Por Guilherme Wiltgen
O Programa Nuclear da Marinha (PMN) quando foi criado em 1979, buscava estabelecer a competência técnica para projetar, construir, operar e manter sistemas de propulsão com reatores do tipo Reator de Água Pressurizada (PWR), e produzir o seu combustível para a propulsão naval. Ele está dividido em dois projetos: o Projeto da Propulsão Naval (PPN) e o Projeto do Ciclo do Combustível Nuclear (PCCN).
A construção do Submarino Convencional de Propulsão Nuclear (SC-PN) está inserida na construção do Núcleo do Poder Naval brasileiro e recebeu esta nova denominação para reduzir a resistência externa, demonstrando de forma clara que o submarino brasileiro não lançará armas nucleares e sim armamentos convencionais (Torpedos e Mísseis).
Atualmente, o SC-PN está na fase de Projeto Detalhado, integralmente feito no Brasil, tendo a previsão do início da construção do casco resistente em meados de 2023, lançamento ao mar em 2031 e a Mostra de Armamento em 2034.
O Programa do SC-PN atingiu as seguintes metas:
- Contratação da construção da Seção de Qualificação (SQ);
- Elaboração dos documentos para obtenção da 1ª Licença Parcial de construção do SC-PN (Cronograma Preliminar da Obra, Relatório Preliminar de Análise de Segurança e Programa de Garantia de Qualidade)
A primeira Licença Parcial será concedida no final de 2021 pela Autoridade Naval de Segurança Nuclear e Qualidade (ANSNQ), organização militar licenciadora e fiscalizadora de sistemas de propulsão nucleares embarcados, a ela cabe integrar a segurança naval da plataforma à segurança da planta nuclear, para seguir a construção do SC-PN. A ANSNQ é subordinada à Diretoria-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha (DGDNTM).
LABGENE
No Centro Experimental de Aramar (CEA), sob a responsabilidade do Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), se encontra em desenvolvimento um das principais partes do PNM, o Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica (LABGENE), que é uma instalação experimental, em terra, de uma planta de propulsão nuclear em escala 1:1 do Submarino Convencional de Propulsão Nuclear (SC-PN), o primeiro submarino de propulsão nuclear da Marinha do Brasil.
A previsão é que o LABGENE vá se tornar crítico, ou seja, já vai estar operando no final de 2024 e início de 2025, sendo validado e comissionado em 2027. Entre este último ano e 2031, toda a tripulação já vai poder ser treinada no Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica.
PROSUB e PNM
O Programa de Desenvolvimento de Submarinos com Propulsão Nuclear (PROSUB) e o Programa Nuclear da Marinha (PNM), são dois programas complementares e de longa duração. Ambos são programas de Estado, por isso possuem uma grande envergadura e elevada complexidade. Eles visam aprimorar o Poder de Dissuasão e Proteção da águas de interesse do Brasil, promovendo dessa forma um aumento da presença mais efetiva no Atlântico Sul e assim agregar valor ao Brasil no conceito das nações.
Cabe ressaltar o impacto proporcionado pelo desenvolvimento e aprimoramento das tecnologias empregadas no SC-PN, vai elevar os níveis da Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil, tendo como resultado a geração de empregos altamente qualificados e tecnologia de ponta, que hoje é dominada por um seleto grupo de países que possuem a capacidade de projetar e construir submarinos nucleares, e que não tem nenhum interesse que o Brasil venha a possuir também. Independente desse fato, a Marinha do Brasil segue seu programa enfrentando todo tipo de interferências, sejam internas ou externas, para alcançar o objetivo de lançar ao mar o “Álvaro Alberto”, o nosso primeiro Submarino Convencional de Propulsão Nuclear.
Que projeto incrível! Tenho o previlégio de dizer que meu professor Alex Brasil faz parte disso, desejo todo sucsso ao projeto. Vocês são capazes.
Independentemente do atraso e das reclamações de muitos, trata-se de um projeto espetacular. É muita tecnologia e dominada por poucos. O uso dual do conhecimento obtido será um diferencial importante também. A MB está de parabéns pela persistência!
+70 anos após as Falklands war vem o primeiro sub-nuke…
Quantos países após esses “+ de 70 anos após as Falklands war” conseguiram produzir um sub nuc? E por conta própria?
“Independente desse fato, a Marinha do Brasil segue seu programa enfrentando todo tipo de interferências, sejam internas ou externas, para alcançar o objetivo de lançar ao mar o “Álvaro Alberto”, o nosso primeiro Submarino Convencional de Propulsão Nuclear.”
