Por Vinícius Reis
A nova legislação de segurança japonesa, aprovada em março, trouxe questionamentos, tanto entre vizinhos regionais quanto da população, sobre qual seria o futuro das Forças de Autodefesa Japonesas (JSDF, na sigla em inglês) no cenário internacional.
O emprego de tropas em missões de paz – como no Sudão do Sul, onde as mesmas já operam desde 2012 –, e o uso da Marinha japonesa para
a defesa das linhas de comunicação marítimas (principalmente os canais de importação de petróleo) e o combate à pirataria no chifre da África, são alguns dos cenários mais prováveis a médio prazo.
O Primeiro-Ministro Shinzo Abe, sob a égide da “Legislação para a Paz e Segurança” e a “Lei de Suporte para a Permanente Paz Internacional”, reiterou que as JSDF apenas serão empregadas, fora de seu território, caso a sobrevivência do Japão esteja sob ameaça direta e todos os outros meios de diálogo tiverem sido esgotados. O objetivo inicial é que as JSDF apoiem apenas logisticamente as missões de paz.
Além desses fatores, deve-se levar em conta a manutenção das linhas de comunicação marítimas japonesas como um dos eixos prioritários da nova política de defesa de Tóquio.
Devido aos problemas pós-Fukushima, a participação da energia nuclear na matriz energética japonesa caiu de 13% para 1%. Impõe-se a necessidade de que o governo japonês insira em seu cálculo estratégico a proteção de suas principais rotas de importação de hidrocarbonetos, como aquela que cruza o Estreito de Ormuz.
Questões de ordem interna, como o problema demográfico e a crise econômica, geram dúvidas sobre o renascimento do “imperialismo nipônico” ou o fim do “pacifismo japonês” enquanto diluem expectativas de que as suas forças armadas possam fazer frente às ameaças do sistema internacional de maneira proativa, sem a dependência de aliados como os EUA.
FONTE: Boletim Geocorrente