Por Matheus Bruno Ferreira Alves Pereira
Em maio de 2023, a Marinha filipina comemorou seu 125º aniversário comissionando dois novos navios patrulhas classe Acero. Em meio à comemoração, o Presidente Ferdinand Marcos Jr. anunciou uma “mudança de maré” na política de Defesa Filipina: salvaguardar as fronteiras do país de ações externas é a nova prioridade.
Em busca desse objetivo, o Presidente destacou a necessidade de apoiar o desenvolvimento de suas Forças Armadas, sobretudo da Marinha. Visando conter os avanços de Pequim no Mar Ocidental das Filipinas e adquirir maior segurança, o país do Sudeste Asiático busca modernizar sua esquadra por meio do AFP Modernization Program.
Dentre os itens objetivados, a aquisição de submarinos é um dos mais esperados; entretanto, questiona-se a viabilidade de um Programa de Submarinos em tempo hábil para as atuais necessidades do país. O desenvolvimento de um programa de submarinos é um projeto complexo e de longo prazo, pois abarca desde o estabelecimento do acordo até o lançamento da primeira embarcação ao mar, considerando a intenção do país de construí-las nacionalmente. Nesse processo também estão incluídos o período de adestramento e a capacitação dos submarinistas, além do know-how sobre manutenções básicas, conhecimentos estes que o país não possui.
Ainda, a pandemia da COVID-19 causou graves prejuízos à economia filipina, reduzindo drasticamente o orçamento do programa de modernização marítima. Mesmo com a possibilidade de aprimorar a estratégia de negação de uso do mar, Manila também reconhece que isso pode ser usado contra si: possuindo mais de setenta submarinos, Pequim supera facilmente em número e expertise. Isso também vale para outros atores do Sudeste Asiático com os quais o país disputa territórios marítimos, como Vietnã e Malásia, ainda que qualquer possibilidade de conflito armado entre estes seja substancialmente baixa.
Assim, embora haja a necessidade de aprofundar suas capacidades por meio da aquisição de submarinos, a prioridade atual, dentro do contexto de limitações orçamentárias, é o fortalecimento das capacidades de guerra antissubmarina. Nesse sentido, as Filipinas têm buscado modos de salvaguardar suas águas com equipamentos conhecidos e mais baratos, como embarcações de superfície e aeronaves de observação.
A estratégia do país, portanto, segue um pensamento pragmático frente às suas necessidades imediatas sem comprometer os planos a longo prazo. Uma das maiores economias do Sudeste Asiático e fundadora da ASEAN, as Filipinas entendem que precisam ascender no patamar de Defesa frente às adversidades que enfrentam hoje.