Por Daniel Rittner
O Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), executado pela Marinha desde 2008, entra em uma nova e decisiva etapa neste ano. Dois submarinos convencionais da classe Riachuelo, com propulsão diesel-elétrica, já foram entregues. E outros dois equipamentos, em fase adiantada de execução, devem ser lançados ao mar até o fim de 2026.
A Marinha negocia agora, com o grupo francês Naval Group, um novo contrato para a construção do primeiro submarino brasileiro com propulsão nuclear. As negociações têm caminhado bem e a assinatura deve ocorrer neste ano, mas a disponibilidade de recursos orçamentários preocupa a Marinha.
O orçamento para o programa de submarinos como um todo, além da construção de um reator nuclear multipropósito em Iperó (SP), se estabilizou em um patamar de R$ 2 bilhões anuais, pouco mais ou pouco menos.
No começo do programa, quando o Brasil viveu um auge de crescimento econômico, chegou a ter quase R$ 4 bilhões por ano. Depois, durante a recessão de 2015/2016, houve uma queda para cerca de R$ 1,5 bilhão. Em seguida, veio a estabilização.
Em 2024, o investimento foi de R$ 2 bilhões. Para 2025, o projeto de lei orçamentária (PLOA), recém-aprovado pelo Congresso Nacional e à espera de sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), previa R$ 2,1 bilhões.
Conforme relatos feitos à CNN por oficiais da Marinha, apesar da cifra elevada, esse valor seria insuficiente para manter o cronograma de lançamento ao mar do submarino em 2034 ou 2035. Caso o fluxo de investimentos anuais seja mantido no patamar atual, o plano provavelmente passaria para o fim da próxima década, mais perto de 2040. Manter o cronograma de 2034 ou 2035 demandaria, segundo almirantes ouvidos pela CNN, um aporte adicional de pelo menos R$ 1 bilhão por ano.
Mas essa não é a única ameaça orçamentária aos programas da Marinha. A força naval desativará 43 embarcações, cerca de 40% de sua frota até 2028, quando elas chegam ao fim da vida útil. Por enquanto, faltam garantias de reposição.
O comandante da Marinha, Marcos Olsen, tem sido um dos maiores defensores da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que estabelece um piso de 2% do PIB para o orçamento das Forças Armadas.
O ministro da Defesa, José Múcio, já colocou o piso de 1,5% da receita corrente líquida como alternativa. Mesmo assim, o projeto está parado no Senado.
Submarinos convencionais
Um dos principais programas estratégicos de defesa, o Prosub envolve o desenvolvimento do submarino nuclear e a construção de quatro submarinos com propulsão diesel-elétrica:
- Riachuelo (S40), incorporado à frota em 2022
- Humaitá (S41), lançado em 2024
- Tonelero (S42), com entrega em outubro ou novembro de 2025
- Almirante Karam (S43), antigo Angostura, previsto para o fim de 2026
Essa nova frota busca aumentar o poder dissuasório do Brasil na Amazônia Azul, área marítima de 3,5 milhões de quilômetros quadrados por onde passa 95% do comércio exterior brasileiro e é produzido mais de 90% do petróleo nacional, além de riquezas biológicas e minerais.
A Marinha avalia, no entanto, que a grande joia do Prosub é a construção do submarino convencionalmente armado com propulsão nuclear, batizado como Almirante Álvaro Alberto.
Esse submarino representará um incremento sem precedentes do poder naval brasileiro. Apenas seis países do mundo têm hoje um equipamento com propulsão nuclear (o que permite ficar submerso por períodos bem mais longos): Estados Unidos, Reino Unido, Rússia, França, China e Índia.
Nova fase
Na avaliação da Marinha, a primeira fase do Prosub envolvia a criação do Complexo Naval de Itaguaí (RJ) e a infraestrutura necessária para o programa. A segunda fase abrangia a entrega dos quatro submarinos da classe Riachuelo.
Agora, inicia-se a terceira etapa, que é a obtenção definitiva do equipamento nuclear. O estaleiro será o mesmo, mas a infraestrutura precisará receber adaptações nos cais e diques, por exemplo, para atender aos requisitos de um reator atômico a ser instalado dentro do futuro submarino.
É o passo mais complexo e sensível de todo o programa, e haverá a necessidade de um novo contrato bilionário de construção com o Naval Group e com a Novonor (ex-Odebrecht), responsável pelas obras de infraestrutura.
