O exercício é uma simulação. Nenhuma aeronave leva armamentos e, após cada missão, todos os “aliados” e “inimigos” pousam em segurança. Neste cenário, saber quem “lançou” seus mísseis com sucesso – e “derrubou” seus oponentes – é um desafio à parte na CRUZEX Flight 2013. É aí que entram os militares da chamada “célula de shot validation”, o grupo responsável por unir todos os dados possíveis para que, diariamente, cada piloto possa saber os resultados dos combates.
O shot validation é mais que simplesmente determinar quem “atingiu” quem. Após os voos, os pilotos podem assistir a uma animação onde é possível ver onde as aeronaves estavam segundo a segundo, bem como todos os lançamentos simulados de mísseis. Quem acertou sabe exatamente como isso aconteceu. Quem foi atingido também pode aprender com seus próprios erros.
Quem explica a metodologia é o Capitão Diego Geraldo, um dos responsáveis por reunir todas as informações necessárias para a validação dos disparos. “A avaliação numa operação do porte da CRUZEX não pode se resumir apenas à análise da própria aeronave, pois o piloto dispara e se retira, muitas vezes, sem tempo de ver a reação da outra aeronave”, diz.
O processo funciona da seguinte forma: durante os combates, uma equipe de pilotos de caça dentro do Terceiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA III), em Recife, monitora os movimentos das aeronaves com o uso da rede de radares da região. Isso já permite fazer a validação inicial dos disparos. Depois do pouso, os dados são cruzados com informações coletadas a partir dos sistemas de bordo das aeronaves e de equipamentos de GPS levados a bordo das aeronaves.
No solo, todos os pilotos que voaram reúnem-se para avaliar a missão. Eles assistem a uma animação que recria cada momento da ação com base em todos os dados recolhidos. Como em um videogame, é possível ver na tela onde cada avião estava a cada momento, bem como sua altitude e a trajetória dos “disparos”. A visão global também permite uma análise tática completa: é possível ver como cada esquadrilha atuou taticamente, incluindo aquelas formadas por helicópteros ou aeronaves de transporte que lançam paraquedistas.
Por meio do shot validation foi possível, por exemplo, notar que em determinado voo um F-16 perseguiu um caça F-5 e, concentrado no seu alvo, não percebeu ter sobrevoado quatro turboélices C-130 Hércules, que poderiam ter sido abatidos com facilidade. Já em outra missão, foi a vez de uma dupla de F-16 traçar uma rota totalmente diferente e surpreender as aeronaves de ataque. Enquanto isso, vê-se os helicópteros protegidos por caças, que impedem a aproximação do “inimigo”.
Até a CRUZEX 2010, não era assim. O resultado dos combates aéreos era definido pelo desempenho das aeronaves envolvidas, pelo contexto da missão e, é claro, pela velocidade com que os pilotos afirmavam “eu atirei primeiro”. De acordo com o Capitão Diego, nenhum desses fatores pode determinar com precisão quem foi abatido, em especial num cenário de atuação simultânea de diversas aeronaves, em altitudes e velocidades variadas. “Antes do shot validation, ficávamos limitados a isso: cada um conseguia fazer sua própria análise e a validaçào era feita de forma muito incipiente”, garante.
Excelente artigo, muito obrigado!
ainda assim é muito superficial o método utilizado para definir os kills, não é confiável para determinar que destruiu quem vide a enorme gama de fatores inclusos na equação que não são computados por esse método. os numeros são superficiais e irrelevantes.