Incluído no Novo PAC do Governo Federal, PRONAPA leva o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro a retomar processos construtivos com retornos significativos em diversas áreas.
Por Primeiro-Tenente (RM2-T) Cecília Paes Ribeiro
Em todo o mundo, a indústria naval tem papel estratégico. Para uma nação com mais de 7 mil km de fronteira oceânica, como o Brasil, ela é fundamental no aproveitamento do seu potencial marítimo, garantindo significativa parcela da integração e eficiência econômica do País, envolvendo atividades como transporte e apoio marítimo, geração de energia, extrativismo mineral e pesca industrial, além de questões de Defesa. Sua principal impulsionadora, a construção naval, passa por um processo de retomada, após um longo período de oscilação, resultante de crises financeiras e percepções geopolíticas alheias à importância do mar.
Nesse contexto, o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ), além de prosseguir atendendo às demandas de manutenção de meios navais da Marinha do Brasil (MB) e, eventualmente, disponibilizar parte de suas facilidades para embarcações de uso comercial, retomou, nos últimos anos, suas atividades de construção, após a decisão da MB de resgatar a construção de Navios-Patrulha de 500 toneladas. Foi assim que, em 2022, o Navio-Patrulha (NPa) “Maracanã”, concluído no AMRJ, foi incorporado à Marinha e hoje patrulha as águas de responsabilidade do Comando do 8° Distrito Naval, abrangendo os estados de São Paulo e Paraná.
“A Marinha entendeu que o AMRJ teria capacidade de dar continuidade a esse processo construtivo e, posteriormente, das outras embarcações da classe. Com o ‘Maracanã’ conseguimos a oportunidade de voltar a construir”, diz o Gerente de Construção de Embarcações Acima de 200 toneladas do Arsenal, Capitão-Tenente (Engenheiro Naval – EN) Pietro Giorgio de Albuquerque Pereira.
“A curva de conhecimento foi muito acentuada, porque resgatamos o conhecimento de construção naval com os profissionais que temos e que já estão aqui há muito tempo e participaram da obtenção de diversos outros meios navais”, explica.
É o caso do Encarregado da Divisão de Máquinas e Redes da Superintendência de Construção Naval, César Fernando Cascardo de Niemeyer, que completou, em fevereiro, 41 anos de trabalho no AMRJ. Com formação em Engenharia Mecânica, o Engenheiro de Tecnologia Militar Niemeyer conta que foi contratado, inicialmente, para o reparo dos submarinos Classe “Oberon”. “Foi um trabalho árduo porque, na ocasião, eu trabalhava na oficina de máquinas e era o responsável por todos os equipamentos mecânicos do navio”, afirma. Ele conta que trabalhou em diversos outros navios que passaram pelo AMRJ, tanto na construção quanto na manutenção.
“Trabalhei no Navio de Transporte de Tropas ‘Ary Parreiras’, no Navio Oceanográfico ‘Almirante Câmara’, no reparo do Dique Afonso Pena, mas também na construção da Corveta ‘Inhaúma’, projeto de navio de guerra totalmente feito no Brasil, e das Corvetas ‘Jaceguai’ e ‘Barroso’, além dos Navios-Patrulha ‘Grajaú’ e ‘Guaíba’, e de tantos outros meios”, relembra, ressaltando que “recentemente, começamos com o projeto dos Navios-Patrulha de 500 toneladas.
Começamos com o NPa ‘Maracanã’, que já foi entregue ao setor operativo e está operando em Santos [SP], e agora estamos trabalhando na construção do NPa ‘Mangaratiba’, em fase de edificação do casco”. A prontificação do “Mangaratiba”, por ser o segundo navio da classe em construção no AMRJ, representa a chance de reaplicar e rever diversos serviços empregados no “Maracanã”, além de empregar novas ferramentas, possibilitando melhorias no processo construtivo.
