Passados cento e quarenta e nove anos, a lembrança dos feitos heróicos imortalizados na Batalha Naval do Riachuelo, episódio que concorreu decisivamente para a vitória na Guerra da Tríplice Aliança, ainda cala fundo em nossos corações, sendo justo reverenciar a memória daqueles que, em defesa da Pátria, escreveram uma página gloriosa da nossa história.
Para compreendermos a importância dos notáveis acontecimentos em torno do 11 de junho de 1865, faz-se necessário voltarmos no tempo.
Em 1864, a invasão das províncias de Mato Grosso e do Rio Grande do Sul surpreendeu a jovem Nação brasileira, que constatou, logo de início, a falta de meios capazes de responder, prontamente, à agressão sofrida. A Esquadra Imperial, apesar de experiente e vencedora nas campanhas de consolidação da Independência, era própria para atuar em alto mar, possuindo belonaves de grande calado e desprovidas de couraça, sendo, assim, inadequadas a operar em um Teatro de Operações fluvial, predominantemente formado por cursos d’água estreitos e com pouca profundidade.
No planejamento elaborado para salvaguardar os interesses nacionais, couberam à Marinha as tarefas de apoiar as tropas aliadas e de efetuar o bloqueio dos Rios Paraguai e Paraná, essenciais ao suporte logístico do oponente.
Após a difícil, porém bem-sucedida participação na reconquista da cidade argentina de Corrientes, lindeira ao Rio Paraná, as nossas unidades, comandadas pelo insigne Almirante Francisco Manoel Barroso da Silva, fundearam, na noite de 10 de junho, nas proximidades daquela localidade.
No amanhecer do dia seguinte, às nove horas, os vigias avistaram oito embarcações inimigas, com seis chatas artilhadas a reboque, aproximando-se a montante, em formação de ataque, e que, como se constatou, viriam a ser apoiadas por canhões e soldados posicionados, de forma camuflada, nas barrancas próximas à desembocadura do pequeno afluente de nome Riachuelo.
Percebendo a gravidade do quadro tático que se configurava, Barroso ordenou, de imediato, que seu Grupo-Tarefa suspendesse e se preparasse para o combate. A disseminação do célebre sinal “O Brasil espera que cada um cumpra o seu dever” fez com que um contagiante entusiasmo tomasse conta das tripulações, que entoaram impetuosos vivas à Nação.
Os momentos de enfrentamento se sucederam, revelando a coragem e a bravura de nossos homens, como podem ser relembrados através das ações conduzidas pelos Guarda-Marinha Greenhalgh e Imperial Marinheiro Marcílio Dias que, mesmo em inferioridade numérica, lutaram até a morte, buscando impedir que o nosso Pavilhão, hasteado na valente Canhoneira “Parnaíba”, fosse arriado pelos aguerridos atacantes.
Graças à sua genialidade, o Almirante Barroso, valendo-se do maior porte e da proa reforçada de seu Capitânea, a Fragata “Amazonas”, decidiu aplicar a tática do abalroamento, lançando-a contra as naus opositoras mais próximas, que não resistiram às avarias e soçobraram.
A confiança no Comandante ficou demonstrada no fiel cumprimento da sua determinação, divulgada pelo sinal “Sustentar o fogo que a vitória é nossa”, o que levou ao ponto de inflexão da contenda, fazendo com que a situação pendesse a nosso favor, com os oponentes batendo em retirada.
Estava garantida a interrupção das vias fluviais, asfixiando, logisticamente, o adversário.
No dia de hoje, tão corretamente designado como a Data Magna da Marinha, devemos não apenas rememorar o legado de honra e de espírito de sacrifício daqueles nossos heróis, mas também refletir sobre a amplitude das responsabilidades que, atualmente, nos são confiadas.
No presente, em que pese a conjuntura ser completamente distinta daquela existente em 1865, as transformações globais vêm moldando uma instável realidade político-estratégica, com disputas, entre Estados, por motivos variados e com a ocorrência, cada vez maior, das chamadas “novas ameaças”, representadas pelos crimes transnacionais, nos dando a convicção de que qualquer País, que pretenda ser livre, seguro e soberano, deverá dispor de Forças Armadas com credibilidade, e que sejam capazes de contrapor-se a quaisquer atitudes hostis.
