Por Virgínia Silveira
O grupo OAS suspendeu suas operações na área de defesa até que haja uma definição mais clara sobre os rumos que o governo pretende dar para os projetos desenvolvidos pelo setor. A primeira medida foi a saída do programa Sisgaaz (Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul), da Marinha, avaliado em mais de R$ 14 bilhões.
A empresa iria participar do programa da Marinha em parceria com a empresa israelense IAI e as brasileiras Iacit e Módulo. O diretor superintendente da OAS Defesa, José Lunguinho Filho, disse que o objetivo da parceria era aliar sua expertise como empresa integradora de grandes projetos às tecnologias de ponta de suas parceiras.
Lunguinho disse que a IAI continuará no programa Sisgaaz, mas não soube dizer quem será sua nova parceira. A nova legislação do setor de defesa prevê a contratação de uma empresa brasileira principal, credenciada como Empresa Estratégica de Defesa (EED), para fazer o gerenciamento da implantação de projetos considerados estratégicos.
Com 100% de participação do governo de Israel, a IAI é considerada a maior indústria aeroespacial e de defesa do seu país. Faturou US$ 3,5 bilhões em 2012 e está presente em 30 países. Em meados deste ano adquiriu uma participação minoritária da brasileira Avionics Services, especializada em sistemas aviônicos para aviões e helicópteros civis e militares, assim como simuladores.
A saída da OAS deverá movimentar o processo de concorrência do Sisgaaz. Estão na disputa a Embraer Defesa e Segurança, Andrade Gutierrez, Avibras, Engevix, IESA Óleo e Gás, Odebrecht Defesa e Tecnologia, Orbital Engenharia, Queiroz Galvão Defesa, Shelter Consultoria em Proteção e Segurança Marítima, Siem Offshore do Brasil e Synergy Defesa e Segurança.
“O Sisgaaz estava previsto para começar em julho, com a entrega das ofertas das empresas participantes da concorrência. Com a transferência do processo para janeiro de 2015, a empresa [OAS] achou por bem não mais participar”, explicou o executivo.
A marinha do Brasil estendeu o prazo limite para o recebimento das propostas do Sisgaaz, de 16 de julho para 19 de janeiro de 2015, conforme antecipou o Valor em reportagem publicada no começo deste ano.
A unidade de defesa do grupo OAS foi criada em 2012 motivada pela Estratégia Nacional de Defesa (END), que reativou a indústria de defesa no país com a expectativa de movimentar cerca de US$ 120 bilhões ao longo dos próximos 20 anos, com os programas de reequipamento das Forças Armadas.
O diretor da OAS Defesa nega que a empresa vá sair do mercado de defesa sob o argumento que, além do Sisgaaz, ela está comprometida com vários outros projetos para o setor.
Lunguinho Filho destaca o projeto Proteger, do Exército, que prevê a proteção das instalações estratégicas do país e também a aprovação de dez projetos no âmbito do Inova Aerodefesa, iniciativa do governo federal de apoio os setores aeroespacial, defesa e segurança.
“Vamos continuar trabalhando nesses projetos e observando a evolução dos cenários no Brasil, que hoje vive um momento de incerteza orçamentária para os projetos na área de defesa”, afirmou o executivo.
Os contingenciamentos de verbas e cortes orçamentários atingiram os principais projetos da área de defesa este ano. O Ministério da Defesa informou ter empenhado 88% do previsto para 2014, pouco menos de R$ 4 bilhões, mas efetivamente pagou 36%, cerca de R$ 1,5 bilhão.
FONTE: Valor Econômico