Resgatar cidadãos brasileiros em outros países é uma tradição das Forças Armadas. Quem não se recorda do resgate de brasileiros em Wuhan, na China, em 2020, devido à, então, recém descoberta pandemia de Covid-19? E em Adana, na Turquia, em 2006, durante conflito envolvendo o Líbano? Essas ações são conhecidas, popularmente, como missões de repatriação. A doutrina militar conceitua como Operações de Recuperação de Nacionais.
O sentimento daqueles que retornam ao Brasil, diferente do que se pode imaginar, por vezes, é um misto de alegria e alívio ou, mesmo, de tristeza, pois alguns deixam entes queridos no local. Querer voltar é a única certeza.
“Eu estava em Beirute e a gente ouvia, constantemente, o barulho das bombas em Dahi. Para brasileiro que morou muito tempo no Brasil, você não está acostumado com bomba (…)”. (2006, Ana Carolina, estudante em Beirute).
A missão de repatriação começa por uma decisão do próprio país, por determinação do Governo Federal, de atender ao chamado daqueles que se encontram em situação vulnerável. É realizada uma análise da conjuntura internacional, sempre pensando na proteção dos cidadãos brasileiros, dos bens e do patrimônio nacional situados além das fronteiras do Brasil. A Política Nacional de Defesa prevê a responsabilidade em perfeito alinhamento com a Política Externa do país.
“Salvaguardar as pessoas, os bens, os recursos e os interesses nacionais situados no exterior”. (2020, Política Nacional de Defesa, Objetivo Nacional de Defesa nº V)
O esforço maior tem início a partir da decisão de resgatar. Os Ministérios das Relações Exteriores (MRE) e da Defesa (MD) entram em campo para articular todas as fases seguintes. É necessário escolher um local seguro, fora da área de confronto, e levar todos para lá. Quanto mais o tempo passa, maiores são os riscos do conflito piorar.
Enquanto o MRE coordena a etapa de mobilização dos brasileiros em território estrangeiro, mediante coordenação com embaixadas; de suporte logístico; e de negociação com órgãos e autoridades locais, o MD aciona as Forças Armadas para planejamento da operação militar, com apoio de adidos militares creditados nos países envolvidos e emprego de meios e recursos necessários à condução da operação. O trabalho do Itamaraty não é fácil. As pessoas precisam estar lá no dia e na hora combinados.
Por outro lado, também, são muitos os detalhes a cargo dos militares. O planejamento é sensível e complexo. A Marinha entra num contexto de transporte marítimo; o Exército, terrestre; e a Força Aérea via espaço aéreo. Definir o meio de transporte e a quantidade correta; estabelecer a melhor rota, os locais de destino, de alternativa e necessárias paradas técnicas; solicitar autorizações para adentrar ou sobrevoar outros países; escalar tripulações; coordenar a emissão de passaportes e vistos… Enfim, tudo tem que ser muito preciso. Mudanças de planos e intercorrências podem acontecer, mas devem ser mínimas.
Tudo certo na fase gerencial. O resgate inicia quando a embarcação, o veículo ou a aeronave parte e só vai terminar quando os repatriados chegarem ao Brasil. A depender do número de pessoas, como já aconteceu outras vezes, Operações de Recuperação de Nacionais podem ser realizadas repetidas vezes, até que todos estejam de volta ao seu país de origem. Somente países livres, independentes e soberanos têm a capacidade de cuidar dos seus, aqui ou em qualquer lugar do mundo.
FONTE: MD
Uma excelente tarde de domingo a todos os Senhores camaradas do DAN!
Ademais da nobre missão, trata-se de uma excelente oportunidade para promocionar o KC390.
Sgt Moreno