O Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) já treinou 5.766 guerreiros desde 1966.
Por Cesar Augusto Modesto Borges
Se legiões de tropas estrangeiras invadissem o Brasil e tentassem ocupar os rios e vilarejos da Amazônia, os guerreiros treinados em combate na selva iriam silenciosamente avançar sobre o inimigo, usando a selva como seu aliado. Ao cair da noite, os guerreiros atacariam as bases principais do inimigo e, depois, retornariam às profundezas da selva, enquanto as tropas invasoras jamais saberiam que os peritos da selva local estavam esperando por eles.
Na selva, um simples erro de um sodado inimigo ativa uma emboscada dos guerreiros da selva, que atacam com metralhadoras e derrubam troncos sobre a cabeça de seus adversários de cima das árvores.
Os invasores sobreviventes podem tentar solicitar ajuda, mas a mata densa impede qualquer comunicação via rádio. E, se tentarem fugir, serão detidos por dardos envenenados lançados pelos soldados indígenas nas árvores.
O cenário é um exemplo de como os guerreiros da selva, que são militares treinados pelo Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) do exército, poderiam reagir a uma invasão.
O Exército Brasileiro criou o CIGS em 1964 depois de avaliar que lhe faltava uma unidade operacional capaz de utilizar a densa floresta amazônica do país em seu benefício. Desde então, o treinamento de guerra na selva realizado pelo CIGS é considerado o melhor de mundo.
Treinamento para combate na selva
O CIGS treina guerreiros da selva para combates irregulares, em vez de defender um ponto fixo, como fariam as unidades militares convencionais. Por exemplo, os soldados aprendem a deter os inimigos usando armadilhas e lançando ataques furtivos. Os guerreiros do CIGS aliam seu conhecimento da selva a ferramentas tecnológicas para combater na floresta.
Para os alunos, concluir o programa e ganhar o Brasão da Onça e o Facão do Guerreiro de Selva não é fácil. O curso é intensivo e ensina os membros em serviço a obter os meios necessários para sobreviverem e lutarem com sucesso.
Desde a primeira turma formada em 1966, 5.766 alunos concluíram o programa, incluindo os formandos de 2014, segundo informações do centro.
O CIGS realiza duas sessões de treinamento de 12 semanas por ano, oferecendo sete diferentes categorias de cursos de operações em selva.
“O CIGS é uma fundamental ferramenta de treinamento militar no maior e mais peculiar bioma silvícola do mundo”, diz o major Marcus Vinícius, chefe de Operações na Selva do CIGS. “Os candidatos ao curso são submetidos a avaliações médicas regulares, testes físicos e testes cognitivos.”
O programa é limitado a 100 candidatos por período de treinamento, dos quais em média 80% concluem o curso, enquanto 10% desistem, segundo o CIGS.
O processo de seleção é rigoroso e divide os estudantes em duas turmas de 50 alunos cada, comandadas por 40 instrutores – 20 oficiais e 20 sargentos.
Realizado em seis das sete bases espalhadas por uma área de selva fechada, com 1.152 km² e 95% de índice de preservação, o curso ocorre em uma região conhecida como “Quadrado Maldito”.
O treinamento se divide em três fases: Vida na Selva, Técnicas Especiais e Operações na Selva.
A primeira fase, que ocorre na primeira semana do programa, é considerada a mais desafiadora. Os alunos aprendem a se tornar mais fortes psicologicamente, resistir a doenças tropicais e encontrar comida e água na selva. Também aprendem a identificar plantas e animais perigosos e recebem treinamento físico militar.
Na segunda fase, durante a segunda, terceira e quarta semanas, os alunos aprendem topografia, com instalar e operar antenas de comunicação, uso de explosivos, como armar emboscadas e conduzir operações utilizando helicópteros e embarcações. Nessa fase, os alunos passam muito tempo na prática de tiro, onde utilizam cerca de 1.000 cartuchos de munição.
