Por 1º Ten Paulo Sérgio Lopes Coelho
As Forças Armadas Brasileiras estão se preparando há muito tempo para uma posição de protagonismo do Brasil dentro de um novo cenário estratégico mundial. O desenvolvimento de meios como os Submarinos da Classe Riachuelo, o avião de transporte militar multimissão KC 390 Millennium, e o programa estratégico Forças Blindadas, dentre outros, são provas irrefutáveis desta preparação. Progressivamente, o Exército Brasileiro vem qualificando os seus gestores na área de projetos, buscando cada vez mais a excelência no seu portfólio na condução de seus programas. Este processo de transformação tem como objetivo maior preparar o Exército para fazer frente aos novos desafios, promovendo novas capacidades.
Algumas atividades governamentais são desconhecidas do público em geral, incluindo-se aqui a maioria das atividades militares. Isto ocorre, em parte, pela especificidade das próprias atividades, mas também pela necessidade de sigilo quanto aos conhecimentos e técnicas empregados, visando garantir o fator surpresa diante de forças oponentes. Os projetos de Defesa, pelo seu caráter estratégico, não são diferentes. Neste contexto, homens e mulheres militares, capacitados e com expertise conquistada em anos de estudo, conduzem projetos de tamanha importância para a nação.
É notório que o estudo da Gestão de Projetos tem sido tema de muitas pesquisas no Brasil e no exterior. No entanto, apesar dos projetos militares existirem há anos, e terem trazido evoluções tecnológicas que revolucionaram o mundo, tais como a Conquista do Espaço, a internet e o GPS, ainda é escassa a literatura sobre a Gestão de Projetos de Defesa.
Para o Guia PMBOK (PMI, 2017), projetos são empreendimentos de caráter temporário, desenvolvidos em todos os níveis organizacionais, com a finalidade de desenvolver um produto, serviço ou resultado único. Portanto, têm como marco de encerramento do seu ciclo de vida, a efetivação da entrega ou das entregas a que se destina. A definição do projeto pode ser entendida como o processo pelo qual as necessidades das partes interessadas, os stakeholders, são identificadas e as especificações definidas.
Todas as organizações vivem de projetos, mesmo aquelas cujo produto final não seja gerado por tal. Executar projetos é uma característica de sobrevivência das empresas modernas e saber gerenciá-los é uma habilidade marcante dos executivos. Dentro dessa evolução, as organizações se veem obrigadas a restabelecer suas estruturas, adequando-as de forma a atender com mais qualidade e gerar mais satisfação aos stakeholders. Assim, muitas tarefas podem ser adequadas e enquadradas dentro das metodologias da gestão de projetos. Neste aspecto, tal gestão tem se tornado uma nova forma de levar as organizações a alcançarem um alto grau de eficácia em suas atividades, cumprindo seus prazos, otimizando seus recursos, produzindo bens ou serviços com mais qualidade e menor custo, fornecendo às empresas que a adotam um diferencial perante seus concorrentes.
O fato de uma atividade ser temporária, orientada para resolver um problema e exigir a aplicação de recursos bem definidos não é suficiente para caracterizá-la como projeto. Todo projeto é uma atividade temporária, mas nem toda atividade temporária chega a ser um projeto, nem precisa ser administrada como tal.
Uma coisa que diferencia os Projetos de Defesa com os demais projetos existentes é a sua não disponibilidade. As demandas das Forças Armadas em tecnologia de defesa visam atender aos seus objetivos estratégicos. Normalmente esta tecnologia não está disponível no mercado internacional, sofrendo de barreiras impostas pelo cerceamento tecnológico por parte dos países desenvolvidos, visando negar, a países emergentes e/ou em desenvolvimento, o acesso a conhecimentos ditos sensíveis. E assim, esses países desenvolvidos, detentores de alta tecnologia, passaram a adotar políticas de proteção de suas inovações de defesa, visando à manutenção das suas soberanias militares e, intencionalmente ou não, ampliando as vantagens tecnológicas e econômicas no contexto de uma economia globalizada. Com isso, muitas vezes uma Força Armada se vê obrigada a desenvolver sua própria tecnologia de defesa, adequada às suas capacidades e necessidades. Este desenvolvimento tecnológico é um processo complicado e oneroso, e que envolve alto grau de conhecimento e elevados investimentos, e que pode ser conduzido de maneiras diversas (AMARANTE, 2013).
