Por Bernardo Mendes Barata
Com a missão de atender demandas estratégicas do País, principalmente nas áreas nuclear, de defesa, de petróleo e gás e de geração de outras fontes de energia desde quando foi criada, em meados da década de 1970, a Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A. (Nuclep) possui uma parceria de sucesso com a Marinha do Brasil e, mais especificamente, com o Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP).
De acordo com o presidente da Nuclep, o Contra-Almirante da Reserva Carlos Henrique Silva Seixas, o êxito nas relações entre a instituição que comanda e o CTMSP se deve, em parte, porque a Marinha do Brasil acreditou na capacidade dos funcionários da Nuclep e investiu financeiramente, tanto na aquisição de equipamentos quanto no treinamento e especialização de pessoal, inclusive no exterior.
“Diversos funcionários da Nuclep foram realizar cursos na França, patrocinados pela nossa Marinha, com o propósito de atender as demandas futuras que seriam necessárias na fabricação das peças da planta do submarino de propulsão nuclear, como os próprios cascos dos submarinos convencionais”, afirmou Seixas, acrescentando que o diretor do CTMSP, Vice-Almirante (EN) Sydney dos Santos Neves, foi seu companheiro de turma de formação na Marinha. O presidente da Nuclep detém larga experiência nas áreas operativa e administrativa da Força, tendo comandado a Base Naval do Rio de Janeiro, em Mocanguê, que conta com mais de 2 mil homens, pouco antes de ser promovido a Oficial General.
Por sua vez, o diretor Industrial da Nuclep, Marcio Ximenes Virgínio da Silva, efetivado no cargo em julho passado após tê-lo ocupado interinamente em abril deste ano, é mais uma prova da sinergia entre a empresa e a Marinha. Com experiência profissional no Arsenal da instituição no Rio de Janeiro e na Base Naval de Aratu, foi responsável pelo acompanhamento da construção da parte de vante do submarino SBR1 para compreensão do processo produtivo e executou a fiscalização do Contrato de ToT para a construção do submarino classe SBR e a função de adjunto da Gerência de Construção do Submarino Classe SBR atuando como fiscal da Marinha nas instalações da Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (Ufem).
“Sempre trabalhei em estaleiro e com construção naval. Minha primeira experiência na área nuclear foi aqui na Nuclep, onde compreendi as diferenças existentes entre a caldeiraria pesada em si e a caldeiraria pesada voltada para construção de equipamentos destinados às usinas nucleares e meios navais com propulsão nuclear”, declarou Marcio Ximenes da Silva.
Segundo ele, o grupo técnico da empresa que participou do processo de transferência de tecnologia juntamente com a Marinha e a Itaguaí Construções Navais (ICN) permitiu o emprego da tecnologia no regime On the Job Training no sítio de Cherbourg, na França, facilitando a aplicação dessa tecnologia na execução da obra.
No entendimento do diretor Industrial, a despeito do desafio de manter o corpo de empregados da Nuclep treinado e com conhecimento atualizado, considerando a baixa incidência de obras tipicamente nucleares no Brasil, estão em andamento regular, no âmbito da instituição, o vaso do reator e os geradores de vapor destinados ao almejado submarino brasileiro de propulsão nuclear. “São equipamentos de alta complexidade e que possuem requisitos extremamente apertados, mas temos tido sucesso nas fases construtivas e temos perspectivas de entrega dentro do prazo previsto no instrumento contratual”, explicou.
Marcio Ximenes também ressaltou que está em execução a construção de tanques para o Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica (Labgene), com entrega prevista para 2019, e que os cilindros estão homologados para construção. “Mas, até o momento, não temos encomendas para sua fabricação”, pontuou.
Com experiência na Nuclep primeiramente como diretor administrativo, quando ingressou em julho de 2016, e atualmente como presidente, Carlos Henrique Silva Seixas conhece bem as dificuldades enfrentadas pela Nuclep. Naquela época, conforme frisou, a empresa não pagava os seus fornecedores e corria sério risco de sofrer paralisação no abastecimento de insumos. Contudo, ao lado de sua equipe egressa da Marinha, conseguiu equacionar dívidas, revisitar contratos – reduzindo os valores em cerca de 20% -, diminuir a quantidade de cargos de livre provimento e implantar um plano de aposentadoria voluntária. O desafio principal da instituição, no momento, é prospectar mais serviços não apenas na área nuclear, como também nos setores de construção naval, de petróleo e gás, de defesa e de caldeiraria pesada.
No tocante ao submarino de propulsão nuclear, o presidente Seixas assinalou que, antes do início da construção da embarcação propriamente dita, será testada, no Labgene, em Iperó-SP, a planta do reator nuclear. “Essa etapa está programada para ocorrer em 2021”, disse.
E completou: “Entendo que o Programa de Desenvolvimento dos Submarinos é de grande importância estratégica para o Brasil. Um país que deseja ser grande, quer sentar e discutir com grandes nações, quer ser ouvido e respeitado, tem que possuir uma defesa nacional consistente com seu poder econômico, e nós possuímos uma chamada Amazônia Azul fantástica, com muito petróleo, além de riquezas incríveis. Portanto, precisamos ter capacidade de patrulhar e defender nossas riquezas, somente isso já justifica a existência de um projeto desta magnitude. Outro fator que considero importante é o arrasto tecnológico que um programa desses traz para o nosso país.”
