A guerra antissubmarina (ASW) é realizada principalmente por unidades aéreas, prioritariamente por helicópteros equipados com sonar de imersão e torpedos leves. Os submarinos permanecem vulneráveis a essas ameaças. Normalmente, a única opção disponível é se ocultar nas grandes profundidades ou até sair da área de operações, especialmente quando se está restrito por águas costeiras ou rasas, com diferentes níveis de sal ou temperatura, essa tentativa de evitar a detecção geralmente não é uma opção. A mera presença de uma unidade ASW no ar já limita as opções operacionais do submarino, e por isso, a Diehl Defense e a thyssenkrupp Marine Systems (TKMS) cooperaram no Consórcio IDAS para desenvolver o sistema de armas IDAS (Interactive Defense and Attack System for Submarines), que visa permitir que um submarino submerso se defenda ativamente contra ameaças de ASW no ar.
Conceito operacional
A presença de um helicóptero ASW na área de operações provavelmente será detectada por sensores ópticos ou eletro-ópticos ou pelo recebimento de indicadores acústicos, como detecção pelo seu sonar, quando utilizado um sonar de imersão. Assim que a tripulação detecta essa ameaça, o IDAS está preparado para entrar em operação. O alcance e o rumo são determinados pelo sensor do submarino e pelo sistema de fusão de dados. Assim que a situação operacional é avaliada como uma situação crítica de defesa, ele é lançado. Para fins de engajamento, não é necessário que o submarino se arrisque a ser detectado na superfície ou pela exibição de sensores de medida de suporte óptico ou eletrônico.
Durante a fase de voo subaquático, o míssil manobra na direção do alvo, rompe a superfície, acelera à velocidade de cruzeiro e voa em direção à área de destino. O operador a bordo do submarino permanece no controle total do míssil, “humano no circuito”, enquanto o submarino permanece oculto. Isso é para dar ao operador a chance de mudar de alvo ou abortar a missão. No caso improvável de perda da conexão (ruptura da fibra óptica), o míssil continuará operando de acordo com as configurações operacionais, ou seja, o engajamento do último alvo selecionado, o alvo mais provável ou o aborto da missão, se estiver de acordo com as regras de engajamento.
Além disso, o “humano no circuito” permite que o sistema cumpra uma função secundária: engajar alvos de superfície onde um torpedo pesado não é apropriado. Isso também fornece ao comandante do submarino um meio de escalonamento adequado à situação operacional concreta. Além disso, a integração de um sensor GPS incorporaria até alvos terrestres, como por exemplo para apoiar operações de Forças Especiais, no conjunto de alvos do IDAS.
Conceito técnico
Depois que o programa IDAS foi interrompido em 2010, os parceiros da indústria alemã decidiram continuar com o financiamento dele. Para iniciar o programa de desenvolvimento industrial, o Consórcio IDAS precisava de um conjunto de requisitos, que foram estabelecidos em cooperação com submarinistas da marinha alemã, e de outras marinhas, e estabelecidos em um documento que faz parte do acordo do consórcio. Os requisitos incluíam:
- Alcance do sistema > 15 km,
- Profundidade de lançamento abaixo da cota periscópica,
- Restrições mínimas à capacidade de manobra do submarino durante lançamento do mísseis,
- Controle total do operador sobre o míssil durante toda a fase de lançamento/engajamento,
- Uso do tubo de torpedo existente e da infraestrutura de carregamento e armazenamento de torpedos e
- Esforço mínimo e com total integração ao sistema de combate do submarino.
O sistema IDAS usa um contêiner para armazenar quatro mísseis e ejetá-los separadamente de um tubo de torpedo. Um sistema de pistão, totalmente integrado ao contêiner, é usado para lançar o míssil. O recipiente de ejeção possui as principais dimensões e peso de um torpedo pesado, isso permite a fácil integração em novos projetos de construção de submarinos, bem como a reforma dos submarinos existentes.
O IDAS é equipado com uma bobina de fibra óptica localizada na seção traseira do míssil, conectando ele ao operador. As aletas são dobradas ao lado do míssil quando armazenadas e desdobradas a uma distância segura do submarino após o lançamento. Com uma ogiva de 20 kg e uma velocidade de cruzeiro de mais de 200 m/s, o míssil IDAS é capaz de engajar de maneira muito eficaz um helicóptero antissubmarino. Todo o sistema é a prova de pressão em profundidades significativamente maiores que a cota periscópica.
Status do programa
O Consórcio IDAS foi constituído em 2012 pela Diehl Defense (anteriormente Diehl BGT Defense) e pela thyssenkrupp Marine Systems (TKMS), juntamente com os parceiros Nammo e Roketsan. A fase inicial de desenvolvimento se iniciou em 2012 para desenvolver um sistema de mísseis que atendesse a requisitos de nível superior.
Os testes iniciais de lançamento foram realizados em maio de 2015 no estaleiro da thyssenkrupp Marine Systems. Após numerosos testes de desenrolar da bobina de fibra óptica sob condições variadas, incluindo com o motor acionado, foram feitas as preparações para novos testes com os submarinos noruegueses. Em 2016, foram realizados com êxito os primeiros testes de carregamento e descarregamento do sistema e, em seguida, os testes de lançamento de mísseis do HNoMS Uredd, da classe Ula (U212). A fase inicial de desenvolvimento foi concluída com um teste de desenvolvimento de engenharia realizado em cooperação com a Marinha Real Norueguesa. Assim, todo o conceito operacional foi confirmado.
O Consórcio IDAS e seus parceiros internacionais vão atingir a maturidade da produção em série para o sistema IDAS durante a fase de qualificação do sistema, na qual serão realizados os demais trabalhos detalhados de desenvolvimento, verificação e qualificação. Com esta fase concluída, o IDAS será colocado no mercado em 2022.
Resumo
Pela primeira vez em operações submarinas, o IDAS oferece aos submarinos a capacidade de se defenderem de forma eficaz contra ameaças aéreas, sem arriscar revelar a sua posição. O IDAS pode ser integrado aos novos projetos de submarinos assim como nos atuais. O princípio do controle permanente do mísseis e o conceito “humano no circuito” em combinação com uma profundidade operacional significativamente mais profunda que a cota periscópica, sendo um desenvolvimento inteiramente novo na execução de operações marítimas. Por um lado, a unidade operacional não precisa arriscar a exposição para se defender, por outro lado, o risco de interferência no sistema é reduzido ao mínimo. O IDAS mudará radicalmente os paradigmas das operações submarinas e antissubmarinas.
Muito interessante. Se cada Riachuelo tiver dois conjuntos destes, um no tubo, outro pronto para inserção, podemos ter cinco torpedos mais quatro IDAS “engatilhados” para uso! Se estiver patrulhando em comboio digamos apoiando o Atlantico, pode ate servir como defesa anti aérea, configuração na qual por exemplo, poderia ter dois conjuntos cada qual com quatro IDAS em doits tubos., mais quatro torpedos.
Meu caro Padilha: acho que custa menos do que instalar um Phalanx no Amazons, concordas? São duas configurações totalmente diferentes e na realidade com ação complementar, mas se for o mesmo preço acho que prefiro a solução submarina, inclusive por que quando em apoio a outra configuração de navios (por exemplo apoiar uma Tamandaré que esteja patrulhando ao largo do nordeste) ou o Bahia em desembarque acima do Equador…
quando chega o nosso , nem que seja 1 para cada sub , melhor que nada
Seria ótimo ter mas…..com que dinheiro?
Legal mas, e nois?