Por Almir Garnier Santos
Em praticamente todas as áreas da atividade humana, grandes profissionais têm sempre uma ou mais referências de personalidades de destaque, que os inspiram e sinalizam o caminho a seguir em suas jornadas rumo ao sucesso e à realização pessoal. A inspiração é uma das mais nobres molas da ação humana, que nos brinda com o entusiasmo e a energia que nos impulsionam a agir com correção e determinação, permitindo-nos superar dificuldades e realizar grandes feitos.
A Marinha do Brasil possui atribuições de grande responsabilidade e se incumbe de tarefas complexas, exigentes e arriscadas que, na maioria das vezes, demandam grande esforço dos abnegados patriotas que as desempenham. Ao exaltar os sucessos, sacrifícios, bons atributos e o comportamento exemplar de seu pessoal, a Marinha busca ser uma instituição meritocrática e fornecer, aos homens e mulheres que a integram, fontes de inspiração perante o chamamento do dever.
Muitos são os exemplos de personalidades navais que se enquadram nesse intento, sendo a maior delas a do “Velho Marinheiro”, Joaquim Marques Lisboa, o Almirante Tamandaré, cuja memória reverenciamos a cada dia 13 de dezembro, sua data natalícia, consagrada, no Brasil, como o Dia do Marinheiro. Tendo, aos 15 anos de idade, se apresentado como voluntário para servir à recém-criada Esquadra, incumbida de combater as forças lusitanas que se opunham à independência do Brasil, o Almirante Tamandaré atuou com destacado denodo em alguns dos mais importantes episódios do decisivo século 19, no qual nosso país se consolidou como a grande nação que é.
Careço de espaço para narrar aqui os abundantes e digníssimos feitos, atitudes e atos de heroísmo do “Velho Marinheiro”, mas afianço que, ao se debruçar sobre a sua biografia, qualquer um se convencerá da justeza de ser Tamandaré o patrono da invicta Marinha do Brasil, o mais forte lampejo a iluminar nosso proceder. Acredito que, ao termos como propósito a contínua construção de uma Marinha que esteja à altura dos exemplos do seu patrono, estamos dando grande contribuição ao Brasil, oferecendo-lhe uma força naval capaz de defender seus vitais interesses no mar e em suas águas interiores, provendo-lhe a segurança necessária para o seu desenvolvimento.
A inspiração é uma das mais nobres molas da ação humana, que nos brinda com o entusiasmo e a energia que nos impulsionam a agir com correção e determinação.
Destaque-se que 95% do nosso comércio exterior se dá por via marítima e 97% das nossas comunicações com o mundo são feitas por cabos submarinos. Da nossa Amazônia Azul são extraídos mais de 95% do petróleo, 80% do gás natural e 45% do pescado produzidos no país. Além disso, nesse mar que nos pertence, a biodiversidade e outros recursos minerais marinhos representam auspiciosa reserva econômica estratégica para as atuais e as futuras gerações de brasileiros.
Por isso, seguimos de forma obstinada com o preparo do nosso poder naval, conduzindo ousados projetos, tais quais a construção de submarinos com propulsão nuclear; investindo em pesquisa e desenvolvimento tecnológico; e procedendo a modernização e a manutenção do aprestamento de nossos meios operativos e da capacitação do nosso pessoal. Nesse aspecto, é importante registrar a imensa contribuição ao país dada pelos projetos estratégicos do setor de defesa. A Base Industrial de Defesa e Segurança será responsável, em 2021, por exportações da ordem de US$ 2 bilhões e pela geração de 2,9 milhões de empregos de qualidade para os brasileiros. Mas não paramos aí. Na busca permanente pela excelência na gestão, aprimoramos processos, a fim de racionalizarmos ao máximo a alocação dos recursos de que dispomos. O sistema para otimização do orçamento, que implementamos em 2021, nos trouxe uma economia de cerca de 15%. Em termos práticos, economizamos R$ 150 milhões a cada bilhão de investimento, o que nos possibilita fazer mais com aquilo de que já dispomos.
