Por Evellyn Sousa
Ao longo dos últimos 15 anos, a Itaguaí Construções Navais (ICN) consolidou sua autonomia na construção de submarinos brasileiros convencionais, preparando-se para o principal objetivo do Programa de Desenvolvimento de Submarinos da Marinha do Brasil, o PROSUB: a construção do Submarino Convencionalmente Armado Com Propulsão Nuclear (SCPN) Álvaro Alberto.
Como etapa inicial dessa missão, a ICN assumiu a construção da Seção de Qualificação e da Seção C preliminar do SCPN na UFEM, em Itaguaí. Paralelamente, com o objetivo de contribuir ainda mais para o desenvolvimento do SCPN, a ICN expandiu sua atuação, passando a apoiar o Programa Nuclear da Marinha (PNM) em uma nova fase, a Montagem Eletromecânica do Laboratório de Geração Nucleoelétrica (LABGENE).
O LABGENE, localizado no Centro Experimental de Aramar, em Iperó – São Paulo, é o Protótipo em Terra (PROTER) da planta propulsiva que será instalada no SCPN.
O escopo do trabalho da ICN envolve inicialmente o Bloco 40, parte do LABGENE que abrigará o reator nuclear e o circuito primário do PROTER, correspondendo ao coração da planta nuclear responsável pela propulsão do futuro Submarino. Esse projeto, conduzido pela ICN em parceria com a OECI, sob a autoridade técnica da Marinha do Brasil, é um dos mais desafiadores e estratégicos da Engenharia Nacional, pois tem como objetivo validar a planta de propulsão nuclear do (SCPN).
Neste contexto, podemos afirmar que o Bloco 40 é a parte mais significativa de toda a planta, já que abrigará o reator responsável por gerar a energia necessária para a propulsão do navio.
Outra questão que vale destacar é que a conclusão do PROTER, permitirá a realização de testes de funcionamento dos diversos sistemas da planta propulsiva e os eventuais ajustes e aprimoramentos antes da implementação efetiva no submarino.
O Engenheiro Felipe Piler, Gerente responsável pelo contrato da ICN no LABGENE, ressalta que os desafios vão além das questões técnicas, tais como “Coordenar múltiplos contratos de natureza tão complexa é uma tarefa desafiadora para a Marinha do Brasil. No LABGENE, as empresas parceiras atuam em um cenário de interdependência técnica e contratual, o que torna a compatibilização dos cronogramas um dos principais desafios enfrentados. Além disso, a questão orçamentária desempenha um papel crucial no avanço das atividades. Felizmente, as perspectivas para o próximo triênio são melhores, o que deve impulsionar significativamente o progresso do Programa”, disse Piler.
Segundo o Gerente Técnico da ICN para o Projeto, o Engenheiro Naval Pedro Mauro, a construção do Bloco 40 envolve uma série de desafios técnicos e logísticos, principalmente pela complexidade da tecnologia envolvida e pelo elevado volume dos sistemas que precisam ser integrados, sendo que “O principal desafio está na alta densidade dos sistemas e nos rigorosos requisitos nucleares que exigem uma abordagem ainda mais detalhada do que em construções navais convencionais. A montagem do reator envolve a incorporação de sistemas de tecnologia singular, com componentes provenientes de diferentes fornecedores internacionais e sujeitos às normas nucleares específicas para garantir a segurança e a eficiência do reator. Estamos lidando com um projeto que abarca várias frentes de trabalho. A coordenação dessas interfaces técnicas é um dos maiores desafios do projeto. Do mesmo modo, há um grande esforço na avaliação dos documentos de projeto produzidos pela Marinha do Brasil, do ponto de vista da construtibilidade e da industrialização, sem mencionar a preparação para o trabalho e a verificação minuciosa dos processos industriais adotados, desde o recebimento de materiais e equipamentos certificados, passando pela soldagem de tubulações e estruturas, instalação e apoio ao comissionamento segundo os rigorosos padrões exigidos pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN)”, disse Pedro Mauro.
A Certificação e o impacto para o Brasil e o mundo
A certificação é uma das etapas mais críticas na construção do Bloco 40. A ICN teve a implementação do Sistema de Gestão da Qualidade devidamente certificado pelo Instituto Brasileiro de Qualidade Nuclear (IBQN), que é o Órgão de Supervisão Técnica Independente (OSTI), designado pela CNEN. Adicionalmente, os processos industriais realizados pela ICN estão sendo progressivamente certificados segundo os mais rigorosos padrões de qualidade, envolvendo desde o recebimento de materiais até os testes e apoio ao comissionamento, passando pela soldagem e fabricação de tubulações e estruturas, blindagem radiológica e integração de equipamentos e componentes na planta.
Embora a participação da ICN no Bloco 40 e no LABGENE tenha foco inicial na propulsão Nuclear do Submarino Álvaro Alberto, contribuirá também de forma mais ampla para o desenvolvimento do setor nuclear do Brasil, pois o PROTER constitui uma planta nuclear compacta, que pode ensejar desenvolvimentos futuros para aplicações na matriz energética do país. O SCPN será a primeira planta nuclear naval projetada e construída no Brasil com tecnologia autóctone (conhecimentos tradicionais ou saberes locais).
