Por Luiz Padilha e Guilherme Wiltgen
Neste 12 de Maio de 2021, a Força de Minagem e Varredura (ForMinVar) comemora 60 anos desde sua criação em 1961, e o “Jubileu de Ouro” do Navio Varredor Aratu (M 15) que durante 1563,5 dias de mar e 210.563,90 milhas navegadas, contribuiu para a formação de tripulações aptas para a Guerra de Minas na Marinha do Brasil (MB).
Como tudo começou?
A Força de Minagem e Varredura foi criada em 12 de maio de 1961 para executar e planejar Operações de Minagem e Contramedidas de Minagem, para a proteção da navegação na costa brasileira. Inicialmente era subordinada ao 1º Distrito Naval e tinha como meios, os navios varredores Javarí e Jutaí, recebidos da Marinha americana. Em 1963, após receber os navios varredores Juruá e Juruena e os navios patrulha Piranha, Piraquê e Pirapiá, passou à subordinação da Esquadra.
Em 1967 passou a chamar-se Esquadrão de Minagem e Varredura, e em 1971, os navios patrulha foram transferidos para o Grupamento Naval do Sul e o Esquadrão, com seus quatro navios varredores foi transferido para a Bahia, ficando sediado na Base Naval de Aratu.
Visando a modernização do Esquadrão, a Marinha encomendou a construção de seis novos navios varredores à Alemanha, recebendo entre novembro de 1971 e dezembro de 1972 os quatro primeiros, que foram batizados com os nomes Aratu, Anhatomirim, Atalaia e Araçatuba.
Em 1975 os antigos navios varredores deixaram o Esquadrão e passaram a subordinação do 2º Distrito Naval, bem como o próprio Esquadrão, contando agora com os quatro novos navios varredores. Em 1976, chegam os novos navios varredores Abrolhos e Albardão, últimos da sua classe a serem recebidos.
A Marinha do Brasil, atenta às necessidades da Guerra de Minas, decidiu restaurar a capacidade operativa da Força de Minagem e Varredura executando, no período de 2001 a 2007, a revitalização dos seus meios.
Realizada nas instalações da Base Naval de Aratu (BNA), a revitalização envolveu a desmontagem e a retirada de bordo de quase todos os equipamentos, seguida da docagem dos navios por meio do Sistema Elevatório de Navios (SELENA). A partir da docagem, os navios foram deslocados para um galpão coberto construído especificamente para a revitalização.
Um dos principais itens dessa revitalização, foi a substituição de todo o madeirame do convés principal e do tijupá, que, totalmente projetada e desenvolvida pela BNA, consistiu na retirada, em média, de 225 m² de madeira original (mogno africano ou Kaya) e posterior instalação da nova madeira Itaúba. Tal substituição apresentou vantagens em termos de custo e facilidade de aquisição no mercado nacional, mantendo as mesmas características de resistência estrutural.
Foram feitas também a substituição dos conversores, chaves do Sistema de Proteção Magnética (SPM), do Radar de Busca de Superfície, instalação de DGPS e Ecobatímetro, dos compressores de ar condicionado, dos MCA e a substituição da supervisão dos MCP por um sistema digital de fabricação nacional.
O resultado dos testes e provas de mar nos navios varredores após o processo de revitalização apresentou resultados acima dos esperados. Adquiridos na década de 70, os seis navios varredores necessitavam dessa reforma para que permanecessem em serviço, sem que sua capacidade operativa fosse comprometida pelo estado físico do material, ou defasagem tecnológica.
Essas embarcações são de vital importância para a navegação com segurança de Forças Navais e navios mercantes por águas onde haja ameaça de minas.
São anos de dedicação ao estudo, à manutenção dos equipamentos, à formação de várias gerações de Oficiais e Praças, e ao aperfeiçoamento da técnica para cada vez mais, aprimorar as varreduras mecânica e de influência acústica ou magnética, daqueles que podem ser considerados verdadeiros “homens de ferro em navios de madeira”.
Força de Minagem e Varredura em ação
A ForMinVar esteve presente durante diferentes exercícios da esquadra desde sua criação, mas vamos pontuar com destaque os mais recentes.
Em 2017 ocorreu a Operação DRAGÃO XXXVII, e a ForMinVar atuou através dos Navios Varredores NV Albardão (M 20) e NV Atalaia (M 17), varrendo o canal em Itaoca-ES, efetuando o lançamento de Boias de Demarcação de Canal Varrido e guiando os navios da Esquadra, como o NDM Bahia, NDCC Sabóia entre outros presentes, com total segurança até a área de desembarque.
O veículo autônomo submarino “AUV REMUS-100”, controlado remotamente, mapeou o leito oceânico na região, visando as operações dos futuros Navios Caça Minas da MB. No retorno para sua base em Aratu-BA, os navios realizaram uma corrida de varredura na raia acústica na área de Arraial do Cabo.
ASPIRANTEX 2018
Durante a edição da Aspirantex 2018, os aspirantes puderam embarcar no NV Albardão (M 20), afim de acompanhar os exercícios de varredura de influência acústica e magnética. Durante esta etapa, os navios visitaram o Porto de Maceió.
Operação PASSEX
Com a visita da Fragata Baden-Württember (F 222), da Marinha Alemã, nas proximidades do porto de Salvador, realizando Lançamento de Boias de Demarcação de Canal Varrido e posterior Guiagem em Canal Varrido.
O Futuro
Com o descomissionamento do NV Albardão (M 20), programada para o final do mês de Maio, o ComForMinVar precisará se adequar a cumprir suas funções com um “jogador” a menos.
A necessidade do reaparelhamento da Força de Minagem e Varredura é algo bastante discutido tanto internamente quanto externamente, pois as ameaças estão sempre evoluindo e para combatê-las, é necessário que a ForMinVar esteja aparelhada com equipamentos modernos para poder fazer frente as novas e futuras ameaças.
Ter a presença dos navios da ForMinVar no Complexo Naval de Itaguaí é imperativo para a segurança da nevegação dos atuais e futuros submarinos do PROSUB, principalmente quando for ao mar o futuro submarino de propulsão nuclear Álvaro Alberto (SNB). Marinhas que operam submarinos nucleares ou com propulsão nuclear, não podem prescindir da proteção de modernos navios Caça Minas e ROVs, pois o preço a ser pago em caso de um “acidente” será muito alto.
Atualmente está em curso nas Marinhas da Inglaterra, Bélgica e Holanda, programas para o reaparelhamento de suas forças de minagem e contra minagem. Um novo padrão está sendo desenvolvido por essas Marinhas, onde, apesar da importância dos veículos submarinos autônomos, o Navio Mãe (MCMV) é fundamental.