Protegendo as nossas riquezas, empregamos nossas forças navais em benefício do país, operando em conjunto com as demais Forças Armadas, e também com agências nacionais e internacionais, no enfrentamento a crimes ambientais e transfronteiriços, a exemplo da Operação Verde Brasil 2, voltada ao combate a ilícitos ambientais e a focos de incêndio na Amazônia Legal e que teve como expressivo resultado a apreensão de 506 mil metros cúbicos de madeira, 2.131 embarcações, 990 veículos e tratores, 751 quilos de drogas e 123.565 armas e munições, além da extinção de mais de 16 mil focos de incêndio.
De igual forma, apoiamos a nossa política externa, atuando sobretudo em nosso entorno estratégico, como no incentivo à Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul; ou participando de operações em prol da segurança marítima em regiões que demandam atenção, a exemplo do irmão continente africano.
Cuidando da nossa gente, agimos em prol da preservação da vida, da saúde e do bem-estar dos brasileiros, como na promoção da segurança da navegação e da salvaguarda da vida humana, fiscalizando embarcações, provendo os navegantes com informações seguras e conduzindo operações de busca e salvamento no mar e em águas interiores. Em 2021, a nossa Marinha participou de cerca de 277 operações de busca e salvamento (SAR) em mares, rios e lagos, tendo resgatado com vida 675 pessoas. A área SAR brasileira totaliza uma imensidão de mais de 14 milhões de km².
Com igual afinco, dedicamo-nos a levar assistência médica e odontológica a comunidades ribeirinhas isoladas na região amazônica e no Pantanal, por meio dos nossos “Navios da Esperança”. Somente neste ano foram mais de 13 mil atendimentos médicos e odontológicos prestados a brasileiros que muitas vezes encontram na Marinha o único meio de acesso aos serviços oferecidos pelo Estado. Também prosseguimos na tarefa de ajudar o país a enfrentar a Covid-19, atuando simultaneamente em várias frentes, como no transporte de oxigênio e fornecimento de respiradores para as regiões mais afetadas ou no apoio ao Plano Nacional de Imunização, operando postos de vacinação e transportando vacinas e agentes de saúde em nossas embarcações e aeronaves.
Mas nenhuma dessas, e tantas outras, realizações seria possível sem o nosso pessoal, que é o nosso maior patrimônio. Daí a nossa incessante busca por melhores condições de vida e trabalho para todos os integrantes da Marinha e pela meritocracia em nossas fileiras. Foi esse o propósito da aprovação da Lei 13.954, que reestruturou aspectos da remuneração dos nossos militares, no intuito de valorizar aqueles que mais se dedicam ao serviço e que investem no estudo e no crescimento profissional.
No próximo ano, nossa invicta Marinha completará 200 anos, junto com o Brasil Independente, cuja grandeza e integridade foram garantidas por nossos antepassados, a exemplo do Almirante Tamandaré. Certamente, os méritos do nosso patrono continuarão a nos inspirar e incentivar, em nossa labuta diária, em prol desta instituição tão admirada pelos brasileiros e que pertence a cada cidadão que confia e tem orgulho da sua Marinha. Guiados por Tamandaré, continuaremos sentindo a satisfação do trabalho bem-feito e da missão bem cumprida; na certeza de que fazemos história, ao contribuirmos diuturnamente para a construção de uma Marinha a cada dia melhor e mais capaz, amada e respeitada pelos brasileiros.
Tudo pela Pátria! Viva a minha, a sua, a nossa Marinha do Brasil!
Almir Garnier Santos é almirante de esquadra e comandante da Marinha do Brasil.
FONTE: Gazeta do Povo
Precisamos sim de Pessoas que deram praticamente a sua jovialidade, sua saúde em prol da Pátria e consequentemente aos seus patrícios. Poderíamos citar Tamandaré, Caxias, Osório, Porto Alegre, Argolo (um injustiçado pelos criadores dos patronos no EB), Barroso, Irmã Dulce, Henrique Dias, Frei Caneca, Jeronimo de Albuquerque, Acotirene…enfim vários, todos eles abnegados pela causa comum: sua Liberdade, justiça e dever para om os outros irmãos…uma vida de sacrifícios, isso sim dignifica a pessoa e a torna HERÓI para as gerações que realmente sabem o real significado da palavra…
Esplêndidos os comentários acima (Francisco e Fernando).
