ONU apela a países pela liberação de US$ 301 milhões às vítimas do tufão Haiyan. Navios de guerra dos EUA reforçam ajuda
No norte da Ilha de Cebu e na Ilha de Leyte, o cheiro dos corpos incomoda tanto quanto a fome. A depressão tropical Zoraida perdeu força, mas a chuva insistente atrapalha o acesso às localidades isoladas e a distribuição de ajuda. “Precisamos de água e de comida”, aponta uma pichação na porta de um mercado de Tacloban, a cidade mais afetada. Ante uma catástrofe humanitária de graves proporções nas Filipinas, após a passagem do tufão Haiya, na sexta-feira, a Organização das Nações Unidas (ONU) apelou à comunidade internacional pela liberação de US$ 301 milhões (cerca de R$ 702 milhões). “Acabamos de lançar um plano de ação centrado em alimentação, saúde, saneamento, alojamento, retirada de destroços e proteção dos mais vulneráveis. (…) Esse plano chega a US$ 301 milhões”, disse Valerie Amos, secretária-geral para a Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (Ocha).
Uma operação de guerra foi montada por Estados Unidos, Reino Unido e Austrália para a entrega de suprimentos a 800 mil desabrigados. Do Japão, 90 marines (fuzileiros navais) e marinheiros embarcaram para Tacloban a bordo de dois cargueiros Hércules C-130. O Pentágono deslocou para a região o porta-aviões USS George Washington, os cruzadores USS Antietam e USS Cowpens, e os destróieres USS Mustin e USS Lassen. O navio de guerra britânico HMS Daring deixará Cingapura rumo às Filpinas, unindo-se ao avião de transporte C-17 da Força Aérea Real. A Austrália prometeu contribuir com US$ 9,38 milhões em lona impermeável, sacos de dormir, mosquiteiros, água e kits de primeiros socorros e de higiene. O Brasil anunciou US$ 150 mil em doações.
Por telefone, Elisabeth Byrs, porta-voz do Programa Mundial de Alimentos da ONU (WFP, pela sigla em inglês), explicou ao Correio que ao menos US$ 83 milhões dos US$ 301 milhões seriam destinados a alimentos, logística e telecomunicações. “As necessidades prioritárias são comida, saneamento e abrigos. A infraestrutura das áreas afetadas foi destruída. A devastação cobre 600km e totaliza 7 mil ilhas. Há muitos locais nos quais não tivemos acesso. Do aeroporto até o centro de Tacloban, nossa equipe levou seis horas para percorrer 11km”, afirmou, de Genebra.
Byrs contou que o WFP aplicou US$ 2 milhões na compra de kits de biscoitos altamente energéticos. “Estamos enviando às Filipinas 161t desses produtos, por serem mais fáceis de distribuir e bastante nutritivos, além de não exigirem preparação”, disse. O escritório da Ocha em Dubai preparou a remessa de 2.000t de água, além de arroz.
O brasileiro José Graziano da Silva, diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), alertou para graves danos aos setores agrícola e da pesca e pediu a liberação de US$ 24 milhões para investimentos nessas áreas. De acordo com ele, a devastação pode provocar efeito profundo sobre a cadeia de suprimentos e a segurança alimentar nas regiões arrasadas.
Em Cebu City, a filipina Aiko Ponce, 20 anos, tenta se alistar como voluntária e chegar ao norte da ilha. “Eu tentei contato com amigos, mas não há sinal de celular, e a eletricidade foi cortada”, disse ao Correio, por meio da internet.
“Estou aterrorizada com a tragédia, mas sei que Deus está conosco.” Ela contou que, por volta de meio-dia de ontem (2h em Brasília), a terra tremeu forte. O abalo de 4,8 graus na escala Richter disseminou o pânico. “Eu estava no shopping e vi mães fugindo com suas crianças.”
Especialista em furacões pela Universidade de Miami, Brian McNoldy explicou que a depressão tropical Zoraida transformou-se em “área de pressão baixa”, mas levou chuvas esparsas à região. “Qualquer tipo de tempestade é indesejável em um país que tenta se recuperar de um imenso desastre”, observou. O último balanço de vítimas do tufão Haiyan era de 1.774 mortos e 2.487 feridos. As autoridades revisaram os prognósticos iniciais — que apontavam 10 mil mortos — e disseram esperar que entre 2 mil e 2,5 mil pessoas tenham morrido.
7 mil
Número de ilhas, espalhadas por uma superfície de 600km, devastadas pelo tufão Haiyan.
Eu acho…
“Cerca de 40% da população filipina é formada por crianças. Um terço delas sofre de desnutrição. Será uma prioridade atendê-las. Já mantemos um programa regular nas Filipinas que atende 2,1 milhões de pessoas.
Temos que ser muito cuidadosos e organizar a logística em Cebu e em Tacloban, trabalhando próximo às autoridades. Também precisamos liberar os aeroportos da região.”
Elyzabeth Byrs, porta-voz do Programa Mundial de Alimentos da ONU (WFP) “O Haiyan foi um tufão bastante intenso, mas não sem precedentes. O que causou tamanho desastre foi o fato de ela ter tocado a terra em uma área muito populosa e com construções rústicas. A tempestade teria sido muito ruim, mesmo se houvesse uma infraestrutura melhor e uma boa estratégia de retirada dos moradores.
A região afetada era bastante vulnerável.” – Brian McNoldy, especialista em furacões pela Universidade de Miami
Serviço
Interessados em ajudar as vítimas da tragédia nas Filipinas podem fazer doações pela internet para organizações internacionais. Confira alguns endereços:
Cruz Vermelha: ushare.redcross.org.ph
Unicef: donate.unicef.ph
Programa Mundial de Alimentos/ONU: www.wfp.org/donate/typhoon-philippines
International Medical Corps: internationalmedicalcorps.org/how-you-can-help/Philippines
de que adianta enviar destroyeres e porta aviões? tem que enviar navios de desembarque pesado e ajuda e navios hospitais em meu ponto de vista…e tem mais, é obrigação de todos membros da ONU ajudar pois todos nós estamos sujeitos a esse tipo de desastres e ainda mais sabendo que ha muitas vidas de crianças inocentes em jogo…
o brasil deveria enviar o almirante sabóia carregado de ajuda urgentemente pra lá
É nestas horas que um LPD (Mistral, Enforcer, San Antonio ?) faz diferença. Seria um delírio pensar algo parecido para o Brasil?
Outra coisa, seria outro delírio imaginar pelo menos uns quatro C-17 Globemaster III ? Temos exemplo de outros desastres naturais bem aqui pertinho.
Pois é, mas não sei se o Brasil investiria em algo desse nível sendo que um dos projetos da FAB principal é o Kc-390.
E como sabemos que o “cobertor é curto”.