Por Gabriele Hernández
Os ministros argentinos das Relações Exteriores e da Defesa visitaram, ao final de março, o navio quebra-gelo Almirante Irizar, recentemente reformado a um custo aproximado de US$ 150 milhões após um incêndio ocorrido em 2007, destacando o início das atividades que levarão a embarcação a uma nova missão para a Antártica no período de 2017/18.
A presença do país na região é coordenada pelo Instituto Antártico Argentino, sob a gerência da Dirección Nacional Del Antarctico, parte do Ministério das Relações Exteriores. A visita dos dois ministros demonstra que não é somente a diplomacia que se preocupa com o continente. Atualmente, o país possui sete bases de verão e seis bases permanentes, cuja responsabilidade logística é das Forças Armadas. Além disso, seus militares participam ativamente dos projetos, sendo um dos países com maior presença na Antártica.
As estações concentram-se na chamada Província da Terra do Fogo, Antártica e Ilhas do Atlântico Sul, região que o país considera como parte de seu território, inclusive, constando dos mapas oficiais do país. As Ilhas Malvinas também fazem parte da região, embora não se encontrem sob jurisdição argentina. Em 1983, Chile e Argentina entraram em disputa por três ilhas no canal de Beagle, porções terrestres estratégicas para a corrida territorial que se instaurou entre os dois países pela Antártica, até o Tratado de Paz e Amizade de 1984 ter privilegiado a causa chilena. O fato é um ponto marcante nas relações ambíguas entre os dois países no sexto continente.
Cabe ressaltar que tanto a Argentina quanto o Chile tiveram um relevante papel no início da presença brasileira naquele continente e prestaram relevante apoio por ocasião do incêndio na Estação Comandante Ferraz, em 2012.
FONTE: Boletim GeoCorrente
Glasquis7
Um avião da FAA transportou os sobreviventes para Punta Arenas.
“…prestaram relevante apoio por ocasião do incêndio na Base Comandante Ferraz, em 2012.” A Argentina prestou apoio? Até onde sei, foi o Chile que prestou socorro tanto aéreo como terrestre pro resgate e deu apoio logístico pra remoção do pessoal.
O Irízar foi (e tem sido) uma grande novela: incendiado em 2007, passa por reparos no estaleiro Tandanor desde 2010. Ao longo de todo esse tempo, a Argentina, que possui bases em regiões inacessíveis sem um quebra-gelos, foi obrigada a contratar logística de outros países, geralmente da Rússia. Até 2016, o gasto com os aluguéis já somava US$ 284 milhões, valor que superaria o necessário para a construção de uma embarcação similar. O mais incrível é que, mesmo estando pronto desde o ano passado, o navio não pôde sair do estaleiro por falta de dragagem do canal de acesso! Isso atrasou não apenas as provas de mar, mas também as provas de gelo, necessárias para a avaliação de um quebra-gelos. Desse modo, o Irízar teve sua volta adiada em mais um ano – e justamente quando ele poderia ser ainda mais útil, já que em 2016-17 o governo argentina tomou a temerária decisão de realizar a campanha antártica apenas com meios navais próprios.
parabéns ao ermanos argentinos pela iniciativa