O primeiro submarino brasileiro com propulsão nuclear deve ficar pronto em 2023, de acordo com almirante de esquadra Gilberto Max Roffé Hirschfeld, coordenador-geral do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub, criado em 2008, a partir de um acordo de cooperação e transferência de tecnologia entre o Brasil e a França.
Hirschfeld deu a informação durante audiência pública nesta quinta-feira (13), na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE). O debate foi sugerido e coordenado pelo presidente do colegiado, senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES).
Além do submarino nuclear, o programa sob a responsabilidade da Marinha do Brasil prevê ainda a construção de quatro submarinos de propulsão convencional (diesel-elétricos). Serão ainda construídos uma base naval e um estaleiro, em Itaguaí, no Rio de janeiro.
O almirante defendeu a necessidade de o país desenvolver e manter um forte sistema de defesa. Ao justificar, ele disse que o país é foco de “ambições”, em razão de suas riquezas naturais e capacidades. Diante das incertezas sobre o que acontecerá no mundo em médio e longo prazo, Max Hirschfeld observou que o Brasil precisa estar preparado, com uma Força Armada potente.
— Não para entrar em guerra, ao contrário, mas exatamente para ter o poder de dissuasão — observou o almirante.
De acordo com ele, um submarino de propulsão nuclear é ideal, já que é considerada a arma de maior poder de dissuasão que existe. Entre outras vantagens, o almirante destacou o poder de deslocamento e a capacidade de se manterem submersos de forma prolongada. Isso ocorre porque são capazes de gerar oxigênio, dispensando subidas regulares à superfície. Graças a essa característica, eles seriam menos detectáveis, ficando mais protegidos contra ataques inimigos.
Com o Prosub, disse ainda o coordenador do programa, o Brasil ganha capacidade não apenas para construir, mas também projetar submarinos convencionais e nucleares. Ele explicou que o acordo com o governo francês assegura a transferência de toda a tecnologia necessária para esse ganho de autonomia.
— Projetar é a palavra chave. Até agora vínhamos construindo apenas submarino de superfície, mas nunca projetamos — observou.
O almirante fez questão de esclarecer, contudo, que o país já domina todo o ciclo tecnológico para a construção do reator de propulsão nuclear a ser utilizado no projeto, de responsabilidade da estatal Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A (Nuclep), que está sendo desenvolvido em São Paulo. A França entra com a parte de “interface” para aplicação no submarino e seu projeto, além das tecnologias de operação e manutenção do equipamento.
Respeitabilidade
A partir dessa conquista, previu o almirante, o país será visto com muito mais respeitabilidade no cenário internacional. Ele acredita que, como parte do seleto grupo de nações com capacidade de projetar e construir esses equipamentos uma das contribuições será reforçar o poder de garantir o antigo pleito do Brasil por um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.
O almirante Max Hirschfeld observou, contudo, que o alcance do Prosub vai muito além da questão de defesa. Ele explicou que o programa — com custo estimado em cerca de R$ 21 bilhões, em todas as suas etapas — tem amplo potencial para irradiar conhecimentos e capacitação em favor dos centros de pesquisa, das universidades e da indústria brasileira.
Para que os ganhos sejam permanentes, porém, ele observou que o país não pode se acomodar após a construção dos submarinos já projetados. Se isso acontecer, conforme explicou, os conhecimentos se perderão.
— Não podemos parar de fazer, não temos o direito de perder um programa dessa envergadura — apelou.
Sobre os investimentos projetados pelo Prosub no orçamento federal para 2014, de quase R$ 2,5 bilhões, ele disse que ficaram um pouco aquém do necessário. Porém, disse estar seguro de o governo não deixará de fazer as complementações necessárias.
Empregos
Ricardo Ferraço confirmou a importância estratégica do programa, tendo em vista os ganhos para o desenvolvimento científico-tecnológico e o fortalecimento da indústria. Ele observou que a indústria de defesa é um setor que multiplica conhecimento e gera renda, emprego e desenvolvimento como poucos, sendo responsável por parcela importante do PIB em países desenvolvidos.
