Esta é uma sexta-feira histórica para a Marinha. É que a primeira turma de aspirantes mulheres ingressou, hoje, na mais tradicional escola militar do país: a Escola Naval.
Natural de Fortaleza (CE), Jéssica da Silva Custódio, 20 anos, integra o seleto grupo partícipe de uma iniciativa inédita da Marinha do Brasil. Juntamente com outras 11 jovens, ela compõe a turma pioneira de mulheres na Escola Naval do Rio de Janeiro. Jéssica foi a primeira colocada no concurso promovido ano passado – que também ofertou 41 vagas para homens. “Fiquei surpresa. Não achei que conseguiria. Terminei o 3º ano do Ensino Médio em 2010 e, desde então, estudei em curso preparatório para escolas militares”, explicou a mais nova aluna da mais antiga instituição de nível superior do Brasil. Nesta sexta-feira (7/02), ela e os demais selecionados no certame assistiram à aula inaugural que deu início ao ano letivo na Escola.
Depois de aprovados no concurso, os selecionados passaram pela etapa de adaptação, quando foram submetidos a testes de aptidão física – canoagem, natação, corrida, barras, flexão, tiro, entre outros –, e participaram de atividades de doutrina e rotina militar. No último dia de janeiro, os novos aspirantes vestiram pela primeira vez a farda da Força Naval. Agora, eles passarão quatro anos na Escola e poderão chegar ao generalato um dia.
Ser uma futura oficial da Marinha é motivo de alegria para a família de Jéssica Custódio. Filha de um cabo do Exército, a jovem disse que o exemplo de seu pai é sua maior motivação. “Além disso, o brilho das Forças Armadas sempre me encantou. O andar garboso, a honra, tudo me instigava”, ressaltou.
Por ter sido a primeira colocada no concurso e fazer parte de um empreendimento pioneiro, a aluna tem consciência da “enorme responsabilidade” que pesa sobre seus ombros. Para a nova aspirante, o ingresso de mulheres numa instituição tradicionalmente masculina mostra que a Marinha acredita no potencial feminino. “Nós não desapontaremos”, garantiu.
As cariocas Juliana Martins Braga, 18 anos, e Thaís Affonso dos Santos, 22 anos, também integram a primeira turma feminina da Escola Naval. Para elas, a fase de adaptação foi a mais difícil, tanto por terem ficado sem contato com a família, como por conta da grande exigência dos exercícios físicos. Apesar disso, algumas atividades empolgaram as alunas, como a experiência de velejar.
O fato de assumirem cargos antes restritos aos homens não as intimida. Para Juliana, elas estão aptas a executar todas as funções com o mesmo êxito. “É uma honra fazer parte dessa história”, avaliou. Já Thaís espera ser um exemplo positivo para as próximas mulheres que irão ingressar na instituição.
Adaptação e concurso
Para receber a primeira turma de mulheres, a Escola Naval teve que passar por algumas modificações estruturais. De acordo com a Marinha, “o ingresso das primeiras aspirantes foi cuidadosamente planejado”. Foram realizadas obras na enfermaria, no alojamento e nos banheiros femininos. Além disso, houve a inclusão de três oficiais do sexo feminino no Comando do Corpo de Aspirantes. Elas terão a incumbência de acompanhar a formação das alunas.
A integração entre homens e mulheres já tem sido rotina na vida do efetivo de alunos. Na fase de adaptação, atividades físicas e aulas foram desenvolvidas com grupos mistos.
Para o ano letivo, a Escola Naval informou que as aspirantes foram distribuídas entre as turmas do primeiro ano, cumprindo a rotina junto com os demais alunos em todas as atividades, “exceto em algumas disciplinas específicas para sua área de formação”. Isso porque elas ingressaram na área de Intendência da Força, preparatória para funções administrativas. No caso dos alunos, além da Intendência, eles podem optar pelas áreas de Armada e Fuzileiros Navais.
No concurso de 2013, 3.355 candidatas se inscreveram para as 12 vagas ofertadas. Para o certame deste ano, ainda não está definida a quantidade de mulheres que vão ingressar na Força Naval em 2015.