“Uma das inovações do ‘Mangaratiba’ é o detalhamento em 3D. Nós estamos desenvolvendo este projeto, que é algo que não tínhamos no ‘Maracanã’, que minimiza interferências e nos permite pensar na manutenção e na condução do navio como um todo”, explica o Superintendente de Construção Naval do AMRJ, Capitão de Fragata (EN) Leonardo Assá Gallego Soares. “O Arsenal é um estaleiro secular. Essa retomada da construção nos permite desenvolver novas técnicas e acompanhar as melhorias. Ver o navio saindo do zero e sendo lançado, 100% concebido aqui, é um desafio para a nova geração e um grande ganho para a Marinha do Brasil”, conclui.
PRONAPA
A construção dos Navios-Patrulha mantém ativa a linha de produção, servindo como estímulo aos tripulantes do Arsenal e, principalmente, à economia local, uma vez que é responsável por um arrasto tecnológico que envolve mais de uma dezena de empresas parceiras e a geração de mais de 600 empregos diretos e indiretos. Com previsão de lançamento ao mar para o segundo semestre de 2025, os avanços na construção do NPa “Mangaratiba” se devem à recente inclusão do Programa de Obtenção de Navios-Patrulha (PRONAPA) no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que garantiu investimentos no processo construtivo e na infraestrutura de oficinas especializadas do AMRJ.
O PRONAPA prevê, ainda em 2024, o início da construção do quinto navio da classe, terceiro do Programa, o NPa “Miramar”, que será integralmente construído no Arsenal de Marinha, agregando avanços de engenharia, fruto da experiência adquirida com os dois navios anteriores. “O ‘Miramar’ será mais uma embarcação totalmente construída aqui. Vamos aplicar o conhecimento adquirido com os outros dois para um projeto cada vez melhor, uma construção cada vez mais contínua e com mais qualidade”, afirma o Capitão-Tenente (EN) Pietro.
O Programa de Obtenção de Navios-Patrulha é mais um exemplo que confirma a pertinência de ações como a Proposta de Emenda à Constituição nº 55/23, que tramita no Congresso Nacional. Também conhecida como “PEC da Defesa”, a iniciativa preconiza a previsibilidade e o incremento gradual do orçamento – até o percentual de 2% do PIB – para ações e serviços de Defesa Nacional, com foco em projetos estratégicos e na priorização da indústria brasileira.
Com longo prazo de maturação, os projetos do setor, além de beneficiarem a soberania e os interesses nacionais, proporcionam expansão da Base Industrial de Defesa, gerando desenvolvimento, cadeias produtivas, empregos e distribuição de renda de elevado valor agregado.
AMRJ
Mais antigo estaleiro nacional em atividade, o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro completou, em dezembro de 2023, 260 anos de uma história que se confunde com a construção naval no Brasil e, também, com a construção naval militar. Desde a primeira embarcação encomendada junto ao então Arsenal do Rio de Janeiro, a Nau “São Sebastião”, lançada ao mar em 1767, mais de 140 navios e embarcações foram construídos em suas bicentenárias instalações.
FONTE: CCSM
Boa noite Padilha o Npa 500BR terá sua construção iniciada esse ano?
O AMRJ seu construtor ?
Obrigado
Abs
Mesmo sendo apenas um navio patrulha, espero que tenham incluído no projeto uma plataforma para operação de drones.
só não entendo essa inclinação das janelas do Miramar para “trás”, as inclinações deveriam ser para a frente, do jeito que está isso minimiza espaço interno do passadiço, e trás algumas outras consequencias.
É bom estarem construindo navios…
Penso q os militares da marinha, deveriam fazer visitas, parcerias, trocas de conhecimentos e experiências com outras marinhas q fabricam navios do grupo brics e até de outras nações principalmente na forma como utilizam as tecnologias de projetos e até de construções, sei q muitos não transferem mas o pouco q aprender nas visitas e nas trocas de ideias e conhecimentos são muito válido. A Embaer por exemplo utiliza sofisticados softwares nos projetos e construções de aviões, e ao trocar ideias e conhecimentos poderiam fazer uma dicotomia, ou um bem bolado e utilizar esta expertise p projetar e construir navios novos com “tecnologia tupiniquim”…
Na guerra da Rússia Ucrania, as tecnologias e mentalidades empregadas, fazem mudar ou adaptar conceitos novos como defesa e ataque, e p mim todos projetos novos de embarcações de guerra tem q ser no máximo de furtividade e de múltiplas funções, com heliporto, capaz de transportar e disparam todos tipos de mísseis e equipamentos avançados de guerra, e no tempo de paz a nau fica “semi pelada”, e em caso de conflito ou guerra a embarcação é equipada ao máximo p ganhar eficiência e desempenho.
