Por Vinícius Reis
O Parlamento japonês aprovou, em abril, uma lei voltada para a “promoção e ajuda” de comunidades em ilhas remotas japonesas. Entrando em vigor a partir de abril de 2017, por um período de 10 anos, seu objetivo é impedir que as ilhas fiquem desabitadas devido à diminuição de seus residentes.
Dentro de um contexto de disputa territorial e aumento da assertividade da Marinha chinesa, a falta de “capital humano” pode gerar uma grave ameaça à integridade territorial, principalmente em lugares como Yaeyama.
Existe uma perspectiva de análise sobre a atual condição destas ilhas, muitas vezes ignorada pela administração do primeiro-ministro Shinzo
Abe, que envolve o grave problema “demográfico” que assola o país e o impacto que a reformulação da política de defesa tem sobre essas regiões. Enquanto a economia continua a minguar, não apresentando indícios de melhora a médio prazo, o Japão aumenta o investimento e foco em suas Forças Armadas e na ocupação através da “militarização” de suas ilhas.
Conjuntos de ilhas afastadas, como Yaeyama, que possui uma população de 52 mil habitantes espalhados entre 12 ilhas, encontram-se sem perspectiva de fortalecimento da sua microeconomia, fazendo com que sua renda dependa da política de “compensações” pela ocupação de seu território com fins militares. Nesse contexto, grande parte dos residentes, principalmente os mais jovens, são levados a abandonar a região em busca de melhores condições.
A atual conjuntura torna necessário que o Japão ocupe militarmente suas fronteiras marítimas, protegendo assim interesses nacionais. Porém, a partir do momento em que a ocupação é feita apenas por meio do viés militar, seja na forma de pessoal ou infraestrutura, e a vulnerabilidade demográfica continua sendo vista como um problema secundário, as ilhas japonesas perdem gradativamente seu principal recurso: o povo.
FONTE: Boletim Geocorrente