A Marinha segue, graças ao empenho de seus componentes, contribuindo para o progresso do Brasil, provendo a assistência hospitalar às populações ribeirinhas e tomando parte nos programas sociais do Governo. Ela está presente nas Operações de Paz no Líbano e no Haiti e, quando determinado, tem atuado na garantia da lei e da ordem, no apoio à segurança pública e nos grandes eventos que aqui têm sido realizados.
No entanto, para cumprir essas tarefas e, principalmente, estar preparada para dar a necessária proteção à “Amazônia Azul” e às nossas hidrovias, torna-se vital que ela conte com um Poder Naval que seja moderno, balanceado e equilibrado, priorizando a obtenção de unidades e sistemas autóctones, fomentando o desenvolvimento de uma Indústria de Defesa competitiva e tecnologicamente avançada.
Os desafios são complexos. Entretanto, não cabe esmorecer e, sim, iniciar ou dar continuidade aos Projetos Estratégicos previstos no nosso Plano de Articulação e Equipamento, e que obtiveram a devida aprovação do Ministério da Defesa.
Dentre eles, releva mencionar que as obras do Estaleiro e da Base, em Itaguaí, seguem no ritmo adequado, assim como a construção do primeiro dos quatro submarinos convencionais e o projeto do submarino com propulsão nuclear, cumprindo, corretamente, as etapas do PROSUB.
Quanto aos demais empreendimentos de modernização e de reaparelhamento, destaco a construção de quatro Corvetas Classe “Barroso”, ainda por ser iniciada, o que é fundamental para a revitalização da Esquadra e de cinco Navios-Patrulha da Classe “Macaé”, com 500 toneladas, já em andamento, privilegiando os estaleiros brasileiros; o início da Fase de Contratação do Sistema de Gerenciamento da “Amazônia Azul” (SisGAAz), que permitirá incrementar o monitoramento e o controle das águas sob nossa responsabilidade; e as tratativas, com vista à aprovação dos Programas de Obtenção de Navios-Aeródromos (PRONAE), de Meios de Superfície (PROSUPER) e de Navios Anfíbios (PRONANF).
Marinheiros, Fuzileiros Navais e Servidores Civis!
A vocês, meus comandados, homens e mulheres possuidores de muita garra e determinação, registro o meu reconhecimento pelas dedicação, correção e tenacidade com as quais, vencendo os diversos obstáculos, vêm executando, com esmero, as atividades a bordo dos navios e organizações de terra, em nosso território ou no exterior, dignificando e honrando as biografias daqueles que nos antecederam.
Exorto-os, uma vez mais, a renovar o entusiasmo e a perseverança para que, inspirados nos exemplos de Riachuelo, continuemos, juntos, a trabalhar para o aperfeiçoamento da nossa Instituição, de modo que ela esteja permanentemente pronta para agir na plenitude de suas potencialidades.
Por fim, aos promovidos e agraciados com a Ordem do Mérito Naval, transmito os meus agradecimentos pela colaboração e o apoio prestados, cumprimentando-os pela importante condecoração que irão receber e concito-os a continuar no trabalho de fortalecimento da mentalidade marítima junto à sociedade, ressaltando a indiscutível relevância da “Amazônia Azul” e das hidrovias para um País predestinado a ser reconhecido no cenário internacional.
Parabéns a todos!
JULIO SOARES DE MOURA NETO
Almirante-de-Esquadra
Comandante da Marinha
RODRIGO CORDEIRO , estamos trabalhando para Mover este Moinho conforme a Profecia ,BREVE ouviremos novamente VIVA AO IMPÉRIO ,VIVA AO IMPERADOR E VIVA AO BRASIL !!!!
Quando o Sr. Comandante diz “que entoaram impetuosos vivas à Nação.” Vale Lembrar que os “vivas” eram os seguintes.
Viva o Império!
Viva o Imperador!
Viva o Brasil!
Outros tempos, outra forma de governo, outro comprometimento do País com os cidadãos e dos cidadãos com seu País, outra estirpe de gente…
tempos que infelizmente a República destruiu com seu golpe de 1889.
Como águas passadas não movem moinhos…. segue o baile!