Desafios físicos
Os alunos também precisam provar sua aptidão física ao nadar e cruzar uma parte do Rio Negro, enquanto carregam uma mochila, um fuzil e outros equipamentos.
Depois de passar pelas duas primeiras fases, os alunos concluem uma série de missões durante as semanas 5 a 10 do programa, aplicando tudo o que aprenderam até o momento.
O treinamento, um período desafiador mental e fisicamente, é concluído com uma operação real de não guerra nos municípios de Tabatinga e São Gabriel da Cachoeira, no estado do Amazonas, e em Boa Vista, no estado de Roraima.
“[Em todas as fases de treinamento, o aluno] acorda às 4h50 e recebe treinamento físico militar às 5h. Toma café da manhã às 6h, recebe instruções das 7h às 11h50, almoça ao meio-dia, recebe mais instruções das 13h às 17h50 e janta às 18h”, diz o major Vinícius. “Finalmente, recebe as últimas instruções das 19h às 22h50 e ceia, passa por inspeção sanitária (higiene pessoal) e faz manutenção do seu armamento às 23h. Dorme à meia-noite. Essa rotina se repete por 10 semanas”, resume o major.
Preparar os estudantes para o combate em selva é importante, levando-se em conta a grande área de floresta no país.
“A Amazônia Legal é uma região que corresponde a mais da metade do território brasileiro, com aproximadamente 12.000 km de fronteira terrestre e 1.000 km de litoral”, disse o coronel Alfredo José Ferreira Dias, comandante do CIGS, à revista do Exército Brasileiro Verde-Oliva em sua edição de outubro de 2014. “Tudo isso, sob o ponto de vista militar, ressalta a importância do CIGS, que tem como principal missão especializar militares para o combate na selva, ao mesmo tempo em que realizam pesquisas e experimentações doutrinárias para a defesa e proteção da Amazônia e do Brasil.”
A origem da expressão “Selva!”
O CIGS tem uma rica e colorida história.
“Até meados da década de 1960, o Exército Brasileiro não dispunha de tropas nem militares especializados em combate na selva”, diz o major Vinícius. “Tal fato ficou claro diante da enorme dificuldade para realizar o resgate dos corpos das vítimas de um acidente aéreo com o avião Constellation, da Panair Brasil, em 1962. Morreram 50 pessoas e a operação durou mais de uma semana.”
A escola atualmente fica na mesma área onde ocorreu o acidente. Dois anos depois de seu estabelecimento por decreto presidencial, o CIGS realizou seu primeiro curso de treinamento, com uma turma para oficiais e outra para subtenentes e sargentos do Exército. O então major de artilharia Jorge Teixeira de Oliveira, conhecido como Teixeirão, foi o primeiro comandante do CIGS e tornou-se o patrono da escola.
“O Exército foi muito feliz na escolha do major Teixeira para o primeiro comando. Ele servia no Núcleo de Divisão Paraquedista, foi mandado ao exterior e, ao voltar, criou o CIGS do nada”, diz o coronel Nilton Correa Lampert, 11º comandante e aluno da primeira turma do CIGS.
O major Teixeira criou a expressão “Selva!”, que é usada pelos soldados do exército no Amazonas. É usada tanto para saudação como advertências.
Em 1969, o CIGS foi dividido em três categorias iniciais: A (para oficiais superiores), B (para capitães e tenentes) e C (subtenentes e sargentos). Em 2010, foi ampliado com as categorias D (subtenentes e primeiros-sargentos), E (oficiais de saúde), F (subtenentes e sargentos de saúde) e G (cadetes).
Além do exército, participam do curso combatentes da Marinha, da Força Aérea, forças auxiliares (Polícia Militar e Corpo de Bombeiros) e oficiais militares de 28 nações parceiras, incluindo as Forças de Operações Especiais dos Estados Unidos.
O oficial de Operações Especiais de Garantia dos EUA Javier Alejandro, do 7º Grupo de Forças Especais (Aéreas), de Fort Bragg, Carolina do Norte, formou-se no exigente curso em 2009.