Para conseguir atender aos projetos dentro do escopo do Programa Nuclear da Marinha (PNM), a Nuclep possui uma equipe de cerca de 100 colaboradores, de acordo com o diretor Marcio Ximenes. “Esse número é flutuante e depende do estágio da obra em cada projeto, envolvendo compradores, engenharia, controle da qualidade e produção”, contou.
Embora a empresa ainda não tenha sido contratada para construir o casco resistente do submarino nuclear, pois está no aguardo da prontificação do projeto, precisa encarar, desde já, o desafio da manutenção da produtividade dentro dos altos padrões necessários, associada ao volume da obra, que é aproximadamente três vezes maior que a de um submarino convencional, impondo um fluxo bem elaborado e utilização racional de todas as máquinas automáticas e as estações de trabalho. “Toda a conjunção das etapas construtivas já foi analisada pela Nuclep, que está apta para implementar as medidas cabíveis de preparação da fábrica para esta construção”, complementou o diretor.
Com relação à parceria com o CTMSP, que abrange projetos em planejamento e em curso como a construção do casco resistente do submarino nuclear, a construção de equipamentos que fazem parte da planta propulsora do submarino nuclear e, ainda, a construção do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), Marcio Ximenes informou que se consolida na medida em que a Nuclep tem sido contratada ao vencer os processos licitatórios e tem atendido as demandas a contento, aumentando a confiança mútua.
“O objeto precípuo do Programa de Desenvolvimento de Submarinos da Marinha (Prosub)”, relatou, “é o submarino de propulsão nuclear, cuja autoridade de projeto é a Marinha do Brasil. O Prosub permite viabilizar a construção deste importante engenho, que permitirá que o Brasil, por meio da Marinha do Brasil, possa aplicar uma estratégia naval adequada às riquezas e à extensão do território que tem como missão defender. O ganho tecnológico promoveu resultados que serão extremamente úteis no desenvolvimento de novos projetos, seja para a própria Marinha, seja para a fabricação para exportação”. Em sua visão, o Prosub trata-se de um divisor de águas no que diz respeito às perspectivas futuras da construção naval no Brasil.
A fabricação de cascos resistentes para quatro submarinos, da classe IKL, que hoje já estão incorporados à frota naval, incluindo assim o Brasil no seleto grupo de países que detém a tecnologia de fabricação deste tipo de embarcação, demonstra que a relação entre Nuclep e Marinha provém antes mesmo do Prosub e, evidentemente, do futuro submarino com propulsão nuclear. Márcio Ximenes enfatizou que o contato tanto com a construção baseada na filosofia alemã (IKL), quanto na francesa (os SBRs do Prosub), proporcionou uma parceria de sucesso entre as duas instituições brasileiras. “Sem dúvida, muito do êxito se deve ao know-how adquirido pela Nuclep, acostumada a lidar com caldeiraria pesada e requisitos apertados”, finalizou.
FONTE: ABEN
FOTOS: Ilustrativas
Por enquanto….
Padilha nem o SN terá lançadores verticais ?
Sim, sem lançadores verticais.
Padilha boa tarde, eu li a algum tempo que no contrato original do PROSUB, existia a possibilidade de o Brasil poder adicionar ao projeto inicial mais duas unidades convencionais, você sabe me dizer se procede?
Carlos, tudo depende de verbas. A programação continua inalterada. 4 SBrs e 1 SNB.
A Marinha já tem inclusive o projeto do SNB2, o qual receberá muitas inovações.
Em minha opinião a Marinha depois que os SBrs estiverem operando, dara baixa gradual nos IKL e optando por construir mais unidades convencionais, as quais podem ser construídas junto com os nucleares. Inclusive é previsto que o Angostura fique ao lado do Álvaro Alberto na UFEM ao fim de sua construção.
Obrigado Padilha, acredito que o nosso mansup deverá evoluir também para o Mansub, o que aumentará sensivelmente sua capacidade combativa, por acaso você ou o Guilherme tem alguma informação sobre se a AVIBRAS, tenciona dar a o seu míssil de cruzeiro a capacidade de ser lançado por sub, seria ótimo e daria a nosso/os SNBs, uma capacidade de tática para estratégica, oque pelo que vejo é o interesse do novo governo de elevar nossas FFAA para este nível é claro não há de se falar em ogiva nucleares (pelo menos na atual conjuntura política adotada pelo Brasil) mas dispor desta capacidade nos permitira impor dissuasão a nações costeiras a uma profundidade de no mínimo 300 km , oque daria a nossa arma submarina uma credibilidade ainda mais intensa e nunca antes obtida.
Carlos, acredito que com o desenvolvimento ocorrendo bem, essa opção possa vir a ser analisada, porém, um passo de cada vez.
Não adianta querer por a carroça na frente dos bois.
Devagar chegaremos lá desde que não falte investimento (compras).