Há provas para essas afirmações? O que seriam essas interferências?
Rafael,
O próprio corte de orçamento para o programa já é uma interferência interna…
Com o devido acatamento, discordo frontalmente. Inclusive, acho um desserviço ao público, uma ofensa à inteligência e capacidade de discernimento de seus leitores.
Pode-se discutir ou discordar de políticas e teorias econômicas. Mas há uma crise econômica no país de muitos anos. E há uma pandemia. O Estado brasileiro tem uma quantidade absurda de responsabilidades, muitas, muito mais importantes que o submarino nuclear.
O orçamento é uma obra intelectual de dois poderes: executivo e legislativo. Sobre eles recaem pressões dos mais diversos setores. E os próprios militares escolhem muito bem suas batalhas nas comissões do Congresso Nacional e nas secretarias ligadas ao orçamento. Geralmente, com seus vencimentos e aposentadorias.
E não adianta falar de cortar Judiciário, Legislativo, MP, etc. Não é possível. Reclamar de sonegação também não dará em nada.
Então, Guilherme, isso não justifica. Ou você propõe não pagar o serviço da dívida? Não pagar precatórios? Acabar com isenções tributárias? Emendas parlamentares?
Já pensou se todo setor público usasse da mesma justificativa quando um projeto não caminhasse a contento?
Rafael,
Ninguém é obrigado a concordar com ninguém. Sua visão não está errada, apenas se prendeu a um curto espaço de tempo da pandemia. Os cortes no programa não são de hoje e nem do atual governo.
Ninguém está se propondo cortar nada, não justifique a sua posição
com coisas que não foram ditas.
O programa é de Estado e como tal, precisa caminhar e também ser honrado com seus fornecedores, assim como os demais programas de Estado.
Concordo plenamente, trata-se de um programa de Estado urgente, pois ter suas águas invadidas por barcos pesqueiros de outras nações não é fácil. Devemos ter sim, não somente submarinos, mas também navios de superfície pra defesa de nosso mar.
Por falar em muitos anos Rafael, a própria Crise da Lagosta na década de 60 já demonstrava as fragilidades das Forças Armadas pela precariedade que os navios empregados estavam. Independente de crise de saúde esses problemas orçamentários são, usando um trocadilho com saúde, crônicos! Para não dizer partidários: dinheiro para construir estádios tinha, mas para desenvolver o Prosuper não! Cinco navios patrulha de 2000t, cinco fragatas e um navio de apoio logístico foram menos importantes do que essas estruturas obsoletas. Ou seja, o problema não é dinheiro mas sim como o administra. Dinheiro é parte da solução e não a solução em si. Basta ter dinheiro e os problemas simplesmente desaparecem. Não é assim!
Uma dessas responsabilidades do Estado Brasileiro que você se refere é defender o que chamamos de soberania nacional, e a complexa capacidade de construir submarinos, ainda que convencional, alerta para um eventual inimigo que aqui ele não encontrará terreno fértil para seus objetivos. O simples fato dele saber que temos esse poderoso arsenal já é uma dissuasão para a defesa da soberania que o Estado tem a obrigação de zelar. Você fala do submarino nuclear como se referisse a um objeto banal. Recentemente os Estados Unidos entraram em acordo com os australianos com a participação dos britânicos para a construção de, quem diria!, submarino nuclear para a Austrália! Quer maior demonstração da importância de um submarino nuclear do que essa? Nisso, portanto, entra o fator geopolítico onde ter a posse desse tipo de submarino acarreta mais respeito nas tomadas de decisões do inimigo pelo grau de letalidade que esses submarinos representam. E nem estou falando dos Grumecs ainda! Se você entendesse a importância que é ter soberania nacional entenderia a importância de um submarino nuclear, ainda mais para o tamanho do território brasileiro. Ou você acha que o Brasil acaba na praia?
De que adianta o Estado Brasileiro ter reponsabilidades se não tem meios que atendam essas responsabilidades? Responsabilidade é abstrato, teórico; submarino nuclear é prática, ação efetiva. É justamente por sermos um país tão burocrático que na hora de mostrar do que somos capazes temos problemas. A FAB tem a responsabilidade de defender o espaço aéreo e cadê os aviões estratégicos, por exemplo, para cobrir todo o território? Cadê as baterias antiaéreas de longo alcance? De que adianta terem essa responsabilidade se não tem a capacidade prática de cumpri-lo?