Além do contrato, o governo brasileiro precisa de um entendimento com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) sobre os procedimentos especiais de salvaguardas, que abrange a fiscalização das instalações em Itaguaí e em Iperó (SP).
O Itamaraty já entregou uma proposta à agência para organizar futuras inspeções. O Brasil tem interesse em deixar claro, à comunidade internacional, que o submarino não carregará armamentos nucleares em nenhuma hipótese.

Em Iperó, município na região de Sorocaba (SP), localizam-se o Laboratório de Enriquecimento Isotópico (LEI) e o Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica (Labgene).
O LEI é onde se desenvolve a tecnologia de enriquecimento de urânio para a produção do combustível usado no submarino nuclear. O Labgene é um protótipo em terra, em escala real, dos sistemas de propulsão que serão instalados no futuro submarino. Ele permite simular, com segurança, a operação do reator e dos diversos sistemas elétricos, mecânicos e de controle antes de serem alocados na embarcação.
A intenção da Marinha é deixar o reator em Iperó plenamente operacional em 2027 (ou, no máximo, 2028). No mesmo ano, teriam início as obras da parte nuclear no complexo em Itaguaí.
FONTE: CNN Brasil
Existe um pequeno problema POLÍTICO, o presidente Lula foi quem finalmente impulsionou o Programa Nuclear da Marinha e sempre apoiou razoavelmente a Força nos seus dois primeiros mandatos…
Entretanto a postura da MB no geral na tentativa de golpe de Estado Bolsonarista e em particular o forte apoio do Almirante Garnier à Intentona Bolsonara, inclusive disponibilizando forças blindadas em Brasília, torna a negociação atual do Almirante Olsen (aliás chegado colega de turma de Garnier) com o governo atual muito frágil. Como de resto as demais forças colocadas fora das prioridades imediatas.
Não há muita disposição política para facilitar a vida da Marinha neste momento em Brasília por culpa dos próprios líderes do Almirantado da MB que apostaram no lado ERRADO…
Esta é a REALIDADE da situação atual…
Você está querendo dizer que o governo e Marinha estão colocando a soberania do país de lado para trocarem farpas entre eles? Mais um motivo para o impedimento desse governo! O trabalho do governo é zelar pela segurança do país.
1 bi por ano, Faria Lima vai dar chiliques!!!
Como disse o Galvão Bueno “E.. acabou…”
A marinha de mais de 70.000 de efetivo fazendo o que melhor sabe fazer. Torrar dinheiro com devaneios.
Alguma duvida que o prograna vai chafurdar?
Um país como o Brasil que passou por 2 Grandes Guerras, tem um território tanto imenso como estratégico, grande biodiversidade e capacidade de produção de alimento não apenas para suprimento interno, tem a maior cidade e maior país da América Latina (incluindo a Plataforma Continental) e muitos outros atributos passa geração pós geração estagnado em investimentos para suas forças armadas (e nem estou me referindo ainda em cortes orçamentários). Mesmo diante de crises internacionais graves como a que estamos passando o governo (legislativo e executivo) insiste em manter esse status quo indiferente com a soberania nacional. Já em relação ao atual presidente qual é a desculpa? Crise de saúde mundial não tem! Excesso de ministérios também prejudica o custo do Estado.
Sempre achei que um dos 7 contratos do Prosub já contemplava a construção do submarino nuclear. Quando o autor chama o submarino de “equipamento” não se sabe se ele está se referindo ao submarino ou ao reator, então certas palavras atrapalham um pouco o raciocínio do que se está informando. Mas essa atitude da mídia em geral não é surpresa.
Agora é ver no que vai dar e depois te falo.
Ehhh quem mandou o governo atrazzar os pagamentos agora o juros da conta bateu. Como que o brasileiro vai ter responsabilidade financeira se nem o governo da exemplo
Boa tarde Padilha esse contrato entre emgepron e ICN o que pode sair?
Obrigado
Abs
Almirante Karim ??? Desde quando o nome do angostura (s43) foi alterado ? E isso não faz o menor sentido, eles não deveriam ser nomeados com base em batalhas navais históricas?
desde de que ele morreu em Setembro de 2024
Data máxima vênia ao falecido almirante, mas não faz sentido nomear o Angostura com seu nome. Que se nomeie alguma das Tamandaré que essas sim são nomeadas com base de nomes de oficiais consagrados em nossa história
https://www.defesaaereanaval.com.br/naval/marinha-renomeia-de-alte-karam-quarto-submarino-da-classe-riachuelo
Prezado, acho que nomearam o submarina ex Angostura pelo fato do Almirante Karam sido submarinista e cmte da Flotilha de submarinos .
