A Marinha do Brasil (MB) recebeu as primeiras 120 mulheres do Curso de Formação de Soldados Fuzileiros Navais, nesta segunda-feira (19/2), no Centro de Instrução Almirante Milcíades Portela Alves (CIAMPA), na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Essa iniciativa é um marco significativo na busca da MB por maximizar o emprego das mulheres, respeitando as suas diferenças, sem perder o poder de combate da Força.
O Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) é a única tropa do Brasil formada exclusivamente por profissionais. Trata-se de força estratégica, de caráter anfíbio e expedicionário por excelência, que deve estar sempre em condições de pronto emprego, onde e quando se fizer necessário. Isso demanda treinamento intenso, recursos humanos bem-formados, aptidão e preparo físico, armamento e material atualizados, acompanhamento e evolução doutrinária, dentre outros requisitos.
O CIAMPA passou por diversas mudanças nos últimos meses para garantir uma recepção adequada e inclusiva às mulheres. Entre as principais alterações estão a criação de um alojamento feminino, a instalação de câmeras de segurança no entorno desse alojamento e a introdução de um sistema de reconhecimento facial para entrada. A enfermaria foi adaptada, normas internas de comportamento social foram estabelecidas e o material de combate foi atualizado para ser mais anatômico às mulheres.
Ao longo do último ano, o CIAMPA e a sua tripulação se dedicaram intensamente para garantir que as mulheres sejam recebidas com a melhor infraestrutura e apoio possíveis no curso que possui duração de, aproximadamente, quatro meses. Visitas e trocas de conhecimento foram realizadas com militares, nacionais e internacionais, que já passaram pelo processo de integração da mulher nas fileiras militares.
Entre as instrutoras do curso, destaque para a Capitão Tenente (AFN) Gizelle Rebouças, integrante da primeira turma que teve a presença de oficiais femininas no curso de formação de oficiais auxiliares do CFN. Além disso, a Primeiro-Sargento FN Milano, da primeira turma que teve mulheres no curso de formação de sargentos músicos do CFN, também estará presente.
Histórico de Pioneirismo
A trajetória de pioneirismo das mulheres na Marinha teve início em 1980, com a criação do Corpo Auxiliar Feminino da Reserva da Marinha. Nas décadas seguintes, houve uma reestruturação dos Corpos e Quadros, ampliando a participação feminina em cargos de Direção, Comando e Comissões.
Em 2012, a Capitão de Mar e Guerra (Md) Dalva Maria Carvalho Mendes foi a primeira militar brasileira promovida ao posto de Oficial-General das Forças Armadas brasileiras. Seis anos depois, foi a vez da engenheira naval Luciana Mascarenhas da Costa Marroni alcançar a patente de Contra-Almirante. Em 2023, a médica Maria Cecília Barbosa da Silva Conceição também foi promovida ao posto de Oficial-General.
Detalhes sobre o curso
O propósito do Curso de Formação de Soldados Fuzileiros Navais (C-FSD-FN) é capacitar os Aprendizes para desempenharem as responsabilidades inerentes à posição de Soldado Fuzileiro Naval (SD-FN) nas unidades do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN). O curso tem uma duração total de 19 semanas, das quais 10 delas são realizadas em regime de internato.
Durante esse período, os Aprendizes participam de três exercícios de campo, sendo os dois primeiros realizados no Complexo Naval Guandú Sapê (CNGS), onde colocam em prática os conhecimentos adquiridos nas sete disciplinas ministradas ao longo de 112 dias letivos. O terceiro exercício de campo ocorre na Ilha da Marambaia, simbolizando uma transformação completa do cidadão que ingressou no curso, agora tornando-se um combatente anfíbio. As atividades principais do curso incluem Instrução Militar Naval, Ordem Unida, Treinamento
Físico Militar, Instrução Básica de Combate, Operações de Fuzileiros Navais, Armamento e Tiro, além de Ética Profissional Militar.
Durante o período de internato, os familiares são convidados a visitar o Centro de Instrução Almirante Milcíades Portela Alves. Neste dia em especial, os Aprendizes e seus familiares têm a oportunidade de passar algumas horas a bordo do CIAMPA, proporcionando um momento para aplacar a saudade de casa, ao mesmo tempo em que reforçam a motivação ao testemunharem o processo de transformação dos jovens aprendizes em Soldados Fuzileiros Navais.
FONTE: CCSM
Parabens a elas. Minha prima foi da primeira turma de mulheres das FFAA em 1980. Elas e as colegas, hoje na Reserva participaram da edição de um livro sobre As Pioneiras, a ser lançado em maio no Museu naval do RJ.