O presidente da CRE também registrou que, no auge de sua capacidade, o Prosub deverá gerar 9 mil empregos diretos e outros 32 mil indiretos. Por tudo isso, observou, os investimentos são totalmente justificáveis, mesmo “num país que não é assombrado pelo fantasma da guerra, em que falta dinheiro para áreas essenciais”. Ainda para o senador, o desenvolver um submarino não é só “uma questão de prestígio internacional”.
— Um submarino nuclear vai nos dar, com certeza, retaguarda e poder de dissuasão em águas profundas. Vai nos permitir, também, disputar em melhores condições um assento no Conselho de Segurança da ONU — avaliou Ferraço.
Parceria
Em resposta a questão feita por um telespectador, encaminhada por meio do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), o almirante reforçou esclarecimento dado anteriormente, sobre a escolha da França, como parceiro do Brasil. Segundo ele, apenas esse país e a Rússia dispunham à época de tecnologia para construção de submarino com propulsão nuclear (hoje o time integra a China, os Estados Unidos e a Inglaterra). Porém, apenas a França aceitou o compromisso de transferir a tecnologia.
Também rebateu a afirmação de que o Chile e a Índia, por meio de acordo com a Alemanha, tivessem conseguido acesso à mesma tecnologia, em bases econômicas mais vantajosas. Ele assegurou que, nos dois casos, foram contratos totalmente diferentes, sem abrangência do acordo brasileiro em termos de tecnologia. Além disso, observou que a Alemanha, ainda que domine a tecnologia, nunca construiu um submarino do tipo.
O almirante também contestou o comentário de que a construção da nova base naval em Itaguaí era dispensável, já que as operações com os submarinos poderiam ser feitas no arsenal da Marinha na capital fluminense.
Ele assegurou que esse arsenal não comportaria tais operações, inclusive pela reduzida profundidade das águas. Apontou ainda a inconveniência de operar equipamento com propulsão nuclear junto a uma grande metrópole.
Max abordou na audiência os cuidados ambientais e as ações de responsabilidade associadas ao projeto em Itaguaí. Em março do ano passado, a presidente Dilma Rousseff inaugurou uma unidade de fabricação de estrutura metálica que integra o programa, onde serão construídas peças de alta resistência para os submarinos.
O secretário-geral do Ministério da Defesa, Ari Matos Cardoso, também participou da audiência. Ao reconhecer a necessidade de mais recursos para o setor, ele ressaltou os esforços do atual governo. Ele observou que de 2003 até 2007, “antes da aprovação da Estratégia Nacional de Defesa, as necessidades do setor foram atendidas em 35% do que foi solicitado”. No período de 2008 a 2013, no entanto, esse percentual foi aumentado para 65% evidenciando, de acordo com Ari Matos, o empenho do governo para aumentar os investimentos em projetos como o Prosub.
FONTE : defesa.gov.br
Minha colocação arroz com feijoa era se o projeto vai ser totalmente brasileiro por isso eu falei arroz com feijão é indispensável em nossa comida. Eu li anos atras que a MB queria basear esse submarino na classe LOS ANGELES americano
Não dá. A classe Los Angeles foi projetada nos anos 70 e construída nos 80 para as ameaças da Guerra Fria e já é totalmente ultrapassada!
Lembro -me da data da entrega da V34 – Barroso, o que encerrou uma temporada de 14 anos para construir, mesmo que ainda fosse uma derivação da classe V30 – Inhaúma, melhorada.
Na década de 80, estava programada a construção da classe Inhaúma que eram planejados em 16 navios e ficaram somente em 4…
Lembro do G40 Atlântico Sul que nunca foi convertido em um grande navio logístico…
Lembro de Itatinga que seria o G29 Gastão Motta , que nunca foi convertido em navio logístico também…
Planejar é uma coisa, construir e entregar é outra bem diferente…
Marcelo, isso tudo o que citou é verdade, porém, são fatos ocorridos em outra época, com outra gestão de governo, com outra visão sobre Defesa.