Selecionado por sua fluência em português, o experiente Green Beret foi privilegiado e honrado a ser indicado para o curso, segundo o site news.soc.mil, das Operações Especiais dos EUA.
“Uma vez no Brasil, soube que a maioria dos oficiais que frequentaram o treinamento tinham treinado mais de seis meses para estar prontos para o curso”, diz Alejandro. “[O curso] exige muito fisicamente, e o fato de não estar acostumado com o clima [temperatura média de 32º C e 80% de umidade] poderia determinar se você passaria pela primeira semana de treinamento.”
O site do Comando de Operações Especiais destaca que a oportunidade de Alejandro treinar próximo de colegas brasileiros foi valiosa para expandir a importante relação entre as Forças Armada de Brasil e EUA.
Ao todo, 26 forças militares de outros países participaram do curso de Guerra na Selva, com um total de 444 formandos internacionais, segundo reportagem do site brasileiro G1. Desses, 15 são de países vizinhos das Américas, incluindo Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, República Dominicana, Equador, Guatemala, México, Panamá, Paraguai, Peru, Estados Unidos e Uruguai.
FONTE: Diálogo Américas
Caro Bardine,
Concordo em grande parte com sua visão de nação e povo brasileiro. Mas, em relação à incursão pela selva, e a existência do CIGS, não serve aquela máxima “é melhor ter e não precisar, do que precisar e não ter”? Além disso, a doutrina e estratégia de treinamento e atuação deles não é de uma força convencional, o que pode ser adequado para combater guerrilheiros e o narco tráfico. “A sorte do Brasil é que a plantação de coca não vinga do lado de cá da fronteira”, já ouvi um oficial do Exército declarar.
O Exército é menos caro mesmo. O único recurso em caso de invasão é uma guerra irregular com pequenas unidades. Qualquer “tiro de guerra” daria conta de adestrar seus reservistas pelo país afora para tais finalidades.
Seria interessante adestrar e equipar unidades para operações urbanas. No ambiente urbano é que a guerra moderna pega pesado, inclusive o narcoterrorismo estilo CV, PCC, etc.
Bombardeios aéreos nos pontos estratégicos colocariam o país de joelhos em 1 semana. A selva e as regiões escarpadas seriam as últimas a serem ocupadas.
Mas, além dos recursos materiais, precisaríamos dos recursos morais, que não temos. Nosso povo virou mercenário, só se move pelo intere$$e financeiro. Acabou o nacionalismo. Por isso que não temos guerras: nossos políticos e burocratas vendem a pátria por quaisquer 30 moedas, fica mais barato para os corsários estrangeiros.
Cesar é como o Bardini, disse lá em cima. Até parece quê um inimigo, vai se embrenhar na mata para lutar nesse ambiente.Depois de conquistar fácil, o país pois não temos nada quê preste para lutar e nem para espantar leia-se arma atômica, e só cercar e deixa-los na selva até cansar.Depois de uns anos eles vão sair de lá aos farrapos.
Meu caro Renato de Melo Machado isso são só suposições que tem como base os treinamentos oferecidos no CIGS, não há como comprovar nem se venceríamos na selva, eu tenho notado que se criou uma aurea quase mística em relação ao CIGS,mas há tropas de selvas muito boas como as colombianas por exemplo, quanto a vencermos em outro ambiente ou na selva,isso dependeria muito do inimigo, pois é fato que nossas forças armadas estão caindo aos pedaços , não temos aviões suficientes e nem modernos,nossa armada esta sucateada nosso exército idem ! Por fim se formos invadidos por um exército moderno e bem equipado nossas chances de vitória sob o inimigo seriam QUASE nulas !
Legal essa propaganda aí, serve muito bem para exaltar uma das poucas coisa de bom que se tem para encobrir um mar de ineficiência. Mas é engraçado que propagandas como esta, servem para propagar o mito que se criou de que “o EB é a mais racional das forças”. Racional no que???
