Após ter retirado o caça Rafale do concurso público lançado pela Bélgica, que deseja substituir seus aviões de combate F-16, a França realizou uma manobra audaciosa propondo à Bélgica… os Rafale.
Em março do ano passado, a Bélgica anunciou que planeja adquirir 34 aviões de combate para substituir, no período entre 2023 e 2028, os 54 aviões de combate F-16 norte-americanos envelhecidos e iniciou o concurso público respectivo.
Os cinco pretendentes eram a empresa Dassault Aviation francesa (Rafale), a BAE Systems britânica (Typhoon), a Saab sueca (Gripen), a Boeing (F-18) e a Lockheed Martin (F-35). Entretanto, a Saab, a Boeing e a Dassault Aviation se retiraram.
De acordo com o diário L’Opinion, Paris chegou à conclusão que este concurso público tinha sido organizado de maneira a “privilegiar o F-35 norte-americano” e retirou o Rafale da competição.
Mas a França não está disposta a perder. O ministro da Defesa francês Florence Parly propôs ao Ministério da Defesa belga “uma parceria estruturada que pode assumir a forma de um acordo intergovernamental, incluir o fornecimento do avião de combate Rafale, mas também uma cooperação aprofundada entre nossas forças aéreas no domínio operacional, de treinamento e de apoio, bem como uma cooperação industrial e técnica envolvendo as empresas dos dois países”, indica o comunicado do ministério francês.
Um concurso tendencioso?
Para Alexandre Vautravers, analista do Centro para Política de Segurança de Genebra, a decisão sobre a compra de um avião de combate não se baseia só nas características do aparelho, mas é uma verdadeira escolha política.
“De fato se trata de uma aquisição que vai criar uma cooperação militar, estratégica, política por anos, décadas […] os critérios são realmente de ordem estratégica e política”, sublinha o analista.
A França, entretanto, tem argumentos para convencer a Bélgica. O Rafale já demonstrou sua total interoperabilidade com sistemas da OTAN em operações de combate. E os custos de aquisição e utilização são menores do que os do F-35 norte-americano.
“Na Bélgica não há unanimidade ou entusiasmo pelos F-35. O Ministério da Defesa belga tinha repetidamente comunicado que a substituição do F-16 é o primeiro objetivo, que o F-35 é um avião demasiadamente caro, que eles tentam encontrar outros tipos de aviões mais confiáveis e convenientes no sentido econômico e financeiro”, acrescentou o analista à Sputnik França.
Pressão exterior
De acordo com Vautravers, a chegada de um novo governo na Bélgica explica essa escolha estratégica do país. A Bélgica enfrenta a pressão da comunidade internacional. Muitos países, segundo informa ele, tinham comprado F-35 norte-americanos. O preço deste avião não devia exceder 30 milhões de dólares, mas agora o preço é de 150 a 160 milhões de dólares. Ele acrescentou que “muitos países que há 10 anos apostaram em F-35, agora não os podem pagar”.
Por exemplo, a Holanda percebeu este fato e desistiu desta compra. “Países como Holanda, Itália ou Grã-Bretanha estão influenciando o governo belga para que adquira os F-35 que eles mesmos não podem comprar”, sublinhou Alexandre Vautravers.
De acordo com o analista, os EUA possuem um verdadeiro poder sobre os países europeus devido à supremacia do seu complexo militar-industrial. Por isso, finaliza Vautravers, a dependência dos EUA na Europa não é nova.
FONTE: L’Opinion via Sputnik
O penúltimo parágrafo do texto não condiz com a realidade, pois Itália e Grã-Bretanha adquiriram o F-35, ao contrário do que diz o texto. E a Holanda também, salvo engano. Mas o texto é completamente tendencioso. O que pode até ser considerado normal, visto ser um texto francês e, pelo que se percebe, quer defender o produto francês.
A decisão não é só técnica, na verdade a decisão é muito mais política do que técnica… sendo assim EUA tem muito mais “bala na agulha” do que a França para oferecer contrapartidas comerciais (offsets) entre outras permutas financeiras o que faz com que a preferencia acabe sim sendo do modelo americano
Antes de mais nada não vale dizer que trata-se de Sputnice pois a agência russa apenas e tão somente reproduziu texto de noticioso ao que tudo indica de língua francesa……..
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No mais, ao que tudo indica de tanto negociar com brasileiros e indianos parece que os franceses se acostumaram a fazer um por fora. O fato é que o governo belga lançou um RFI/RFP para que os fabricantes que desejassem fornecer caças à sua força aérea apresentassem suas propostas. É assim que funcionam em todo o mundo os procedimentos licitatórios. Ainda assim, e em um lance moralmente duvidoso, os franceses fazem um movimento no intuito de serem contratados sem se submeter às condições estabelecidas pelo governo belga. Em república bananeiras como o Brasil ou cleptocracias como a Índia isso pode até funcionar mas dificilmente vai colar em um país civilizado como a Bélgica.
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Por fim a verdade é que os fatos não favorecem o Rafale frente ao F-35. Ele custa quase o mesmo que o caça da LM (que está se tornando mais barato que o aparelho gaulês) mas está uma geração atrás e não entrega as mesmas capacidades posto que além de não ser furtivo não possui itens como o EOTS e o DAS. Ademais não tem FMS. E cabe lembrar que os alemães pendendo cada vez mais para o caça norte-americano.
A meu ver o Macron ainda não percebeu que o país dele (assim como a Europa) são o quintal dos EUA e ainda tenta competir com os americanos…