Um porta-voz do fabricante norte-americano de aviões de combate Lockheed Martin declarou numa entrevista que a Marinha de Guerra Vietnamita poderá em breve entrar em contato com os EUA para a aquisição de 8 aviões patrulha de base costeira P-3C Orion.
Se supõe que inicialmente esses aviões serão fornecidos ao Vietnã sem armamento. Posteriormente, porém, à medida que as relações entre americanos e vietnamitas forem progredindo, os aviões serão equipados com o armamento completo. Poderão ser vendidos ao Vietnã aviões P-3C das últimas séries, que fazem parte da reserva da marinha norte-americana. Depois da modernização, eles poderão servir ainda durante 20 anos.
O Vietnã não tem uma verdadeira escolha de potenciais fornecedores para aviões de patrulha de base costeira que são um meio importante de reconhecimento da situação no mar e de luta antissubmarina. A Rússia já deixou há muito tempo de fabricar os aviões IL-38 e Tu-142 e atualmente se dedica a modernizar os existentes, e sendo o parque russo de aviões desse tipo reduzido, a sua exportação não é viável. Também a Europa neste momento não está a fabricar aviões de patrulha marítima de base costeira. Os EUA, pelo contrário, desenvolveram o seu programa de fabrico de aviões de patrulha P-8 Poseidon. Isso irá resultar na retirada ao serviço dos P-3C Orion sem se ter esgotado o seu tempo de vida útil.
O P-3C continua a ser uma ponderosa e eficaz arma antissubmarina. O fornecimento de aviões desses ao Vietnã, se eles forem equipados com o armamento completo, poderá se tornar numa séria preocupação para os comandos da marinha chinesa. Esses aviões poderão se tornar numa ameaça para a componente naval das forças estratégicas nucleares da China.
Na ilha de Hainan está situada a base naval de Yulin, que é atualmente a principal base dos submarinos nucleares porta-mísseis chineses. Se trata de uma grande infraestrutura no valor de bilhões de dólares, com abrigos subterrâneos para submarinos, armazéns, arsenais e um complexo sistema de defesa. Aqui deverão ficar baseados os submarinos do projeto 094 (classe Jin) com mísseis balísticos e, em perspetiva, os submarinos avançados do projeto 096 (classe Tang). Se supõe que o mar da China Meridional será a principal área de patrulhamento dos submarinos nucleares chineses e é por isso que qualquer atividade de reconhecimento por parte das forças navais dos EUA e seus aliados provoca uma reação extremamente nervosa por parte da China. No passado já ocorreram alguns perigosos incidentes.
Geralmente se considera que os submarinos chineses estão por enquanto atrasados em relação aos submarinos russos e ocidentais em tecnologias furtivas. O P-3C era considerado como um meio bastante eficaz de luta contra submarinos soviéticos e russos, o que significa que será ainda mais perigoso para os chineses. Ao decolar das bases vietnamitas próximas, os P-3C poderão monitorizar durante períodos longos as áreas previsíveis de patrulhamento dos submarinos chineses.
A China terá de tomar medidas para garantir a segurança das zonas de patrulhamento dos seus submarinos. Nessa tarefa poderá ser útil o primeiro porta-aviões chinês Liaoning. Ele poderá fechar uma área considerável da superfície do mar da China Meridional aos voos dos P-3C vietnamitas. É interessante verificar que o primeiro cruzador porta-aviões soviético, o Admiral Kuznetsov, construído pelo mesmo projeto do Liaoning, também se destinava a essa tarefa. Ele deveria proteger a zona de patrulhamento dos submarinos nucleares e receber o primeiro ataque do inimigo, ganhando um tempo suplementar necessário à direção do país para ordenar um ataque nuclear contra o território dos EUA.
FONTE: Voz da Rússia