Por Beatriz Mendes
Recentemente, ocorreu a divulgação dos resultados da eficácia do sistema de monitoramento e vigilância utilizado pelos agentes de segurança pública no Equador, o qual provém de tecnologia chinesa. O sistema “ECU 911” foi implantado através de um acordo de cooperação firmado entre os governos chinês e equatoriano em 2016, fato que simbolizou o início de maior aproximação entre as partes.
Na ocasião, o chanceler Wang Yi também afirmou que a China ajudaria o país andino a deixar de ser exportador de matérias-primas para concretizar o projeto de industrialização voltado para produtos de alto valor agregado. Um dos principais projetos era a modernização da matriz energética do país, sobretudo no setor hidrelétrico no entanto, o que se tem são diversos projetos de infraestrutura com pouca ou nenhuma transferência de tecnologia, ocasionando uma relação de dependência do Equador em relação ao Estado asiático.
Desde 2010, os investimentos diretos chineses no país sul-americano totalizaram mais de US$ 15 bilhões, voltados, sobretudo, para os setores de energia, infraestrutura e transporte. Ademais, a China se expressa atualmente como a maior credora do Equador, a dívida com o país asiático chega a 38,7% do PIB. Grande parte desses acordos de empréstimos deverá ser quitada com a venda de petróleo da estatal Petroecuador para a PetroChina International Co., o que direcionará o petróleo bruto equatoriano para Pequim até 2024.
A expansão das relações do Equador com a China integra um panorama regional, a partir da intensificação dos investimentos e do intercâmbio comercial, especialmente em países nos quais a influência dos Estados Unidos esteve pouco presente. Nesse sentido, o aumento da presença chinesa inaugura um novo modus operandi em relação à sua postura diplomática de não interferência na política interna de outros Estados, uma vez que os financiamentos de Pequim na região surgem sem exigências de orientação das políticas econômicas.
Dessa forma, esse panorama revela uma conjuntura de maior afastamento dos EUA frente a uma abertura chinesa cada vez maior. Com isso, a definição das diretrizes estratégicas dos governos sul-americanos indicará o tamanho do papel que a China terá na região nos próximos anos.
FONTE: Boletim Geocorrente