COMANDO DA FORÇA DE SUBMARINOS
Niterói, RJ, 12 de julho de 2021.
ORDEM DO DIA Nº 03-1/2021
Assunto: 107º aniversário da Força de Submarinos
A Força de Submarinos comemora seu centésimo sétimo aniversário no dia 17 de julho. Às vésperas da eclosão da Primeira Guerra Mundial, exatamente uma semana antes, era criada, na Marinha do Brasil, a Flotilha de Submersíveis.
A arma já havia entrado no inventário das Marinhas das potências mundiais. A Tríplice Entente contava com 184 submersíveis em serviço e mais 40 em construção, quase o triplo das unidades da Tríplice Aliança. Ao final da Guerra, a Revolução de Assuntos Militares provocada pelo submersível foi tão disruptiva, trazendo tanto desbalanceamento em combate, que a arma foi acusada de ultrajante e desonrosa.
A Marinha do Brasil trabalhava a operação abaixo d’água desde 1891, pelo então Tenente Filinto Perry. A ele juntavam-se Luís Jacinto Gomes, Luís de Mello Marques e Emílio Júlio Hess, projetando e construindo protótipos. Entretanto, os primeiros submersíveis foram comprados à Itália, chegando entre 1913 e 1914, quando é criada a Flotilha, subordinada ao Comando da Defesa Móvel e sediada na Ilha de Mocanguê Grande.
Os “temíveis navios negros” tiveram desenvolvimento notável, firmando-se como pedra angular no combate naval. A reação nuclear proporcionou excesso de energia anaeróbia, garantindo plena ocultação e adicionando novo espectro de capacidades e, portanto, potencializando sua característica ofensiva e sua letalidade. O perfil do submarinista é assim construído, buscando sempre a iniciativa das ações, aventurando-se como ponta de lança do Poder Naval, operando onde só o submarino consegue.
Durante a história da Força de Submarinos a atividade se desenvolveu, criando robusta doutrina, calcada em sólidos procedimentos de segurança, e coerente com o contexto estratégico do Brasil. Homens e mulheres são divididos entre os submarinos, a escafandria, o mergulho de combate, a medicina hiperbárica e a psicologia dedicada a essas atividades; mas somente unidos traduzem poder único. São corajosos, competentes, comprometidos e disponíveis. Foram, todos, forjados no aço de Mocanguê Grande. São todos submarinistas, os responsáveis pelas façanhas fantásticas abaixo d’água.
Com Amazônia Azul enorme e de futuro promissor, e um Entorno Estratégico superlativo, o Brasil desencadeou Programa de Estado de longo prazo, para, em complemento ao Programa Nuclear da Marinha, dotar o Poder Naval de submarino convencional de propulsão nuclear.
O Programa de Desenvolvimento de Submarinos – PROSUB – produz entregas anuais, obedecendo seu cronograma. A formatura dos novos submarinos para a atracação na Base de Submarinos da Ilha da Madeira está no visual. Ativada em 2020, recebeu submarinos no primeiro semestre de vida e, no primeiro aniversário, vem abrigar o Comando da Força de Submarinos. O Estado-Maior se transfere para o Complexo Naval de Itaguaí, lhe conferindo a devida importância, e utilizando-se do êxito do PROSUB.
A Força de Submarinos não abandona Mocanguê Grande; começa a operar desdobrada a partir de duas posições. Em Itaguaí estarão sediados os submarinos; e o CIAMA que, pioneiro neste Complexo Naval, dará prosseguimento à transferência em futuro próximo, com o andamento do cronograma de obras civis. Em Mocanguê, permanecerão a escafandria e o mergulho de combate – formação e operação –, sob o mesmo Comando de Força.
A despedida de Mocanguê Grande contou com o suporte do submarinista mais antigo, Almirante de Esquadra Alfredo Karam que, no momento que representa todos os submarinistas, é guardião de nosso ethos. A Força de Submarinos veio por mar e por terra, atracando em sua nova Base. No mar, veio protegida pela Alta Administração Naval; em terra foi recebida pelos Chefes Navais, de ontem, de hoje e de sempre, com quem é honra combater ombro a ombro.
É muito bem recebida pelo Setor de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, com percebido cuidado e zelo. Aqui encontra instalações que, de pronto, oferecem modernidade, operacionalidade e conforto compatível com o da adorada casa. Sob notável esforço de apoio da Marinha, nosso maior patrimônio chega bem assistido.
Muito há, ainda, por fazer. Os submarinos classe “Riachuelo” recuperam capacidades e agregam outras inéditas para a Força de Submarinos, que segue, como de hábito, em processo evolutivo. Os desafios detectados pelo sonar representam, para os aguerridos submarinistas, um futuro animador! Após 107 anos, os Marinheiros Até Debaixo D’Água firmam, uma vez mais, posição como pioneiros, prontos para escrever mais um capítulo na história da gloriosa Flotilha de Submarinos.
USQUE AD SUB ACQUAM NAUTA SUM!
GLÓRIA À FLOTILHA!
VIVA À MARINHA!
THADEU MARCOS OROSCO COELHO LOBO
Contra-Almirante
Comandante