Se a marinha construir uma embarcação e a sucessora da classe for mais avançada q a anterior e evoluindo de uma p outra na sucessão, acredito q a marinha deu ou dara um grande salto…
O Brasil tem matéria prima em minérios, estaleiros, profissionais…, agora é só unir o útil ao agradável….
Está é a minha opinião e sugestão.
Abraço
Belíssimo texto!
É inconcebível, um país continental como o nosso, com este extenso litoral, não termos ainda uma Marinha condizente com a nossa importância e o tamanho das nossas riquezas!
Nenhuma Nação se fez grande, enquanto porência, sem uma Marinha expressiva, forte e capaz! A História prova isso!
O Governo Federal deve fazer investimentos constantes na criação, produção e disponibilização de meios para a nossa Marinha! Gera empregos, tecnologia, poder dissuasório e receitas com possíveis vendas para o exterior!
Acorda Brasil!
Bonito o Miramar.
Senhores, a legenda da imagem diz que o NPa Miramar será “será construído a partir de um projeto totalmente novo (NPa 500BR)”, enquanto no texto diz ser o “quinto navio da classe, terceiro do Programa”. Não entendi se ele será da classe Macaé ou o novo projeto.
Lucas, o que sobrou do Miramar o pessoal do AMRJ disse que iria concluí-lo, mas o estado de degradação é alto e o NPa 500BR está no PAC.
Como o texto não é meu, eu mantenho o que coloquei na legenda. O NPa 500BR resolve uma série de problemas de projeto da classe Macaé.
Ou seja, o nome Miramar pode seguir para o novo modelo e concluir 5 Navios Patrulha.
È dificil acreditar que o estado de degradação seja tão alto assim, acredito que com um bom tratamento se recupere ou toda ou boa parte das estruturas já fabricadas, lembro que era entre 10% a 15% do total, acredito que a maior diferença entre os 2 projetos é que o 500BR é um projeto, e como tal demandará muito tempo de desenvolvimento, projeto piloto, etc.. dada a situação atual da força de patrulha terminar o Miramar permitiria a incorporação mais rápida de um novo meio a MB, se iniciada apos a entrega do Mangaratiba, por volta de 2027/28 . já o 500BR deve ter um tempo maior de desenvolvimento, produção etc.. acredito que para além de 2029.
Jairo, o espólio do Miramar está lá no AMRJ. Coisa de 1 ano atrás me disseram após avaliação ele seria concluído, porém, recentemente me disseram que não vão levar adiante. Veja que o NPa 500BR entrou no PAC,e como o mesmo já passou por testes na Noruega para avaliar sua condição marinheira, e o fato de acertar os o que não agrada no projeto da classe Macaé, acredito que o Miramar venha a ser o NPa 500BR da EMGEPRON.
Como na Marinha as vezes a proa muda, posso estar errado, mas é o que eu acredito.
PT é o unico governo – desde Pedro II – q investe na Industria Naval. A primeira coisa q fizeram após o impeachment (golpe) foi cancelar a construção dos navios sonda da petrobras.
Até aqui em proselitismo político??
A gente vê o ” investimento” o nivel que é…atrasos orçamentos estourados e por ai vai.
As Tamandaré foram assinadas e comecaram ser construidas no governo de quem? E o Atlântico? Quem comprou?
Refere se aqueles dp escândalo do petrolão? Superfaturados e com pixuleco?
Excelente. Que se construam todos os navios propostos no programa.
Estou muito feliz com os frutos que começamos colher com os procedimentos digitais e projetos em 3D, como o dos submarinos, alavancado com o projeto das fragatas “Tamandaré” entre outros projetos recentes, e que criaram a Engepron, e culminandio em trazer o centenário Arsenal da Marinha para o século XXI, haja vista a expertise acumulada entre a contrução do navio-patrulha “Maracanã” e o procedimento utilizado no “Mangaratíba”. Parabéns.