Atualmente, os projetos são de ESTADO, e não mais sendo tocados por vontade apenas das Forças.
Em suma, a realidade atual é outra e devagar estamos caminhando para patamares que antes seriam inimagináveis.
Mas é preciso ter calma, pois a independência não cai do céu. Ela precisa ser CONQUISTADA e isso leva tempo.
Aguarde e CONFIE!
Ta aí uma mudança. O Projeto é do PAC, e só pode ter verbas cortadas se o congresso votar e decidir assim. Por mim o FX2 e o Prosuper seguiriam o mesmo caminho.
Faltou citar o Tapuia, as outras Vosper que eu lembrei agora. E é exatamente isto. Falou tudo….
E eu ainda adicionaria:
Planejar é uma coisa, construir, entregar e operar é outra bem diferente…
Não acredito que a minha geração chegue a ver um Brasil organizado. O tempo passa e vejam aí a organização da Copa. Todas as obras atrasadas, Curitiba não será mais cidade sede (nem o estádio ficou pronto), aeroportos precários, portos caríssimos, navios de cruzeiro serão usados como hotéis, porque nem temos rede hoteleira descente….. e por aí vai….
Torço para que tudo dê certo, mas continuarei expressando a minha descrença.
Para projetar esse submarino a MB vai tomar como base o projeto do dos Barracudas franceses que vai ser a nova classe de submarinos nucleares ou o nosso vai ser somente um arroz com feijão.
Amigo, arroz com feijão num projeto desta magnitude? Vc só pode estar de brincadeira, não é?
Vou acreditar que sim. Aqui no site temos artigos sobre o Prosub onde fica de forma clara e cristalina tudo o que irá acontecer.
O Barracuda é um projeto francês e a MB não vai se basear em um projeto francês. Entenda que o nosso submarino nuclear será um projeto brasileiro.
Os franceses nos auxiliam apenas no que diz respeito as nossas dificuldades e não nos dando ou indicando projeto deles, até porque isso nenhum país faz, portanto, sugiro a leitura em nossa página de artigos, sobre o Prosub e a entrevista com o Alte Alan. Tenho certeza de que suas duvidas serão sanadas.
Abs
O almirante deixou bem clara a sua preocupação com a continuidade do programa. “Não podemos parar de fazer, não temos o direito de perder um programa dessa envergadura”. E é exatamente aí que eu também me preocupo.
Já que compramos a tecnologia e pagamos caro por isso, temos que aproveita-la. Temos que garantir a continuidade do progema e a construção de submarinos adicionais. Já comentei isto aqui algumas vezes. Já a partir de 2017/2018 (daqui 3/4 anos) teremos capacidade ociosa neste novíssimo estaleiro que construimos, bastando para isto, que o cronograma não sofra atrasos.
Já deveríamos estar discutindo a contratação de submarinos adicionais e seu cronograma de entrega, visando o inicio de sua construção em 4/5 anos e a substituição dos Classe Tupi daqui a 10 anos. Se o planejamento for cuidadoso, teremos sempre subamrinos em construção, mesmo que o ritmo seja menor, mantendo empregos, evoluindo nosso conhecimento e desenvolvendo a tecnologia comprada.
É triste dizer, mas aqui é o Brasil e planejamento, organização e execução não são nossos fortes.
O almirante alertar sobre sobre suas preocupações com a continuidade do programa, numa audiência pública é sinal de que também devemos nos preocupar. Geralmente os militares não externam suas preocupçaões, ou insatisfações, por motivos óbvios. Quando isto acontece, devemos ficar atentos, pois ele deve estar sabendo muito mais do que falou.
Se até a continuidade do programa de submarinos está em risco, oque dizer destes sonhos de termos Porta Aviões? Falta tanta coisa e o pouco que se consegue, nem sabemos se terá continuidade…..
OBS: Eu sou contra este programa de construção de subamrinos nucleares da Marinha. Pelo preço gasto, poderíamos comprar, de prateleira, 13 submarinos IKL com AIP novinhos. Porém já que decidimos fazer e já que estamos fazendo, que se dê continuidade. Não podemos perder a tecnologia comprada novamente como oque ocorreu na década de 80/90.