Esse projeto representa a competência e autonomia nacional em operar a tecnologia nuclear com segurança, além de contribuir para aumentar a confiança na utilização de tal fonte de energia no país. Com a participação no LABGENE, a ICN se afirma ainda mais como parceira estratégica relevante da Marinha do Brasil e se posiciona como um pilar estratégico não apenas para a Defesa Nacional, mas também para o desenvolvimento de novas capacidades energéticas.
A ICN se orgulha de ter sido escolhida pela Marinha do Brasil para fazer parte desta empreitada grandiosa, que pode abrir portas para novos mercados e novos negócios, além de fortalecer a imagem brasileira enquanto um país que domina tecnologias de ponta.
FONTE: ICN
É o projeto militar que mais tenho interesse desde muito novo. Adoraria um dia conseguir visitar o nosso SSN quando pronto.
Abraços!
O atraso se deve em grande parte à necessidade de ter que desenvolver a tecnologia de enriquecimento de urânio. O desenvolvimento do NAUTILUS, norte-americano, o primeiro submarino de propulsão nuclear, que começou em 1949 e foi lançado em 1954, foi realizado por um país que já tinha essa tecnologia, empregada no desenvolvimento de uma das bombas atômicas lançadas sobre o Japão e estava sob a pressão da Guerra Fria, que franqueava todas as verbas necessárias pelo Congresso da maior economia do mundo. No nosso caso, a Marinha e o IPEN, em 1979, sob o projeto de construir um submarino de propulsão nuclear, realizaram mais uma tentativa (as anteriores haviam sido sustadas por pressão internacional) de desenvolver o enriquecimento de urânio, condição necessária para produzir seu combustível – que ninguém fornece – e brindar o país com essa tecnologia – que hoje já permite fabricar parte do combustível de ANGRA I – e que também ninguém fornece. Quanto à necessidade de um submarino de propulsão nuclear, não devemos esquecer que um submarino convencional é lento tem que ser colocado no caminho do alvo antes de sua passagem, o que o torna adequado para passagens obrigatórias, como acessos formados por canais entre ilhas ou outras restrições à navegação. Não é o nosso caso, com um Atlântico Sul amplo e irrestrito, numa época em que navios e mesmo submarinos mergulhados podem nos alvejar do meio do oceano, lançando mísseis de cruzeiro com 2.500 km de alcance. Contra isso, o que precisamos é de vários submarinos de propulsão nuclear apoiados por um bom sistema de vigilância para lhe informar dados dos alvos (o que também está nos planos) e, principalmente, do apoio da população.
Atualmente já temos o domínio total da tecnologia NUCLEAR parabéns o Álvaro Alberto ..?
, acho que não
tem isso no Dicionário
.
Afinal de contas j, o USS Nautilus, lançado em 1954 , pare de dar Desculpas , nem sei como Classificar isso , Atraso não é , porque é muito tempo de diferença , Vergonha também não
Não entendo como a Marinha levou 30 anos para chegar neste submarino nuclear.
Levou 30 anos sofrendo inúmeros boicotes que atrasaram o desenvolvimento, pois a tecnologia para a construção de um submarino nuclear não é vendida, ou seja, ou você desenvolve (custa muita grana e TEMPO), ou desiste e fica olhando navios e submarinos passeando por nosso mar territorial sem que nem saibamos.
Exato, Padilha. O que os críticos “esquecem” é que o PROSUB já é um imenso sucesso.
Ué , não tá dizendo no texto que ele vai ser montado com componentes importados ?. Até nisso a marinha vai importar kkkk
Padilha, eu prefiro 5 submarinos convencionais do que apenas 1 nuclear. Para o Brasil, que não tem, nunca teve e nunca terá pretensões e projeção de poder além do Atlântico Sul, uma frota robusta de submarinos diesel-elétricos é o correto e necessário. Operar e manter um submarino nuclear, além de adquirí-lo, é caríssimo! E o Brasil nunca teve e nunca terá orçamento de defesa para ter uma frota de subs nucleares, msmo que dê poucos exemplares.
Submarinos convencionais são necessários dentro das capacidades operacionais deles: curto ou médio alcance. Mas para um submarino nuclear é no mínimo médio alcance. Ser caro não significa ser dispensável! Pelo contrário: o custo-benefício justificam a conta. O setor militar dá voto (não só para o executivo)? Não! Para um povo que só fala em futebol e carnaval é claro que a perda da soberania é indiferente e isto se reflete na cultura patriótica do brasileiro. Para o Brasil que já enfrentou 2 Guerras Mundiais é contraditório esse quadro de irresponsabilidade do povo em relação a própria soberania: isso explica o tal problema orçamentário, nunca teve e nunca terá preocupação com isso porque estão pouco se lixando! O mesmo podemos dizer dos nossos representantes políticos (literalmente) no Legislativo e Executivo.
Nem parece que estamos falando de um submarino nuclear, Roberto. Na verdade ele ainda não existe, estando ainda na fase embrionária. Quando você leu o texto não percebeu quando o representante da ICN se referiu ao projeto como uma empreitada grandiosa? A marinha teve que construir uma réplica do principal componente do submarino que é a seção do reator só para nos dar uma ideia do trabalho hercúleo que é a construção desse tipo de submarino. Se fosse tão fácil construir como é escrever (criticar) nós já estaríamos na décima (exemplo) geração de submarinos nucleares.
Para a ICN de fato é uma participação importante nesse projeto por se tornar um estaleiro com essa capacidade, colocando seus concorrentes em um nível inferior.