Para você ter uma ideia do peso estratégico de um submarino nuclear Rafael, se perdermos a soberania nacional nossas mulheres correm o risco de virarem espólio de guerra para o inimigo como aconteceu com as mulheres alemães, onde mais de 15 mil foram estupradas por soldados russos no fim da Segunda Guerra. Tem até um video e documentário de uma jovem alemã aparecendo ferida para uma câmera com o olho inchado e desolada. Perceba a gravidade da situação para a mulher brasileira: se não bastasse para o inimigo conquistar um território desse tamanho, de bônus ainda tem a mulher brasileira a sua inteira disposição. E um submarino nuclear em nosso poder evitaria isso.
E aí meu caro, tem a capacidade de discernir tudo isso também?
Meu Jesus, escreveu tanto, para não escrever nada.
Pior, além de não escrever coisa com coisa, foi desonesto. Estádio de copa, mulheres alemãs, Grumec, Austrália, etc. Incapaz de concatenar um raciocínio lógico. E essa insistência com o Grumec…
Como você é tão provido de discernimento, apresente provas das sabotagens ao programa nuclear brasileiro. E também soluções factíveis para a questão orçamentária. Ilumine a todos, patriota!
Boaa Rafael!
Concordo em tudo. Regozijo-me com sua argumentação honesta e pertinente. Triste visualizar textos e atitudes de pessoas com raciocinio raso e que insistem no ERRO. Acham que falar e escrever dificil sobre um monte de assunto desconexo sustenta suas besteira.
PARABENS novamente e que venham mais texto como o seu…
Ótimas notícias. Só espero que mudem esse nome ridículo de Submarino Convencional de Propulsão Nuclear, que se exploda as pressões externas, o nome é Submarino Nuclear de Ataque.
Pois é, ridículo mesmo, sem falar que é um oxímoro. O nome é “submarino nuclear de ataque”, mas nossos militares são uns frouxos, então essa nomenclatura estúpida não mudará.
Finalmente Luís, achei quem entendesse a importância de usar o nome adequado para uma categoria de submarino. Valeu!
Caracas, é grande, tem gente dentro.
Agora eu consegui ter uma dimensão do tamanho.
Vai Servir para treinar as tripulações dos outros 5 Submarinos Nucleares, a previsão é a MB construir 6 unidades, todas as tripulações irão treinar em terra e somente depois ir para o Mar… O LABGENE é um submarino em terra que veio para ficar e ajudar a qualificar os submarinistas dos futuros Submarinos Nucleares, sem o LABGENE não seria possível criar doutrinas de operação para os Submarinos Nucleares… Pelo menos os conhecimentos básicos.
Acorda, meu camarada. Você acha mesmo que o Brasil terá dinheiro e/ou vontade política para operar 6 submarinos nucleares? Isso é o mesmo que achar que o Brasil vai lançar um homem ao espaço algum dia. Nunca vai acontecer.
Esse submarino só sairá do papel porque é um fetiche do almirantado, mas a chance de outros serem construídos é zero. O Álvaro Alberto passará a maior parte do tempo encostado na base e todo o conhecimento adquirido será perdido. Esqueça a possibilidade de frota de submarinos nucleares na MB, isso é para países sérios.
Sua síndrome de vira-lata, repleta de energia negativa, não acrescentou nada a essa matéria.
Você faria melhor se escrevesse um livro de profecias datando o fim dessa nação e seu povo, que você deve considerar um bando de idiotas. Seguramente não teve competência para passar no dificílimo concurso da Escola Naval e agora fica praguejando asneiras contra nossa Marinha. O Brasil não é um ser imutável e, felizmente, não depende de fracassados como você.
Excelente resposta , contra este tipo de Vira latas somente assim mesmo , deveriam calar a boca e se mudar pro paraíso terrestre deles , alem de não ajudarem só servem para passar vergonha e tá cheio destes mesmo ! Parabéns
Realmente esse ufanismo de vocês não se esgota, não é?
O cronograma da MB era entregar o submarino nuclear ao setor operacional no início desta década, até hoje ele ainda não saiu do papel.
O PROSUPER inicialmente planejava construir 5 fragatas de 6 mil toneladas, 4 navios-patrulha de 1,8 tonelada e um navio de apoio de 22 mil toneladas. Hoje o PROSUPER se resume à construção de 4 corvetas de 3,7 toneladas.
Esses são os fatos. Agora pode voltar ao seu sonho onde a MB constrói e opera 6 submarinos nucleares.
