O plano de Trump de retirar tropas americanas da Alemanha, se concretizado, marcaria uma grande mudança na relação de defesa entre os dois países e reformularia a base da presença militar dos EUA na Europa.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (15/06) que diminuirá significativamente a presença militar americana na Alemanha, segundo ele, de 52 mil para 25 mil soldados. “É um custo tremendo para os Estados Unidos”, afirmou. Contrariando os dados citados pelo presidente, segundo o Pentágono entre 34 mil e 35 mil soldados ocupam atualmente em caráter permanente as bases americanas em solo alemão. Se incluídas as unidades militares em rotação, o número pode chegar apenas temporariamente a 50 mil. Além do contingente militar, cerca de 17,5 mil civis americanos trabalham para o Departamento de Defesa dos EUA na Alemanha.
A República Federal da Alemanha tem sido parte vital da estratégia de defesa dos Estados Unidos na Europa desde o final da Segunda Guerra Mundial: durante dez anos as forças americanas integraram a ocupação dos Aliados no país.
Embora o contingente tenha diminuído drasticamente desde então, nas décadas seguintes comunidades militares americanas se formaram em torno de diversas cidades, e os militares dos EUA ainda são uma presença importante no país.
A importância estratégica da Alemanha para os EUA se reflete na localização do quartel-general do Comando Europeu dos EUA (Eucom) na cidade de Stuttgart, no sudoeste do país, que serve como estrutura de coordenação partes todas as forças militares americanas em 51 países principalmente europeus.
A missão da Eucom é proteger e defender os EUA, impedindo conflitos, apoiando parcerias como a Otan e combatendo ameaças transnacionais. Sob seu comando estão o Exército, as Forças Aéreas e o Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA na Europa, todos com unidades na Alemanha.
A Alemanha abriga a maior parte das tropas americanas na Europa. Só no Japão os EUA mantêm mais pessoal militar. No entanto, os números vêm caindo nos últimos anos: dados do governo alemão mostram que, entre 2006 e 2018, o número de militares dos EUA estacionados na Alemanha diminuiu em mais da metade, de 72.400 para 33.250. Paralelamente, as forças americanas passaram a encarar uma situação de segurança global cada vez mais complexa.
Fuzileiros navais, soldados e aviadores
A Alemanha abriga cinco, das sete, guarnições do Exército americano na Europa (as outras duas estão na Bélgica e na Itália), e o quartel-general do Exército dos EUA na Europa está sediado na guarnição de Wiesbaden, próximo a Frankfurt, no centro-oeste do país.
Dados fornecidos pelas Forças Armadas dos EUA mostram que essas cinco guarnições, cada uma englobando várias bases em locais diferentes, compreendem atualmente cerca de 29 mil militares. Esse número inclui as Forças de Fuzileiros Navais da Europa e da África, com sede em Böblingen, sudoeste da Alemanha, como parte da Guarnição do Exército dos EUA em Stuttgart.
Além disso, há cerca de 9.600 funcionários da Força Aérea dos EUA espalhados por vários locais na Alemanha, incluindo as duas bases aéreas americanas em Ramstein e Spangdahlem.
Mais do que apenas soldados
Como as instalações militares dos EUA também empregam civis e militares por vezes podem levar suas famílias para o exterior, consideráveis comunidades de civis se formam em torno dessas instalações.
Na verdade, algumas bases americanas na Alemanha, como a de Ramstein, são pequenas cidades autônomas, englobando não só quartéis, aeroportos, áreas para exercícios militares e depósitos de materiais, mas também seus próprios shoppings, escolas, serviços postais e força policial americanos. Em certos casos, a única moeda corrente é o dólar americano.
FONTE: DW