Por Luiz Padilha
O Sr. Armando Repinaldo, Diretor da Logsub Projetos de Defesa LTDA, recebeu o DAN em seu escritório para nos mostrar algumas soluções que a empresa tem apresentado para a Marinha do Brasil.
Na oportunidade, conversamos sobre algumas soluções que poderiam vir a ser implantadas não apenas pela Marinha do Brasil como também pela iniciativa privada na área naval.
Syncrolift
DAN – A LogSub fechou um contrato para um equipamento Shiplift da Syncrolift dentro do programa PROSUB e atualmente ele é amplamente utilizado para a movimentação dos submarinos pelo estaleiro ICN. Existe outra possibilidade para que a LogSub venda outro produto da Syncrolift no Brasil?
Repinaldo – Sim, a princípio não na Marinha do Brasil, mas a Syncrolift encaminhou recentemente Propostas de Projetos para Estaleiros nas Regiões NE, SE e Sul, além de termos visitado dois importantes estaleiros nacionais que estão construindo navios para a MB, em ambos os casos oferecemos soluções tecnológicas que podem melhorar as suas capacidades de lançamento e aumentar a segurança.
Como a Tecnologia do Syncrolift é dos anos 70 também temos Projetos de Modernização e Upgrade apresentados aos sistemas existentes na Base Naval de Aratu (SELENA) e no Estaleiro Detroit em SC.
DAN – O Shiplift poderia ser instalado por exemplo, no AMRJ?
Repinaldo – A princípio sim, mas é importante entender que o Syncrolift ou Shiplift é um investimento elevado e só se justifica quando está associado a uma área de parqueamento de navios, assim o Syncrolift e o seu sistema de transferência pode movimentar diversos navios ao mesmo tempo maximizando a capacidade de reparo e manutenção da atividade industrial do estaleiro, no caso do AMRJ especificamente, que é uma ilha quase 100% ocupada por oficinas, o investimento em um Syncrolift não se justifica pela existência dos diques secos, no entanto a Syncrolift desenvolve também projetos de lançamento e recolhimento de navios por rampas ou carreiras (slipway), nesse caso a empresa irá propor a MB um projeto de revitalização e modernização das duas carreiras lá instaladas e que estão inoperantes desde os anos 90.
DAN – Existem modelos com capacidades distintas? Qual a capacidade mínima e máxima em Toneladas que a Syncrolift possui?
Repinaldo – Existem elevadores de navios pequenos, por exemplo: Estações de Pesca no Mar do Norte para pequenos Barcos de Pesca e elevadores para Navios Mercantes de mais de 250m. Recentemente o Estaleiro COTECMAR em Cartagena, iniciou estudos para instalar um Shiplift com capacidade de atender a demanda de reparos de Navios Mercantes Classe PANAMAX (220 m) que atravessam o Canal do Panamá na região.
Navio Caça Minas
DAN – Recentemente surgiu a informação de que o estaleiro alemão Abeking & Rasmussen possui um projeto para um Navio Caça Minas (NCM) e o mesmo estaria sendo oferecido à Marinha do Brasil. Sobre essa proposta, o senhor poderia nos apresentar as vantagens que ela possui?
Repinaldo – Sim, o Estaleiro Abeking&Rasmussen (A&R) construiu recentemente dois Navios Caça-Minas para a Marinha da Indonésia, o MHV-60, no entanto não estamos propondo a construção dessa classe para a Marinha. A LogSub e a A&R propuseram a MB desenvolver uma nova Classe de Navios Multipropósito (MMPV), em parceria com a EMGEPRON, adaptando o atual Projeto do NPa 500 dessa empresa ao Projeto do MHV-60, que são semelhantes em dimensões e deslocamento, assim essa nova classe de navios, um projeto comum entre a EMGEPRON e a A&R, poderia atuar também como um Navio Patrulha (NPa), mas com capacidade de realizar missões da Guerra de Minas.
Suas principais vantagens seriam:
- Redução e economia de recursos pois o MMPV pode substituir duas classes de navios distintas e necessárias a MB (NCM e NPa);
- O desenvolvimento da tecnologia para operações de MCM na MB, com sistemas comerciais de alta tecnologia, como por exemplo, ROV, AUV, sistemas de sonar, etc., e que são organizados como sistemas modulares para flexibilizar o cumprimento de várias e diferentes missões. Os sistemas modulares (contêineres) permitem o transporte rápido e fácil por avião, caminhão, trem ou navio e sua manutenção e atualização são mais simples e baratas, não imobilizando o meio;
- O MMPV pode ser construído em aço não magnético ou aço carbono normal, o que possibilita sua operação dentro e fora de campos minados quando totalmente equipado com os sistemas remotos, tais como ROV, AUV e/ou USV.
As principais vantagens do uso de aço de baixo magnetismo são:
- Alta resistência ao choque e impacto de uma explosão submarina;
- Baixa assinatura magnética;
- Alta resistência ao fogo;
- Alta flexibilidade para reparo e manutenção em comparação com o uso de compósitos; e
- Principalmente o seu baixo custo de manutenção no ciclo operativo do meio.
DAN – Na proposta está inclusa a Transferência de Tecnologia para a construção local dos NCMs pela Marinha?