Zoran vc se esqueceu dos 5 nucleares.
Serão 15 diesels e 5 nucleares. Os contratos vão sendo assinados passo a passo.
Veja o caso do Seahawk. De 2 em 2 forma- se o esquadrão.
Tomara que vc esteja certo. Não me esqueci do que foi planejado. Mas planejar e fazer são coisas diferentes.
Em 4/5 anos, saberemos que este plano de construir mais submarinos se tornará realidade. Torço para que vc esteja certo.
Zoran, temos um histórico de submarinos oriundos de cinco países: Itália, EUA, RU, Alemanha e agora França. Um dos objetivos do PROSUB é justamente nos capacitarmos a construir nosso próprio meio naval. Isso é independência.
A compra de equipamentos militares passa por uma estratégia. Se comprarmos 13 submarinos sem um projeto que os justifique, será um gasto público e perderemos mais tempo. Se a marinha quer construir 15 submarinos diesel e 6 nucleares, é por que cada modalidade tem uma função específica. Por exemplo, o exército esta adquirindo os Gepard para serem usados como proteção aos Leopard e antiaérea de baixa altura. Já o Pantsir será empregado como sistema antiaéreo de média altura, além da transferência de tecnologia para não sermos dependentes em operações dessa natureza. Assim como no FX2.
Enfim, esses projetos existem para nos capacitarmos e não continuarmos como meros clientes.
Discordo dessa idéia de já pensarmos agora em submarinos pós prosub já que temos que pensar nas escoltas, porta-aviões, apoio logístico e unidades de própositos múltiplos que precisam ser substituídas/adquiridas. O prosub precisa ser concluído para avaliar onde erramos e onde acertamos para aí sim pensarmos e novos submarinos. Em outras palavras temos que extrair o melhor desse projeto antes de começarmos um novo.
Perfeito André.
Precisamos sim pensar no “pós prosub”. Estamos comprando tecnologia exatamente para isto!! Temos que ter sempre submarinos em construção. Senão seria melhor e mais barato a compra dos submarinos de prateleira.
E no caso das escoltas, o raciocínio é o mesmo. Se for comprar tecnologia tem que usa-la, tem que desenvolve-la. Pagar o dobro do preço, só para cativar a opnião pública e não construirmos mais nada?
Estão planejados 15 diesels e 5 nucleares. Planejar é uma coisa, fazer é outra completamente diferente. Apesar de alguns acreditarem que as coisas estão mudando, eu sinceramente não acredito. O passado nos condena.
Cindo? Não eram seis?
5 nucleares? O que aconteceu? Não eram 6? A previsão não era de 6 submarinos com propulsão nuclear?
Negativo. Será o que está na materia.
Comprar realmente sai muito mais barato. Veja o FX2. Onde que comprar 36 aviões gripen sairia mais que 2,5bi? 36 F18EF sai mais que 3,6Bi? Queremos é tecnologia, e estamos adiquirindo, por isso pagamos mais caro. Só comprar consiguiríamos muitos desses com os recursos do ProSub…
Porque insistem em chamar o submarino diesel de diesel-elétrico, sendo que a finalidade de outras categorias também é produzir eletricidade (e nem por isso tem o nome composto “elétrico”) ? Chamar submarino de propulsão nuclear então é absurdo. Submarino atômico então parece uma catástrofe. Submarino diesel soa bem. Sei que já comentei isso aqui antes e porque os atômicos são chamados dessa maneira. Mas é justamente aí que está o problema, é preconceituoso. Cria essa idéia de sempre justificar o objetivo desse tipo de energia.
Esqueçam a Alemanha! PERDEU, já era! Alguém fala para esse político que a fase de concorrência do prosub foi concluída. Parece que esse projeto foi idealizado para beneficiar esse europeu e não o Brasil. Não vou nem comentar a questão da base.
A Marinha já conseguiu uma solução ou alternativa para as baterias dos submarinos?