Chanceler iraniano e Kerry debateram programa nuclear de Teerã lado a lado
Após encontro, Zarif diz que negociação poderia ser concluída em 1 ano; americano cogita revisar sanções contra o Irã. Numa aproximação inédita em 34 anos –desde a Revolução Islâmica, em 1979, quando romperam relações–, EUA e Irã estiveram juntos oficialmente ontem em uma mesa de negociações.
O secretário americano de Estado, John Kerry, e seu colega iraniano, Mohammad Javad Zarif, sentaram-se lado a lado para discutir o programa nuclear do Irã, sobre o qual há a suspeita de ter fins militares. Eles estavam acompanhados dos chanceleres do Reino Unido, França, Rússia, China e Alemanha –demais países que integram o grupo de negociação P5+1.
O esforço de conciliação ganhou impulso após a posse do moderado Hasan Rowhani na Presidência do Irã, em agosto.
Zarif e Kerry tiveram uma breve reunião a dois, em que puderam “explorar um pouco mais as possibilidades” de diálogo, nas palavras do secretário americano.
Após a reunião, Zarif deu uma palestra em Nova York e disse que primeiro é preciso definir os “perímetros” das negociações e, depois, avançar para “finalizá-las, esperançosamente, no prazo de um ano”.
Em entrevista à rede de TV CBS veiculada parcialmente ontem à noite, Kerry afirmou que os EUA poderiam “ajustar o regime de sanções”, mas desde que “fique claro estar em marcha um processo transparente, em que saibamos exatamente o que o Irã está fazendo com seu programa [nuclear]”.
Anteontem, Rowhani dissera ao “Washington Post”, que quer chegar a um acordo com o Ocidente num prazo de três a seis meses. À CBS Kerry afirmou que é “possível” trabalhar com essa projeção.
Segundo Catherine Ashton, chefe de diplomacia da União Europeia que participou da reunião, foram definidos parâmetros para a nova rodada de negociações, marcada para 15 e 16 de outubro, em Genebra (Suíça).
TENSÃO COM ISRAEL
Mais cedo, o presidente iraniano Hasan Rowhani cobrou que Israel assine o TNP (Tratado de Não Proliferação Nuclear). O acordo tem 189 signatários, entre eles o Irã.
Rowhani disse que Israel deveria se unir “sem atraso” ao pacto.
Segundo o chefe da delegação de Israel na ONU, Yuval Steinitz, Rowhani quer “desviar o foco”.
FONTE: Folha de São Paulo