Repinaldo – Assim como aconteceu com a Marinha da Indonésia na construção dos MHV 60 na Alemanha, a ToT a ser proposta para a MB abrangerá todas as fases do processo de obtenção, planejamento e construção, para permitir que a MB construa todos ou parcialmente os navios no Brasil. A ToT inclui, mas não se limita a:
- Treinamento básico de MCMV com a capacidade de entender os princípios de guerra de minas e construção dos MMPV;
- Capacidade de criação e organização de um Cluster Marítimo no Brasil para que a indústria nacional se capacite a manter o meio de forma autóctone;
- Intenso treinamento local para a manutenção e garantir a aquisição de conhecimentos e habilidades para tal;
- ToT para o Projeto da Plataforma com o propósito de transferência de conhecimento de como projetar, construir e modernizar o Projeto no futuro;
- Treinamento intensivo nos sistemas embarcados, incluindo o sistema Syntacs, que executa o planejamento e controle da missão MCM;
Além de todos os cursos necessários para preparar a MB para esses novos conceitos da Guerra de Minas.
DAN – Existe nessa proposta, a possibilidade da Abeking & Rasmussen adquirir um estaleiro no Brasil para a construção deste tipo de navio, caso haja interesse da Marinha?
Repinaldo – A A&R já está conversando com estaleiros locais para futuras parcerias na construção naval, não só dessa classe de navios mas também de outras, tais como os navios de tecnologia SWATCH que apresentamos a MB para os Futuros Navios Hidrográficos (NHi).
DAN – Com relação aos equipamentos a serem utilizados pelo NCM, o que o senhor poderia adiantar?
Repinaldo – Conforme apresentado acima o MMPV operaria o Sistema SYNTACS de Controle e Guerra de Minas, Sonar de casco para busca de Minas e um UAV / ROV próprio, de projeto da A&R e que usa a tecnologia de casco SWATCH.
DAN – O NCM proposto possuirá uma câmara hiperbárica para os mergulhadores?
Repinaldo – Sim, dentro do conceito Multimissão os módulos de MCM incluem uma câmara hiperbárica para os mergulhadores.
DAN – Durante a última Colombiamar em Cartagena, o senhor falou sobre a possibilidade do NCM servir também como um Navio Patrulha. Poderia explicar como ele desempenharia essa função?
Repinaldo – Como expliquei acima o MMPV com sua capacidade modular pode cumprir as mais diversas missões desejadas pela MB, desde a Guerra de Minas, a de Patrulha Naval até tarefas mais complexas como Guerra de Superfície (como uma embarcação lança mísseis) e de Guerra Anti-Submarino.
Para o cumprimento dessas diversas missões o navio terá módulos específicos que podem ser adaptados ao meio em poucas horas e que racionalizariam a aquisição de diferentes classes de navios para o cumprimento das missões.
DAN – Existe alguma proposta além do NCM fazer patrulha naval, quanto a possibilidade dos equipamentos serem embarcados no futuro Navio Patrulha 500 da Marinha?
Repinaldo – Como expliquei o MMPV seria uma classe desenvolvida em conjunto com a MB e adaptando o NPa de 500 para receber todos os equipamentos multi-missão.
DAN – Um navio concebido para uma função, ter que desempenhar outra, não poderia ocorrer dele nunca fazer bem nenhuma das duas?
Repinaldo – Todos os atuais projetos de Navio e aí incluo a nova Classe Tamandaré, usam o conceito de modularidade, que veio para ficar e racionalizar os custos e orçamentos navais. Não acredito que um projeto tão inteligente e já testado em outra Marinha possa falhar em alguma missão. Ressalto que o Conceito Modular ainda apresenta essa vantagem, a correção de falhas ou a sua evolução é muito mais simples por ser modular e não precisar revisar ou corrigir todo o Projeto de uma Classe de Navio.
Na LAAD que se aproxima, poderemos ver de perto as propostas que a LogSub e as empresas parceiras (Syncrolift e Abeking & Rasmussen) irão apresentar. Abaixo, mais características do projeto da Abeking & Rasmussem.
Prezados, desculpem o comentário caso esteja fora da realidade. Se não me falha a memória, na oferta do caça minas sueco, que e produzido de materiais compósitos, também foi oferecido a fabricação no Brasil. Tendo em vista que já utilizamos materiais bélicos de produção sueca tais como o similar do Igla que o EB utiliza e os próprios aviões que a FAB adquiriu e que possa ser que ainda entre nesse rol os radares móveis, não seria interessante em vista do recente embargo alemão de venda do nosso Guarani, acho que a Suécia é mais confiável nesses parâmetros.
Não esta fora da realidade e faz total sentido meu caro !!!
O embargo alemão era para as Filipinas e não para o Brasil, que foi afetado de forma indireta.
Como é improvável que o Brasil exporte navios caça-minas, não há razão para temer que a Alemanha embargue exportações brasileiras desse navio.
Ademais, não é difícil que o navio sueco use componentes alemães.
O Brasil deve comprar o navio que melhor atender suas necessidades.
Boa a matéria. Interessante o conceito de multiproposito da embarcação. Da minha pequenez, acho q vale a pena nas nossas condições, e mesmo se custar caro ( $), vale a pena, pois miséria atrai miséria.
Abraços.
Tomara que caminhe e vejamos o navio nas cores da MB, esta classe é urgente na nossa marinha.
Boa opção, se for construído aqui.