Dia do Marinheiro
A história nos ensina que o mar tem relevante papel na determinação do sucesso ou fracasso das civilizações. Geralmente, aquelas que, a seu tempo, melhor o utilizaram para o comércio e para a defesa foram as que lograram maior desenvolvimento relativo, sobrepujando as demais.
Para o Brasil, país totalmente dependente do mar, seja para realizar a maior parte de suas trocas comerciais com o mundo, seja para atender às suas necessidades energéticas ou ainda para a obtenção de alimentos, essas lições da história adquirem um significado concreto e essencial. Mesmo sem a pretensão de conquistas e domínio, temos de ser capazes, geração a geração, de garantir nossos interesses nos oceanos, permitindo a plena exploração de todas as possibilidades de uso que eles nos oferecem. Só sendo fortes sobre os mares seremos capazes de defender esses interesses.
Com este pensamento, a nação hoje reverencia o elo mais importante na construção da sua maritimidade. Aquele que, ao exercer um dos mais desafiantes e nobres ofícios existentes, dedica-se inteiramente ao serviço da Pátria e não poupa sacrifícios para cumprir sua missão:
O Marinheiro!
Hoje, reverenciar os marinheiros é render um preito de gratidão a todos os homens e mulheres que servem na Marinha! Brasileiros altivos do uniforme que envergam, que cultuam valores e princípios, que desenvolvem seu trabalho de maneira discreta e quase sempre anônima e que orgulham-se de sua opção profissional e de todo o simbolismo que ela encerra.
Hoje, reverenciar os marinheiros é exaltar o Marquês de Tamandaré!
Não por acaso o dia 13 de Dezembro foi escolhido para distinguir aqueles que fazem do mar sua profissão, sendo uma justa homenagem ao natalício do Almirante Joaquim Marques Lisboa.
Homem simples, justo, leal e honesto, que, após mais de 66 anos de serviço ativo na Marinha, grande parte deles efetivamente embarcado, se considerava, no fim da vida, como ele mesmo deixou gravado em seu testamento, apenas um “velho marinheiro”.
Tamanho desprendimento nos leva, irremediavelmente, à reflexão sobre a importância de seu legado. Tendo vivido um período importante na formação do País, com a ocorrência de movimentos separatistas que visavam fracionar nosso território, seu reconhecimento como Herói da Pátria foi construído não somente pela sua capacidade de suplantar o inimigo ou de debelar revoltas, mas também por sua habilidade em construir consenso e unidade, com rara visão de País.
Os sentimentos que nortearam os ideais e as ações de nosso Patrono seguem nos movendo nos desafios de formação e preparo de uma Marinha que atenda aos anseios da sociedade e compatível com as dimensões que o Brasil adquire no cenário internacional.
Hoje, reverenciar os marinheiros é exaltar o mar! A fronteira do século XXI é um incomensurável patrimônio cuja exploração exige cuidados, em especial com a preservação ambiental. Por outro lado, ao ser um espaço de difícil ordenamento, a defesa da soberania e as chamadas novas ameaças seguirão demandando forte presença da Marinha para seu controle, exigindo meios navais e sistemas de vigilância modernos e eficazes.
Hoje, reverenciar os marinheiros é também exaltar aqueles que constituem a comunidade marítima! Os aquaviários e todos os que em terra labutam nessa complexa e interligada teia de atividades e que têm intrínseco e diário relacionamento com o mar, materializam, com seu trabalho, parte importante do progresso nacional e da vocação marítima brasileira.
Hoje, reverenciar os marinheiros é reconhecer aqueles que fortalecem e cultuam as tradições da Marinha do Brasil! Ao conceder a Medalha Mérito Tamandaré a autoridades, instituições e personalidades civis e militares, expressamos o sincero agradecimento pelo relevante trabalho de conscientização quanto à importância da Força Naval e da “Amazônia Azul” como indutores do desenvolvimento nacional.
Por fim, hoje, reverenciar os marinheiros é exaltar a Marinha do Brasil! A esteira de nossa navegação reflete muito mais do que uma extensa lista de fatos heróicos, reflete o perene comprometimento institucional com os interesses nacionais.
Essa inspiração segue movendo marinheiros, fuzileiros navais e servidores civis a, navegando ou guarnecendo longínquos pontos de nosso vasto território ou mesmo no exterior, não esmorecerem no dever constitucional de garantir nossa soberania, de trabalhar pela segurança da navegação, de salvaguardar a vida humana no mar, de contribuir com o desenvolvimento nacional e de apoiar a política externa.
“Sou marinheiro e outra coisa não quero ser!”
Sóbria, pura, profunda e apaixonada síntese do que hoje celebramos! Forjada na alma de um verdadeiro nauta, esse tão bem expresso sentimento deve seguir nos motivando a cultivar o desejo e destemor em singrar os mares, adestrando-nos para o emprego real ou garantindo a estabilidade necessária para que todas as atividades que neles se realizem possam desfrutar de plenas condições de prosperidade.
Parabéns aos Marinheiros de hoje, de ontem e de sempre!
EDUARDO BACELLAR LEAL FERREIRA
Almirante-de-Esquadra
Comandante da Marinha