Se de fato a necessidade for a mãe da invenção, conforme a frase atribuída ao filósofo grego Platão, as Forças Armadas de Israel são campeãs no quesito “uso de tecnologia e inovação”. Um exemplo curioso foi exposto agora aos olhos do mundo por fotos de agências internacionais, embora seja razoavelmente antigo: a cobertura de capacete conhecida como “mitznefet” -algo como “turbante”, embora pareça mais um chapéu de cozinheiro camuflado.
A exótica cobertura de pano serve para dissimular as linhas do capacete e eventuais reflexos de luz. As técnicas de camuflagem consistem mais em tentar causar uma ilusão ótica no inimigo do que em mimetizar o soldado no ambiente como se fosse um camaleão. Quem assistiu ao filme israelense “Beaufort”, um castelo no sul do Líbano ocupado por Israel de 1982 a 2000, cansou de ver essa que é provavelmente a peça militar mais deselegante da história.
As experiências no Líbano e nas guerras convencionais contra vizinhos como Egito e Síria mostraram a necessidade da invenção. Israel tem uma população pequena e a prioridade do Estado é protegê-la, notadamente minimizando baixas entre soldados.
Foi o que Israel fez ao produzir o carro de combate Merkava. É o único que tem o motor localizado na frente, servindo como uma “blindagem” adicional para poupar a tripulação de ferimentos em caso de penetração por um míssil ou granada.
Guerras de contrainsurgência e combate urbano, como aconteceu no Líbano, na faixa de Gaza e na Cisjordânia, fizeram os israelenses criar veículos especiais.
Israel aproveitou velhos tanques britânicos Centurion bem blindados e os converteu nestes veículos exóticos, como o Nagmashon, usado pra transportar tropas em segurança em áreas urbanas, uma espécie de “super caveirão” do Oriente Médio. Ele tem boa visibilidade, conferida por uma estrutura alta (apelidada “casa de cachorro”), com visão através de vidros blindados em 360 graus.
O Nagmashon também merece o título de veículo militar mais feio da história. Seu apelido em Israel? “Monstro”.
FONTE: Folha de São Paulo