangência para o comercio bilateral futuro dos dois países e das suas indústrias navais.”
“Acredito que a nossa relação com o Brasil será de longo prazo, apenas se iniciando com este contrato das quatro corvetas para a Marinha. Entre tantas outras oportunidades que nos aguardam no futuro percebemos muito claramente modernos navios para guerra de minas, Navios-Patrulha (NPas) de 500t, Navios de Patrulha Oceânico (NaPaOc) de 2500t além da completa linha de simuladores realísticos que desenvolvemos até agora. Fora do segmento militar parece-nos atraente a possibilidade de entrar no segmento dos navios de apoio a plataformas, um segmento já muito bem dominado pelos estaleiros brasileiros. É por oportunidades como estas que vemos o atual acordo entre o Brasil e a Índia tendo o potencial para fluir em ambas as direções,” disse o almirante Mittal.
Compartilhando o tom otimista, Gil Bezerra, fundador e diretor-presidente do estaleiro INACE salienta o potencial dessa oportunidade para o Brasil: “Este é um encontro de especialistas. O GSL é um líder no segmento de navios militares entre 200t e 4000t e nós somos especialistas na construção de navios militares para a MB. A INACE já trabalhou anteriormente com diversos parceiros estrangeiros, em sua maioria americanos e europeus. E por conta disso nos dá gosto ver as grandes semelhanças que existem entre os nossos pontos de vista e o dos nossos parceiros indianos, em especial a maneira como eles compreendem e respeitam a importância que o Brasil atribui a ter sua própria indústria e tecnologia de construção naval”.
Conforme os termos do edital (RFP) publicado pela Marinha em dezembro do ano passado o Estaleiro Goa, além de preços competitivos, trará para o INACE um robusto pacote de transferências de tecnologia (ToT) e de offsets para a MB e para o Arsenal de Marinha além de atender aos expressivos requisitos de conteúdo local estipulados no RFP. Esta concorrência marca a primeira vez em que numa concorrência da MB se exigiu a apresentação de um plano de Apoio Logístico Integrado e de manutenção pelo estaleiro pelos primeiros oito anos de vida operacional dos navios.