É a força mais barata de se equipar e manter, mas está em uma situação tão quanto a MB, que todo mundo senta o sarrafo!
É outra força que também vive a ilusão de um programa caro e complexo que nunca vai sair do papel como foi idealizado (SISFRON) e na realidade do dia a dia, tem de ir ao mercado de usados para adquirir boa parte do seu material, pois não tem caixa para comprar tudo novo ou desenvolver um nacional, como a ladainha da politica governamental de defesa que “preconiza mas não realiza”.
Ai se tem: EB faz de conta, para consumo interno ( guarda nacional, apenas para manter a lei e a ordem), Política de defesa faz de conta e povo sendo engambelado por propagandismo para exaltar um nacionalismo de 5ª categoria.
No mais… Alguém realmente acha que um invasor, em pleno 2017+ vai pagar um absurdo para promover uma campanha bélica e se embrenhar no meio do mato, tendo de enfrentar um inferno logístico para “dominar/roubar” a “Amazônia” a ferro e fogo, deixando intactos os grandes certos econômicos e populacionais que são as engrenagens do país?
Ladainha…
Se alguém acha isso está precisando rever os conflitos mais recentes. E não falo do Vietnã não. Só iludidos pensam que a Amazônia seria como um Vietnã. O Brasil não está todo estruturado e localizado dentro de uma Selva, como o Vietnã. Não existe curta distância, como no Vietnã, que facilita as ações de defesa e dificulta a abertura de frentes de combate para se defender.
Aliás, se for para se defender, não temos defesa aérea para fazer frente a uma potência invasora, sendo que a tecnologia de combate evoluiu monstruosamente e garantir segurança as operações logísticas a longas distâncias seria impossível. A quantidade de homens treinados em combate na Selva e aclimatados com a região é Pífia ( No Vietnã se vive na Selva. Mande um Paulista ou Gaúcho para lá para ver no que dá). Quantidade de suprimentos logísticos é pífia. Guerra cibernética e comunicação é pífia.
Nossa maior defesa continua sendo o tamanho do território… Conquistado com muita inteligência e astucia pelos Portugueses, mantido com desleixo por seus ingratos herdeiros.
“Mas Oóhh… os Yankes malvados vão roubar a Amazônia, o Pré-sal, Aquífero Guarani, blábláblá”
Roubar pra que, se eles podem explorar via empresas???
Existe algo chamado “guerra econômica”. Nesta, tomamos um pau. E tomamos um pau pq somos incompetentes, vadios e sem cultura de nação, que foi devastada por nós mesmos ao longo das décadas de governos pífios eleitos por um povo que quer terceirizar a culpa que tem na construção da nação: “malditos polítocos, são o problema do Brasil”…
Não, coleguinha, o problema é você.
Guerra na selva…
Pura ilusão. A selva que importa é a de pedra e fazer Guerra neste ambiente não tem sido explorado pelo EB. O que se tem é uma doutrina “policial” adquirida no Haiti, que soma com a doutrina policial adquirida na fronteira…
Mas é aquela coisa: dizem que “não temos inimigos”, “somos da paz”, etc… Ai não tem jeito, tem de se tentar fazer propaganda com a Amazônia… cola melhor com a população, vide “Amazônia Azul”, “Pré-sal” etc…
Nacionalismo de 5ª categoria.
80% concluem o curso, 10% desistem… e os os 10%? Morrem?
E nos outros lugares, perderíamos?
Devemos estar preparados, a guerra do Vietnã nos mostrou como são duros os combates nesse ambiente, tanto que exércitos de comprovada competência como França e EUA sucumbiram frente aos abnegados vietnamitas!
Ai na selva a “cobra fuma” bonito!!! SELVAAAA!!!
Seria engraçado, além de trágico se numa guerra real o Brasil apanhasse na selva.
Com todo o respeito, isso daí não é hype não?
Para que serve oculos de visão noturna e termovisor?!7
“Selva !!!” Neste lugar somos imbatíveis.