Heróis do passado deixaram ensinamentos e dignidade.
Bem, irei falar por mim mas, se eu necessitar de um herói hoje, é pelo motivo de estar sentindo-me oprimido, fraco e impotente. Como não tenho meios, quero que alguém faça algo por mim. E quem o fizer, seria o meu “herói”.
Mas, acredito que tenho competência (apesar da idade) para discernir, analisar e atuar, quando necessário, na defesa da verdadeira liberdade e respeito recíproco. Custe o que custar.
Desculpem a sinceridade mas, parece que hoje, aqueles que detêm (não todos) os maiores cargos militares (tanto na ativa quanto na reserva) de nossas forças, preocupam-se mais com seu bem estar social e suas doutrinas ultrapassadas do que com a nossa sociedade como um todo. Aos olhos dos atentos, estão criando uma “casta”.
Respeito nosso passado e todos aqueles que nele viveram. Existiram momentos em que façanhas foram documentadas e o protagonista virou “herói”. Mas existiram, existem e sempre existirão passagens com façanhas não documentadas de outros heróis que sempre serão anônimos.
Talvez, um verdadeiro novo Herói militar hoje, seja aquele que lute para que os alto oficiais tenham os mesmos direitos e deveres da sociedade civil. Meu pensamento…
Um abraço a todos. Um Feliz Natal e um excelente novo ano!
Desculpem, mas não precisamos de heróis… Precisamos, desesperadamente, de brasileiros. Gente do tipo R2D2 (Respeito e Responsabilidade, Direito e Dever) e dê importância aos pares. Para a esquerda, o Lula é herói, para a direita, Bolsonaro é herói. E não é só o Brasil que está assim.
Concordo com suas palavras.
É isso, mesmo, precisamos de pessoas que não entrem no módulo defesa ou ataque e sim transcendam, percebam a dinâmica da sociedade e coloquem em prática ensinamentos mais universalistas e não tão dogmáticos.
Boas ideias existem tanto a esquerda, bem como centro ou direita.
É uma questão de humildade e respeito ao ser humano.
Ué, temos vários.
Jesus, Buda, Confúcio, Mahatma Gandhi, São Francisco de Assis, Irmã Dulce, entre outros que eu poderia citar.
Esses heróis, não criados pelas circunstâncias políticas terrenas. Mas, heróis do eterno, que nos ensinaram que somos todos irmãos e este negócio de nação, país, etnia, religião, política, divisão social, não existe.
É criação de uma elite que nos divide a milênios.
Somos feitos do mesmo átomo, plasma, e vemos da mesma fonte.
Por que, a divisão?
Jesus, Buda, Confúcio, Mahatma Gandhi, São Francisco de Assis, Irmã Dulce, entre outros, são exemplos de grandeza, humildade, respeito, universalidade, etc.
Bem, vamos agora ao nosso caro Tamandaré.
Não vejo ele como herói, mas, como um soldado que fez muito bem o seu trabalho, arriscando sua vida.
Se os senhores entendem que ser herói, é isto. Então, ele é herói!
Senão, parabéns, os senhores já são evoluídos o suficiente para perceber o que nos divide neste mundo.
Fernando, uma hora você fala de Jesus e outra diz que religião não existe sendo que o próprio Jesus fundou uma Igreja na rocha chamada Pedro. Em outras palavras Jesus não é só um nome existe um conteúdo Nele que é Sua doutrina (a dita Igreja por exemplo). Essa ideia de elite está muito associada a visão política, onde nunca é definido claramente os membros dessa tal elite.
A minha ideia de heroísmo está ligada a sacrifício ou risco de vida em relação a outro e nesse aspecto sempre lembro-me dos heróis da FEB. Eles deram uma resposta a Hitler pelos naufrágios de nossos navios que ele causou mesmo com o sacrifícios de suas vidas. Então os soldados da FEB se incluem nesse “entre outros” que você cita.