A caracterização de um Estado como potência militar exige um alto desenvolvimento tecnológico, em suporte à sua Base Industrial de Defesa. Segundo Amarante (2013), a obtenção de tecnologia militar ou de defesa, pode ocorrer de três formas distintas: a primeira delas ocorre com a transferência de tecnologia, este processo se caracteriza pela sua falta de segurança e pelos altos custos envolvidos. A falta de segurança decorre das dificuldades relacionadas à definição, ao acompanhamento e ao controle do conhecimento transferido. O desafio é confirmar se a tecnologia adquirida, corresponde em quantidade, qualidade e profundidade, ao que se espera dela. Além disso, o processo é oneroso, uma vez que o detentor do conhecimento geralmente investiu consideráveis recursos na sua obtenção e busca um retorno financeiro substancial para cobrir os custos de desenvolvimento.
Em seguida, temos o desenvolvimento cooperativo internacional, que é uma abordagem economicamente viável para obter tecnologia militar. Ela envolve a partilha dos meios e dos custos de desenvolvimento com um parceiro, que pode ser um país com interesses convergentes e necessidades operacionais semelhantes às nossas, ou uma empresa estrangeira altamente avançada tecnologicamente, motivada por oportunidades de negócio atraentes. Em tal colaboração, os riscos neste tipo de operação são ampliados, uma vez que cada parceiro mantém o controle exclusivo sobre seus próprios recursos. Trata-se de um esforço conjunto em que a proporção de investimento determina a participação na propriedade da tecnologia.
E, finalmente, temos o desenvolvimento autônomo, que destas, é a mais segura e, por vezes, menos onerosa de se realizar o desenvolvimento desta tecnologia. É resultante da sinergia de todas as capacidades, conhecimentos e meios mobilizáveis no país. É um processo endógeno e independente. A responsabilidade técnica nos trabalhos de desenvolvimento de uma tecnologia militar fica a cargo de um centro de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), o gerador de tecnologia, ou de uma indústria de defesa, a geradora de produto.
Gerenciar um programa ou projeto de Defesa se difere dos demais por fatores únicos envolvidos. Caracteriza-se primeiro, por ser uma iniciativa de Estado, onde normalmente são aplicados grandes recursos orçamentários, sujeitos à influência dos seus governantes e segundo, por ser conduzido por uma Força Armada, que possui uma cultura fortemente caracterizada pela hierarquia e disciplina, o que simplifica a tomada de decisões, permitindo que os líderes assumam a responsabilidade de escolhas importantes, mas que se for extremamente rígida quanto a estes princípios, as decisões podem ter um processo demorado, o que pode prejudicar a capacidade da organização de reagir rapidamente às oportunidades e ameaças.
No Brasil, a Estratégia Nacional de Defesa (END) estabelece diretrizes para a adequada preparação e capacitação das Forças Armadas, de modo a garantir a segurança do País tanto em tempo de paz, quanto em situações de crise. Também foi desenvolvida para atender às necessidades de equipamento dos Comandos Militares, reorganizando a indústria de defesa para que as tecnologias mais avançadas estejam sob domínio nacional. Uma apropriada estrutura de defesa propicia uma maior estabilidade ao país e assegura a proteção de seu território, de sua população e de setores estratégicos da economia. A partir das diretrizes estabelecidas na Estratégia Nacional de Defesa, o Ministério da Defesa do Brasil definiu os projetos estratégicos que permitirão ao país desenvolver capacidades para defender, com eficiência, sua soberania e seus interesses. Prioritárias, essas iniciativas contam com aportes financeiros que garantem sua execução continuada. Todos esses projetos, além disso, foram incluídos no Plano de Articulação e Equipamento da Defesa (PAED), principal instrumento que o Estado dispõe para garantir o fornecimento dos meios que as Forças Armadas necessitam (BRASIL, 2023a).
