Por Alencar Izidoro
A Embaixada do Brasil na Coreia do Sul mantém um plano de fuga oficial para a retirada de brasileiros que vivem no país devido à possibilidade de conflito envolvendo a Coreia do Norte.
O documento é controlado por um adido militar e traça a estratégia para acionar e organizar a saída de 1.200 brasileiros que se cadastraram na embaixada, parte deles com dupla cidadania, conforme orientação dada a todos que vivem na Coreia do Sul.
Nos últimos dias, a península Coreana esteve sob tensão elevada diante da troca de ameaças entre EUA e Coreia do Norte, que faz de Seul um alvo potencial.
Os EUA enviaram um porta-aviões e outras embarcações militares para a região e seu presidente, Donald Trump, adotou um discurso mais duro. O regime de Pyonyang reagiu e disse estar pronto para a guerra.
O embaixador do Brasil na Coreia do Sul, Luís Fernando de Andrade Serra, avalia que, após um “pico de apreensão” no último sábado (15), na comemoração do 105º aniversário do fundador da Coreia do Norte, Kim Il-sung, a situação tende a ficar mais calma.
A data foi marcada com um desfile militar em Pyongyang em que foram exibidos novos mísseis balísticos e com um teste fracassado de lançamento de foguete.
Andrade Serra diz ser sua obrigação estar preparado para um agravamento da situação. “O plano de fuga está pronto”, disse à Folha. “Mas tranquilize os parentes. O clima na cidade está normal, e as pessoas estão nas ruas como sempre.”
O aprofundamento da tensão na política externa do país não afetou a rotina em Seul, que teve pontos de lazer e de turismo cheios no final de semana ensolarado –as cerejeiras floridas são uma das atrações da metrópole nesta época do ano.
Três jornalistas coreanos com quem a reportagem se encontrou avaliam que as repetidas ameaças de Pyonyang ao longo de décadas já não produzem mais medo na população.
O país, no entanto, está constantemente preparado. As estações de metrô e as sedes das subprefeituras são consideradas locais de proteção para o caso de eventuais ataques do país vizinho.
O momento de incerteza na política externa ocorre em meio a turbulências recentes na política interna, devido ao impeachment e à prisão da presidente da República, Park Geun-hye, num escândalo com repercussão semelhante à da Operação Lava Jato no Brasil.
Com isso, a Coreia do Sul está com um governo provisório e terá novas eleições em maio deste ano.
Conglomerados empresariais como Samsung, Hyundai e LG são suspeitos de fazerem doações a fundações da melhor amiga de Park em troca de favores. As empresas negam irregularidades.
O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), esteve na semana passada em Seul reunido com essas e outras empresas em busca de parcerias para a capital paulista.
Parentes
O embaixador Andrade Serra, que está há um ano na Coreia do Sul, admite que a existência de um plano de fuga oficial, com protocolos a serem seguidos em caso de conflito, não é frequente mundo afora. Ele próprio já passou por dez países ao longo de sua carreira, incluindo Cingapura e Gana, e apenas na Coreia do Sul se deparou com essa condição.
A embaixada não permitiu acesso da Folha a detalhes do documento sob a justificativa de que ele contém informações sigilosas. Mesmo com os desdobramentos mais recentes expostos no noticiário, nenhum brasileiro que vive em Seul chegou a procurar a embaixada na última semana. “Quem às vezes liga e se preocupa são os parentes. Quem mora aqui já está acostumado”, diz Andrade Serra, que tampouco foi procurado por representantes do governo Michel Temer (PMDB).
A embaixada avalia não ser necessário contatar os brasileiros em território coreano para dar qualquer orientação neste momento –na avaliação de Andrade Serra, isso poderia causar pânico desnecessário.
Mike Pence
O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, chegou neste domingo a Seul para debater as crescentes tensões na região. “Garanto que, sob a liderança do presidente Trump, nossa posição nunca foi tão forte. Nosso compromisso com a aliança histórica com o bravo povo da Coreia do Sul nunca foi tão forte”, disse Pence em evento com militares americanos no país.
O vice-presidente pousou em Seul um dia depois do lançamento fracassado de míssil norte-coreano.
Um assessor de Pence disse a jornalistas, em condição de anonimato, que o projétil voou por cinco segundos antes de explodir. “Foi um teste fracassado. Não precisamos reforçar o fracasso deles e gastar recursos contra isso”, disse.
A visita de Pence à Coreia do Sul deu início a seu giro de dez dias pela Ásia e Oceania. O vice-presidente também visitará Japão, Indonésia e Austrália.
FONTE: Folha de SP
Andre,
o ditador não fez nada diferente do que ele e seus antecessores sempre fizeram. A única coisa que mudou foi a postura dos EUA.
O plano secreto é…pegar um avião para o Japão e, de lá, outro para o Brasil.
Se o Japão for atacado também, o negócio é ir direto para os EUA.
Se o aeroporto for bombardeado, eles se esconderão onde puderem por lá mesmo.
Duvido que haja algo organizado…
Bandeira coreana errada.
A Folha poderia ter aproveitado e pego as impressões com o pessoal da embaixada brasileira em Pyongyang também.
Primeira notícia que vejo do Brasil associado á crise asiática. Fico me perguntando o que levou o ditador a se comprometer nesse interesse em desafiar a maior potência bélica atual. Porque ele? Porque agora? Ele está fazendo o que o pai deveria ter feito? Está querendo provar para seu povo do que é capaz? Será que tem a mão pesada da Rússia por trás dessa valentia? O que ele quer demonstrar para o mundo com essa atitude? Putin está quieto demais para uma situação tão delicada perto de seus domínios.