Após quase uma década de serviço na Força-Tarefa Marítima da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (FTM-UNIFIL), auxiliando a Marinha Libanesa (LAF Navy) na proteção das sua águas territoriais, os peacekeepers brasileiros concluíram sua missão com a UNIFIL, ao retornar para casa hoje, quando mais de 200 marinheiros brasileiros e, a Nau Capitânia da FTM, a Fragata Independência (F 44), após nove meses de missão.
As forças de paz brasileiras lideraram a FTM, que contava com seis navios, e cerca de 800 marinheiros, desde 2011. Cinco navios sendo um de Bangladesh, Alemanha, Grécia, Indonésia e Turquia, continuarão a realizar as tarefas obrigatórias no mar.
Como o primeiro e único componente naval de Manutenção de Paz da ONU, a FTM-UNIFIL foi implantada em 15 de outubro de 2006, a pedido do Governo do Líbano. No total, 15 países já contribuíram para a FTM, que apoia a Marinha do Líbano na prevenção da entrada não autorizada de armas, ou material relacionado, por mar no Líbano.
Sua missão também se concentra em ajudar o Líbano a aumentar suas próprias forças navais para controlar e proteger sua águas territoriais. Para isso, a FTM realiza uma série de diferentes cursos, treinamentos e exercícios coordenados com a LAF Navy, a fim de prepará-la para assumir todas as funções necessárias à segurança marítima, protegendo a soberania do Líbano e apoiando o investimento econômico.
Falando em nome do Chefe da Missão e Comandante da Força da UNIFIL, Major General Stefano Del Col, durante a cerimônia de despedida a bordo da Independência ontem, o Subcomandante da Força, General Irvine Nii-Ayitey Aryeetey, prestou homenagem ao serviço prestado pelas forças de manutenção da paz brasileiras. “Hoje, nos despedimos do navio da FTM que parte, e é uma data marcante para a UNIFIL, para FTM e, claro, para a Marinha do Brasil, após quase 10 anos ininterruptos de apoio e contribuição para a causa da paz no Líbano. Elogio a todos vocês por sua dedicação e profissionalismo incansáveis, especialmente neste ano, com todos os desafios da pandemia do COVID-19 e da explosão aqui no Porto de Beirute. Com muito trabalho e dedicação, a Fragata Independência, aqui representando a Força-Tarefa Marítima e seus marinheiros, provou que o domínio marítimo pode trazer benefícios para as operações de paz e desenvolvimento econômico, garantindo um ambiente marítimo seguro”.
Por sua vez, o Comandante da FTM, o Contra-almirante Sérgio Renato Berna Salgueirinho, disse que a participação do Brasil na FTM-UNIFIL contribuiu diretamente para a manutenção da paz “em tão importante missão”, acrescentando que a partida foi um “momento histórico”. “Essa conquista será sempre lembrada na Marinha do Brasil, assim como ficará registrada na história da UNIFIL. Superando desafios sem precedentes, em um ano tão particular para todos nós, reconheço que vocês, homens e mulheres, tripulantes de paz da Fragata Independência, trabalharam muito para cumprir esta missão”.
Desde 2006, a FTM interrogou 106.000 navios e encaminhou cerca de 15.000 desses navios às autoridades libanesas para novas inspeções, no mar ou em terra. A área de operações marítimas da FTM (5.000 milhas náuticas quadradas ou 17.171 quilômetros quadrados) é quase 16 vezes maior do que a área de operações da UNIFIL em terra, no sul do Líbano.
O Líbano hoje, é um país considerado falido, com extremos problemas financeiros, na área de saúde, segurança, educação e com hiperinflação galopante. Ainda não conseguiu sequer delimitar suas fronteiras marítimas com seus vizinhos, ou seja a paz fracassou. Segmentos de sua população lutam em outros países, armados com centenas de milhares de foguetes e armas.
Durante a missão da Unifil MTF, muitos êxitos, porém muitas lições a serem aprendidas. Durante este período, o governo do Líbano transformou-se em um estado falido, sem o controle único de armas no seu território. Para futuras operações, há de se registrar os pontos fortes e fracos, nessa operação. O Líbano está muito próximo de um confronto com Israel, interferindo na Síria e refém desta economicamente, e sua população saindo em diaspora sem precedente. Com crise em vários cantos.
A explosão no Porto base da missão, ainda não explicada e julgado, deveria ter o acompanhamento diplomático necessário, por mera sorte a independência não foi atingida e vidas brasileiras ceifadas, tal qual aconteceu com a unidade de Bangladesh. Exigimos explicações, não passar de pano. A Unifil deveria exigir o mesmo e fracassou.
Aguardo o relatório final, especialmente sobre o que aprendemos e o que não pode ser endereçado.
Obrigado marinheiros e oficiais