BRASÍLIA, DF.
Em 11 de junho de 2021.
ORDEM DO DIA Nº 4/2021
Assunto: 156º Aniversário da Batalha Naval do Riachuelo – Data Magna da Marinha
A nossa história foi escrita por meio de capítulos que assinalaram disputas por espaços terrestres, marítimos ou fluviais, que guardam riquezas e exprimem poder. Seus parágrafos apresentam personagens insignes que deixaram legados de amor ao País. Esses são alguns de nossos mais verdadeiros patriotas!
O gigante Brasil, maior País da América do Sul, cercado por florestas, rios e mares, é rico em recursos naturais e, para garantir e consolidar sua soberania, contou, também, com o sacrifício de muitos marinheiros e fuzileiros navais.
Ao longo do século XIX, a Região da Bacia do Rio da Prata foi sede de conflitos, que culminaram em guerras, como a da Cisplatina entre 1825 e 1828 e a da Tríplice Aliança que iniciou, no fim de 1864, com a invasão à província de Mato Grosso, seguida da ocupação de território argentino, o que levou a entrada daquele país na guerra ao lado do Brasil.
Após a tentativa dos aliados de recuperação da cidade de Corrientes, em maio de 1865, o alto comando inimigo viu a presença da força naval brasileira no rio Paraná como uma forte ameaça para suas tropas. Esta força era comandada pelo Chefe de Divisão Francisco Manoel Barroso da Silva, o Almirante Barroso, e composta pela Fragata Amazonas, quatro Corvetas e quatro Canhoneiras. Navios defasados tecnologicamente, mas que traziam em seus conveses homens valorosos, capazes e hábeis, verdadeiros diferenciais constituídos a favor do Brasil.
Cônscio de sua responsabilidade e conhecedor de sua principal arma e patrimônio, seus tripulantes, o Almirante Barroso determinou içar no mastro do navio Capitânia o sinal: “O Brasil espera que cada um cumpra o seu dever”, exaltando a característica de unidade, peculiar dos marinheiros, que valorizam o trabalho em equipe e percebem que, para o sucesso de um navio, todos são importantes, como um só corpo, afinal, estão todos no mesmo barco.
Com o passar da batalha, em situação extremamente difícil, devido ao encalhe das Corvetas Jequitinhonha e Belmonte e à abordagem da Corveta Parnaíba por inimigos, ao contrário do que os oponentes esperavam, o Almirante Barroso regressou com seus seis navios restantes em direção ao Riachuelo e aproveitou o maior porte de navio. Realizou uma manobra corajosa e abalroou os navios inimigos. Colocou quase a metade da força inimiga fora de combate e, ao perceber a necessidade de cuidar da sua gente e encorajar os seus marinheiros, determinou içar o sinal “Sustentar o fogo que a vitória é nossa”.
Em um dos embates, a bordo da Corveta Parnaíba, após a abordagem inimiga, o Guarda-Marinha Greenhalgh, natural do Rio de Janeiro, recém formado, ainda aos 19 anos, cheio de sonhos, defendendo a nossa bandeira bravamente, tombou pelo nosso país. Além dele, o Imperial Marinheiro Marcílio Dias, gaúcho de 27 anos, praça com cerca de 10 anos de carreira, lutou contra quatro, matou dois e sucumbiu ao golpe dos outros.
Por trás das atitudes, estão os valores de homens do mar, que se comprometem com o País, sacrificando até mesmo suas vidas, para garantirem algo que não é somente deles, mas de todos os brasileiros.
Essa é a razão pela qual reverenciamos o Almirante Barroso, o Guarda-Marinha Greenhalgh, o Imperial Marinheiro Marcílio Dias, assim como tantos outros que anonimamente perderam a vida em combate e não tiveram nem mesmo a honra de um enterro digno, de uma sepultura para as orações de seus familiares e amigos.
Há exatos 156 anos, o triunfo na Batalha Naval do Riachuelo, em 11 de junho, foi decisivo para o desfecho da Guerra da Tríplice Aliança favoravelmente ao Brasil e a seus aliados.
Importante é realçar minha certeza de que os mesmos valores que levaram aqueles patriotas a darem suas vidas estão presentes na Marinha de hoje. Os heróis de Riachuelo são representados, nos dias atuais, pelos marinheiros, fuzileiros navais e servidores civis que, com o mesmo destemor e espírito de sacrifício, irão onde for necessário e farão o que a nação deles precisar, para manter nossa soberania, defender nossa democracia, garantir nossa liberdade, proteger nossas riquezas e cuidar da nossa gente. Os recursos dos rios, lagos e mares brasileiros são do povo brasileiro: ontem, hoje e sempre!
Somos homens e mulheres, de várias idades, de diferentes origens sociais, juntos, no mesmo barco, com a alma tão forte, como a daqueles de outrora.
A Marinha é do povo brasileiro, de cada cidadão que se orgulha da SUA MARINHA!
Por fim, aos promovidos e agraciados com a comenda Ordem do Mérito Naval, desejo bons ventos em vossas singraduras, agradeço pela colaboração e apoio prestados à Marinha e os concito a continuarmos na vanguarda do incansável trabalho de fortalecimento da mentalidade marítima e do valor da Amazônia Azul para a nossa nação.
Viva a minha, a sua, a nossa Marinha do Brasil!
ALMIR GARNIER SANTOS
Almirante de Esquadra
Comandante da Marinha