Com novos documentos, livro que reconstitui a história da extinção da Panair pelo regime militar ganha edição ampliada. Nova versão de Pouso Forçado consolida hipótese de que motivos políticos determinaram o fim da gigante da aviação.
Sucesso de público e de crítica quando foi lançado em 2005, Pouso Forçado, de Daniel Leb Sasaki, foi indicado como finalista do Prêmio Jabuti no ano seguinte. Como jornalista obstinado, o autor continuou a buscar respostas para um dos casos mais emblemáticos de intervenção da ditadura em empresas privadas: a extinção da companhia aérea Panair do Brasil.
Dez anos após a primeira publicação, Sasaki brinda os leitores com um livro praticamente novo com quase o dobro de páginas, apoiado em documentos inéditos pesquisados por meio da Lei de Acesso à Informação e posteriormente abertos na Comissão Nacional da Verdade. A obra chega às livrarias em agosto pela editora Record.
“Foi a primeira vez que o país admitiu ― pública, ainda que indiretamente ― responsabilidade por aquela injustiça”, declara o autor, se referindo ao relatório final da Comissão da Verdade, publicado em dezembro de 2014, com a confirmação de que a Panair foi extinta por motivos políticos. Dois anos antes, o jornalista já tinha tido acesso às informações conclusivas, que trouxeram à tona fatos até então desconhecidos e ratificou suspeitas originadas durante as apurações da primeira edição do livro.
Algumas das revelações tratam da perseguição política de um dos acionistas majoritários da companhia aérea, Celso da Rocha Lima. Devassas fiscais, espionagem, distorção de fatos e falsificação de documentos estão entre os mecanismos utilizados para desmoralizar o empresário: “Nenhum agente jamais foi punido pelos crimes cometidos contra a Panair, contra ele [Celso] e contra os funcionários, e a União nunca pediu desculpas”, afirma o autor.
Mário Wallace Simonsen, que era sócio de Celso na holding que controlava a Panair, e era ainda acionista de mais de 30 empresas, entre elas a extinta TV Excelsior, também é considerado por Sasaki como um dos perseguidos políticos da ditadura: “Simonsen foi extirpado da História do capitalismo nacional. Os poucos que se lembram dele o associam ao lamaçal das denúncias fabricadas. É como dizia Saulo Ramos, que assina o prefácio do livro: ‘a lesão produzida pelos atos da ditadura perdura até hoje’ ”, escreve o autor.
Por meio de uma narrativa dinâmica, que mescla a tradicional reportagem com o jornalismo literário, Pouso Forçado reconstrói as conquistas da Panair no Brasil e no exterior, expõe o complô político e comercial articulado para derrubá-la e o favorecimento do governo a outras companhias, sobretudo, à Varig, comandada à época pelo empresário Ruben Berta.
Daniel Leb Sasaki nasceu em Salvador, Bahia, em 1982, mas mora desde pequeno no estado de São Paulo. Formado em Jornalismo pela PUC-Campinas, trabalhou para a revista IstoÉ Dinheiro. É também consultor e roteirista de documentários.
O livro possui 490 páginas e seu preço é de R$ 58,00
Editora Record/ Grupo Editorial Record
Nada aqui sobre o programa nuclear brasileiro, depois nao reclamem, e parabéns à direção.