Meu caro, ninguém tem bola de cristal, mas a melhor forma de saber o que acontecerá no futuro é observando o passado. Há mais de 500 anos esse país negligencia a defesa, desinvestimentos, cortes no orçamento, péssimo planejamento dos projetos estratégicos. Então se você, por conta de algum ufanismo sem fundamento, prefere acreditar que isso magicamente mudará da noite para o dia e que o Brasil será capaz de construir e operar uma frota de submarinos nucleares, mesmo ele não conseguindo nem ao menos operar uma frota de submarinos convencionais em sua plenitude, então isso é problema seu. Eu prefiro ser realista e pragmático. Ou talvez você apenas acredite que o nosso orçamento comporte a operação de uma frota de submarinos nucleares por puro desconhecimento.
E só para a sua informação, o plano inicial da “nossa” MB era que o submarino fosse entregue ao setor operacional já no início dessa década.
Sim, é plenamente possível que a MB construa e opere 6 submarinos nucleares.(sarcasmo)
Allan quem diria que hoje em Outubro de 2021 a Austrália teria o seu AUKUS (o PROSUB Australiano) , o mundo muda , e o Brasil ao apostar em 8 programas estratégicos jogou pelo seguro ( PROSUB + FCT “Fragatas MEKO A100-BR” + KC390 MILLENNIUM + F-39 E/F GRIPEN NG + GUARANI 6X6 + SGDC 1/2 + MANSUP + AVMTC 300) , esse programas devem ter verbas , independentemente da situação económica e social do Brasil , são programas de estado , e devem ser viabilizados de forma a tornar as nossas Forças Armadas mais coesas e modernas.
O LABGENE é a certeza de que teremos independência tecnológica de levar o PROSUB adiante, o projeto prevê 21 submarinos sendo 6 SCPN + 15 SBR , todos construídos no Brasil , e a medida que o projeto avançar proporcionalmente aumenta o índice de nacionalização dos componentes importados.
Caro Filipe. O seu primeiro erro é comparar a Austrália, país desenvolvido que leva a sua defesa a sério, com o Brasil, país desenvolvido que sempre negligenciou a sua defesa.
O seu segundo erro é acreditar em projetos das forças armadas. O Prosuper previa a construção de 5 fragatas de 6 mil toneladas, um navio de apoio de 22 mil toneladas e e quatro navios-patrulha de 1,8 mil tonelada. Hoje o Prosuper se resume à quatro corvetas de 3,7 toneladas.
Então vou repetir, faça um favor a se mesmo e pare de se iludir com esses planos da MB. A chance do Brasil construir e operar uma frota de 6 submarinos nucleares é zero. Aliás, a chance da MB construir e operar uma frota de 15 submarinos convencionais é zero. O nosso orçamento não permite isso e não há vontade política para tal. De novo, pare de se iludir, viva no mundo real, não no da fantasia onde o Brasil é um país sério com uma frota de 21 submarinos. Chance zero de acontecer.
Allan, o PROSUPER na verdade foi suspenso ainda no governo Dilma. A classe Tamandaré na verdade é algo para se manter o mínimo necessário à força de superfície.
Nos meus quase 30 anos de acompanhante do tema defesa já li de tudo, papel aceita, e pouca coisa avançou. Só para citar alguns: conjunto de lançadores especiais Cruzeiro do Sul, fabricação de armazenamento inteligente entre bombas e mísseis de diversos tipos, modernização de blindados, blindados, modernização do AMX e etc. Lembrando ainda que todos estes programas eram considerados de suma importância…
Nada mais me surpreende e aprendi a não criar falsas espectativas
Pois é. O pessoal vive no mundo da fantasia onde o Brasil é um país sério que se importa com a defesa e a soberania. Preferem se afundar em um ufanismo cego do que acordar para a realidade. Alguém que acredita realmente que o Brasil vai construir e operar uma frota de 21 submarinos, sendo 6 nucleares, ou está louco de pedra ou ainda não conhece o país que vive.
Apenas uma correção…o AUKUS não é o PROSUB australiano, pelo simples fato de que os EUA e RU não vão transferir tecnologia da propulsão nuclear. Vão receber e operar caixa preta.
Eu acredito que será até o submarino nuclear brasileiro estiver no mar o Brasil ganhará muito com o desenvolvimento para todos os setores
Ao final do programa, esse reator experimental em terra terá alguma nova finalidade como geração de energia ou será desligado?
Vai servir de laboratório para outros projetos. Segundo a própria MB, esse reator será modificado para abastecer cidades remotas, etc.
Com 100 LaBGene o Brasil produziria 50.000 MW, teria Escala de produção para exportação e tiraria do isolamento mais de 300 municípios com mais de 15 mil habitantes.