Sem dúvida, a Gestão de Projetos de Defesa é um assunto complexo e que desempenha um papel crucial no desenvolvimento de qualquer nação que tenha pretensões de protagonismo no cenário estratégico mundial. As Forças Armadas do Brasil estão envolvidas em uma série de projetos estratégicos que visam aprimorar a capacidade de defesa do país, modernizar suas forças e cumprir seus deveres constitucionais de proteger o território e a soberania nacional. As questões de defesa, segurança cibernética são fatores que influenciam as políticas e estratégias dos países e organizações em todo o mundo, e cada vez mais nossas Forças Armadas progridem nesta área para que nossa pátria ocupe este lugar de destaque no universo das nações.
FONTE: EBlog
Prezados, como está escrito no texto, um dos marcos que finalizam um projeto é o fim do ciclo de vida do sistema, ou seja, a baixa operacional. Enquanto voar operacionalmente o AMX (A-1M), o projeto estará ativo. Parem de pensar em Planos B, C , D….Vamos focar para que a FAB voe somente F39E na caça, em números substanciais e suficientes (bem mais dos 50 que agora dizem…).
Se a situação da Aviação de caça está tão CRÍTICA que se esteja pensando em retomar o projeto de modernização dos AMX-M é porque a taxa de produção e recebimento dos Gripen E/F está extremamente baixa e paralelamente a taxa de retirada de operação dos F-5 e AMX está muito mais acelerada…
Tendendo a um potencial nível CRÍTICO do tamanho da frota de caça da FAB e muitos pilotos sem aeronave disponível para cumprir suas horas de voo regulamentares…
Prefiro um NOVO projeto de atualização mais ambiciosa dos AMX que comprar F-16 de segunda mão da Argentina…
Deveríamos INCLUSIVE criar condições com o Reino Unido e a China para mudar a motorização original dos nossos AMX pela variante chinesa licenciada deste motor SPEY inglês que é usada no avião Xi’an JH-7 um caça bombardeio chinês biturbina que PRINCIPALMENTE relevante possui a adição de pós-combustor!
Demais pontos a ser atacados nesta nova modernização seria atualizar sua aviônica para aproxima-la o mais possível da tecnologia da AEL do programa Gripen.
Sem falar na POSSIBILIDADE de, em momento próximo futuro, se necessário ou desejável, adquirir mais airframes dos AMX italianos que também estão para dar baixa emantê-los em reservas para aumentar a frota.
O AMX pode vir a ser um LOW atualizado para o Gripen sendo um genérico brasileiro do interminavel A-10 Thunderbolt II americano…
E assim manter a frota de caças da FAB em níveis aceitáveis…
Do ponto de vista estrutural o A1 tem potencial já que é um avião concebido para carregar bombas e voar em baixa altitude. Se ele deixar de levar bombas isso pode diminuir a fadiga das asas tendo um aproveitamento viável para essas finalidades apresentadas no texto como monitoramento e reconhecimento – talvez como alternativa ao Gripen ou até mesmo ao R99 nessas funções já que estamos falando de modernização.
Mas por serem muito antigos a FAB precisa pensar no risco para os aviadores manter um avião desse voando por muito tempo e tendo que usar peças canibalizadas (portanto bem limitadas a esse “estoque”), ainda que ele seja poupado em relação a carga por mais robusto que seja. Os contigenciamentos de recursos também devem ser considerados. Penso que essa suposta modernização limite a operação deles por no máximo médio prazo (15 anos).
Não deveria ser necessária mas como andam as coisas no Programa Gripen e a realidade de mercado do Preço de aeronaves novas se aproxima MUITO do preço do caça sueco.
Não vejo melhor solução que REFAZER a modernização dos AMX.
Pois do jeito que estão eles não poderão operar por muito mais tempo pois mesmo a modernização anterior foi apenas parcial.
Mais um textão que diz que as frouxas desarmadas estão se preparando mas o que vemos na prática é tanto governo como milicos deixando muito a desejar em
Questão de comprometimento
Oxe o projeto AMX ainda esta contabilizado como projetos ativos??? UAI os caras nao estava a dias de dar baixa na aeronave ?
PS: seiria interessante duar celulas ativas para a embraer usar como platafoma de testes
AM-X não foi finalizado?
Pensava que já tivesse entregue todas as poucas celular modernizadas