Por Régis Soares
Os veículos aéreos não tripulados são “novidade” no Brasil e seguem cada vez mais em ascensão, mas esse nome ainda é desconhecido por muitos. Quando falamos de aeronaves que não necessitam de pilotos para serem guiadas, nos referimos aos agora famosos drones. Se essa palavra vem à cabeça, é natural que pensem que esse dispositivo é apenas mais um “brinquedinho” tecnológico que veio para ficar, porém, ele foi criado para fins muito mais sérios.
Pode parecer curioso, mas o surgimento dos drones lembra bastante o surgimento da internet, já que, nos primórdios, ambos possuíam funções militares. Esses veículos aéreos não tripulados eram utilizados para não colocar a vida de soldados em risco, economizar recursos, provocar maior dano no inimigo e, além disso, permitir uma visão amplamente aérea de territórios, pois serviam como apoio, meio de ataques e até para enviar mensagens.
A história diz que eles foram desenvolvidos e usados pela primeira vez nos Estados Unidos por volta de 1959, em missões de espionagem, porém, esse programa de aviões só foi admitido pela força aérea do país em 1973. Após 21 anos, em 1994, os norte-americanos passaram a testar os drones carregados de armas de fogo para os confrontos militares, mas só em outubro de 2001, na invasão dos EUA ao Afeganistão, é que a primeira aeronave não tripulada foi realmente empregada para combate.
Se o assunto é espaço aéreo, a privacidade entra no mesmo contexto. Aqui no Brasil, no período militar, por exemplo, se uma pessoa fosse detida ou tivesse acesso a uma foto aérea, ela seria automaticamente presa, pois se tratava de imagem de solo de território nacional. De lá para cá, em “pouco espaço de tempo”, os brasileiros que antes não tinham mapas nas mãos, hoje criam e interagem mapas, utilizam imagens de satélites – que antes eram só para fins militares – e, para isso, precisam de inteligência para processamento.
É a partir daí que entram as empresas de geotecnologia com mecanismos, aplicativos, softwares, análises espaciais para ajudar qualquer tipo de pessoa na tomada de decisão correta e, mais do que isso, uma ação.
Com o avanço dos drones e com esse mercado cada vez mais em alta, já não basta mais para as empresas investirem apenas na fabricação desses dispositivos que coletam imagens: é preciso ter ferramentas para analisar os dados. Pensando nisso, a Esri, empresa do setor de análise espacial e Sistemas de Informações Geográficas, representada pela Imagem, distribuidora oficial no Brasil, desenvolveu para sua plataforma ArcGIS um novo aplicativo chamado Drone2Map, um software que transforma imagens de drones ainda brutas em produtos 2D e 3D para monitoramento, análise e inspeção, tornando as análises mais assertivas sobre quaisquer dados coletados.
Os drones são uma nova plataforma para coleta de dados que, na verdade, não é tão inovadora no âmbito nacional. É o que diz Abimael Cereda Junior, geógrafo e gestor de educação da Imagem, empresa que atua na área de Inteligência Geográfica há 30 anos e distribuidora oficial da Esri no Brasil. “Essa tecnologia não é tão nova assim. Acontece que só agora ela teve essa explosão midiática e, também, por conta dos preços que caíram demais.” Funcionalidade O Drone2Map funciona em qualquer tipo de drone e, através desses cálculos, o software processa as imagens e apresenta o resultado final para que o usuário possa fazer toda a visualização em duas e três dimensões no ArcGIS Pro ou mesmo outros softwares, que também estão na plataforma ArcGIS. Após toda a coleta de dados com um drone, tudo isso pode ser editado dentro de um programa para desktop, com linguagem simples para o usuário.
Público-alvo e papel na sociedade
De acordo com o geógrafo da Imagem, o Drone2Map permite que pessoas, empresas e governos trabalhem com mais rapidez na área de análise geográfica, podendo fazer modelos em três dimensões, mosaico das imagens captadas, entre outras coisas. “Nós temos soluções para pessoas físicas que ainda estão aprendendo sobre a área, universitários, empresários e governos. Inclusive, temos uma parceria com o Instituto Pereira Passos, no Rio de Janeiro, para coletar dados com smartphones para o que chamamos de Comunidades Inteligentes – Smart Communities.”
Além de ajudar a inspecionar áreas e realizar tantos feitos que a geotecnologia proporciona, ele também acredita que, com ela, temos a possibilidade de viver melhor, tomar decisões mais conscientes, conviver em harmonia e colaborar com o avanço da sociedade em diversos aspectos fundamentais. “Pelo fato de a Imagem ser uma empresa de 30 anos no mercado, nós já auxiliamos prefeituras, polícias e bombeiros, pois muitos desses órgãos já utilizaram e ainda utilizam nossa tecnologia. Posso até dizer que, ainda que indiretamente, já ajudamos a salvar muitas vidas”, diz ele em relação à influência de toda essa tecnologia.
Aperfeiçoamento da geotecnologia
Tudo isso faz parte de uma evolução natural de tecnologias que são passam por sofisticações com o decorrer dos anos, como o GPS, mapas espaciais, etc. “A revolução dos drones é uma parte da revolução dos mapas e análise espacial. Hoje, se você usa smartphone, o serviço de localização dele vai aprendendo seus hábitos de deslocamento, analisando dados de trânsito e tantas outras coisas. O Drone2Map usa cálculos matemáticos altamente complexos que levam em consideração até a altitude do terreno explorado, com uma visualização em 3D. Ele chega para unir tudo isso em uma só aplicação, é uma convergência digital”, diz Cereda Junior.
Tecnologia já explorada
Cereda ainda cita que a informação geográfica sempre foi muito importante, mas que por anos esteve apenas na mão de analistas, cartógrafos e que hoje esse poder está conosco, totalmente acessível e que pode ser encontrado em diversas plataformas, como em games. “Você pode observar o poder do Minecraft e, principalmente, do SimCity – em que o jogador pode construir e administrar uma cidade -. Lá atrás, no fim dos anos 80 e começo dos 90, o SimCity para o DOS – sistema operacional adquirido pela Microsoft na década de 80 – já tinha uma ferramenta de análise para mostrar onde estava faltando bombeiro, polícia, locais em que a poluição estava alta, etc. O Drone2Map é só uma ponta do iceberg.”
Lançamento e valores
O Drone2Map ainda está em versão beta e será lançado oficialmente durante o User Conference 2016, evento que acontece de 27 de junho a 1 de julho, em San Diego, Califórnia. O processo de licenciamento da Esri é entender qual a necessidade dos usuários e saber se esses clientes são pessoas físicas, empresa ou governo. Por este motivo, os preços são diferenciados para cada fim, e ainda não existe um valor fixo estipulado para a aquisição do software, pois eles contam com um departamento especializado para verificar cada um desses perfis. A maior expectativa com o Drone2Map é que seja uma ferramenta cada vez mais explorada e utilizada, para que decisões mais rápidas sejam tomadas na sociedade.
FONTE: CANALTECH