Mulheres nas Forças Armadas
A presença feminina nas Forças Armadas brasileiras é cada vez maior. Atualmente, elas já são 22.208, ou 6,34% do total do efetivo militar do país, composto por 350.304 integrantes. Esse número tende a crescer por causa das mudanças ocorridas no sistema de ingresso nas carreiras militares, além da firme disposição da presidenta e comandante-em-chefe Dilma Rousseff para que elas se engajem na linha de frente da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.
A maioria das mulheres que trabalham nas Forças ocupam cargos administrativos ou atuam na área de saúde, em serviços médicos e odontológicos.
A Marinha destaca-se, nesse sentido, pelo pioneirismo em dois aspectos. Foi a primeira das três Forças a aceitar o ingresso das mulheres, em 1980, e é a única a ter uma oficial general, a contra-almirante médica Dalva Mendes. Agora, com a chegada das aspirantes à Escola Naval, a Marinha dá mais um passo para a igualdade de gêneros na carreira militar.
Combate
As mulheres terão papel ainda mais proeminente nas Forças Armadas nos próximos anos, já que há a previsão de que elas possam a atuar como combatentes. A Lei nº 12.705, sancionada pela presidenta Dilma em agosto de 2012, permite o ingresso de militares do sexo feminino em áreas antes restritas aos homens no Exército Brasileiro.
De acordo com a nova legislação, a Força Terrestre tem até 2017 para fazer adaptações nas estruturas físicas da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), em Resende (RJ), e na Escola de Sargentos das Armas (EsSa), em Três Corações (MG), com o objetivo de permitir o ingresso de mulheres. Desde a década de 1990, o Exército aceita profissionais do sexo feminino nas áreas de administração, saúde e engenharia.
A Força Aérea Brasileira (FAB) é a mais adiantada no processo de possibilitar o ingresso de mulheres para atuar na linha de frente, e não apenas em áreas subsidiárias. Atualmente a Aeronáutica é a Força que possui o maior número de militares do sexo feminino – cerca de 10 mil. O ingresso delas no Quadro de Oficiais Intendentes foi autorizado em 1995. Oito anos depois, em 2003, a instituição recebeu as primeiras mulheres para o Curso de Formação de Oficiais Aviadores. Hoje, na Academia da Força Aérea (AFA), são várias as jovens que saem do centro de ensino aptas a pilotar caças.
Já temos a Almirante e, agora, temos as Aspirantes. Excelente!
Ansioso, agora, por mais esta conquista das mulheres, por aqui.
O texto começa falando em um dia histórico para a marinha e termina em caça (da FAB). Não deixa de ser motivo de orgulho a presença cada vez maior delas nas instituições de defesa do Brasil, mas o papel da mulher apenas no setor administrativo é uma demonstração de machismo das forças armadas. Eu gostaria que as mulheres tivessem uma participação mais ativa nas operações de combate, comando de viaturas e helicópteros, desembarque anfíbio e muitas outras atividades pertinentes. Isso é ser militar! Estudar tanto para atender telefone e passar fax.
O que torna as mulheres frágeis é a persistente cultura de considera-las assim.
André,
A parte final do texto fala sobre as “Mulheres nas Forças Armadas” e “Combate” , onde fala justamente sobre o lado operacional, que já desempenham e que irão desempenhar em um futuro próximo.
Só lembrando, já temos mulhers pilotando caças, helicópteros e aviões de transporte!
FA
Ciente, mas as forças armadas não é feita só de aeronaves Guilherme. Se para comandar aparelhos dessa complexidade temos mulheres capazes, não faz sentido deixarmos de tê-las nos conveses como em outros países, ainda mais se tratando da primeira instituição militar das forças armadas a aceitar mulheres. Além de viaturas do exército é claro (como o Gepard). Machismo também é um problema que dificulta a consolidação do Brasil como uma nação respeitável.
Existem vários vídeos na internet de mulheres em navios executando diversas tarefas, inclusive no timão ou montando guarda. Tem até um clip de mulheres do porta-avião Ronald Reagan mostrando sua rotina com a participação do comandante. Não sei passar link mas o título é Women of USS RONALD REAGAN (CVN 76).
Essa mania de deixar tudo para o futuro é o que nos atrasa tanto. Gostamos tanto de copiar as besteiras de outros países e na hora de adotar o que realmente importa é essa demora.
Boa sorte para essas guerreiras e que venham mais, e mais graduadas.