A MB vai sacrificar toda a Esquadra por causa dessa sanha de submarino nuclear, algo que é visivelmente incompatível com o nosso orçamento. Mais uma vez: isso é um escárnio com o dinheiro do contribuínte.
Reveja seus conceitos caro Douglas. Somos a 10ª economia do mundo (2025 – https://blog.toroinvestimentos.com.br/alta-renda/maiores-economias-do-mundo/) estando – curiosamente – imediatamente a frente da Rússia! – uma potência militar – detentora de cruzador nuclear e SSBN entre outras armas bem caras, a frente de Israel, Coreia do Sul, Arábia Saudita (rica em petróleo), Suécia, Irlanda e Bélgica só para citar alguns nomes de peso abaixo de nossa economia. Escárnio é essa situação crônica de uma classe política que vive em um mundo paralelo negligenciando um setor delicado que é a soberania nacional.
Segundo o texto, o ministro da defesa está pelejando só1,5 do pib (de 2 trilhões de dólares!!) para as Forças Armadas -sendo que nem toda essa soma vai para investimento, o comandante da Marinha tenta uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que estabelece um piso de 2% e você diz que o orçamento é incompatível. O problema, Douglas, não é verba e sim quem controla essa verba: o problema é o GOVERNO!! Aí você culpa a Marinha livrando o governo da responsabilidade, na próxima eleição esse mesmo governo volta a exercer o controle dessas mesma contas e a culpa dessa situação das migalhas para as Forças já sabemos de quem é, a Marinha. Você está de brincadeira!
Somos a décima economia do mundo com 80% do orçamento de defesa destinado a custos com pessoal. Me diga então como um submarino nuclear é compatível com isso.
Pela milésima vez ENTENDA, esta proporção de pagamentos a inativos e pensões se deve a INCLUSÃO destes custos no Orçamento de Defesa Ativa.
SEMPRE foi usado no Brasil esta falácia orçamentária para MASCARAR o que quão pouco o país gasta em DEFESA DE VERDADE.
Esta conta é altíssima mas deveria ser contabilizada nos gastos GERAIS com os servidores públicos CIVIS, e sim ela é bem alta porque o Brasil é um país gigantesco e ao contrário dos IDIOTAS do Estado Mínimo temos que ter MUITOS servidores públicos CIVIS E MILITARES.
Retire esta despesa e o Orçamento Militar Brasileiro fica NU!!!
E caras como você vivem propagando esta ladainha SEM SENTIDO REAL!!!
É só você olhar a situação da Rússia que mesmo sendo inferior ao nosso pib tem SSBN, muito mais caro do que um SSN. Perceba que eles tem submarinos mais caros do o que estamos tentando construir, tem SSNs e ainda são imediatamente inferiores ao nosso status econômico. Temos uma paridade econômica com eles. Isso porque estamos tratando apenas de submarinos! Não falei do satélite que eles precisam para orientar o míssil balístico, helicópteros, caças, cruzador nuclear etc. Como eles podem ter um arsenal dessa importância e nós não chegamos nem perto de tal poderio mesmo estando a frente deles? Essa conta não está fechando.
Ou seja, o problema não é financeiro e sim administrativo. É necessário uma reforma ainda mais na atual conjuntura mundial onde se fala até de arsenal nuclear por parte do governo francês. Enquanto isso nosso governo segue deitado em “berço esplêndido” só esperando a próxima mamada. O problema é o governo Douglas! Ineficiente, irresponsável, indiferente com o que possa acontecer com o Brasil, prova disso é a lenta substituição das fragatas do qual estamos totalmente atrasados. Talvez você queira isentar o governo dessa responsabilidade, e quando digo governo me refiro não só o atual mas todos os antecessores e o Congresso. Em nenhum momento vejo você falar deles. Um país como o Brasil que enfrentou Duas Grandes Guerras não aprendeu ainda que nosso passado nos condena e você vem com esse argumento de compatibilidade! Olha o tamanho de nossa costa e da Plataforma Continental, Douglas, vê se essa dimensão toda pode ser patrulhada apenas por submarinos diesel, isso que é incompatível! A FAB controla o espaço aéreo mas abaixo da superfície do oceano quem reina é o submarino.
Continuo a disposição para tratarmos do assunto. Saudações!