Por Con Coughlin, editor de defesa
A Marinha Real só pode enviar um quarto de seus navios de guerra para o mar devido aos cortes de gastos que deixaram as forças armadas “tentando ao máximo para proteger os cidadãos da Grã-Bretanha”, segundo o jornal britânico The Telegraph.
Atualmente, 13 dos 19 Escoltas da Royal Navy (RN), são incapazes de ir ao mar devido à falta de tripulação, combustível e suprimentos, segundo fontes militares seniores têm revelado. Os cortes nos gastos de defesa têm também prejudicado severamente a resposta da Grã-Bretanha ao furacão Irma.
O HMS Ocean (L 12), navio de assalto anfíbio que atualmente serve como Nau Capitânea da Royal Navy, foi enviado para dar apoio aos territórios ultramarinos britânicos no Caribe, mas sofreu problemas de motor durante sua parada para carregar suprimentos em Gibraltar.
Esta noite, uma fonte disse que a resposta da Grã-Bretanha transformou a Marinha em “motivo de riso”. A fonte disse: “As Forças Armadas agora foram reduzidas a um nível onde eles lutam para proteger os cidadãos britânicos”. Nossa resposta ao furacão Irma faz da Grã-Bretanha, motivo de riso e é o resultado direto dos cortes do governo no orçamento de defesa”.
Lord West of Spithead, um ex-First Sea Lord, acrescentou: “O que está acontecendo claramente, apesar do que o secretário da Defesa diz, é uma defesa vazia no momento”.
A Marinha viu seus níveis de mão-de-obra reduzidos em 4.000 para cerca de 30.000 como parte da Revisão de Segurança e Defesa Estratégica do Governo em 2010, e especialistas da Marinha dizem que teve um impacto catastrófico nas capacidades de combate.
As principais fontes temem que, apesar de os gastos atualmente estarem em cerca de dois por cento do PIB, poderão ocorrer novos cortes quando o orçamento for anunciado em novembro e se preparam para desafiar o governo.
A Marinha foi particularmente atingida pela recente onda de cortes de defesa do governo, e agora está sofrendo escassez de mão-de-obra e equipamentos severos.
Embora a Marinha tenha uma série de navios disponíveis para operações, eles são incapazes de ir ao mar por causa da escassez de tripulações capacitadas. As reservas de combustível da Marinha também são ditas como insuficientes para permitir que as embarcações disponíveis zarpem.
Em circunstâncias normais, cerca de um terço da frota de navios de combate de superfície (fragatas Tipo 23 e destróieres Tipo 45) da RN estão em doca para manutenção de rotina, deixando o resto da frota para atender aos requisitos operacionais. Mas os cortes de defesa significam que menos da metade desses navios estão em operação e até resultou no HMS Dauntless (D 33), um destroyer de mais de 1 bilhão de libras esterlinas, efetivamente sendo utilizado como um navio de treinamento, porque a Marinha não tem a força de trabalho disponível para tripulá-lo.
A Marinha é particularmente pequena em engenheiros experientes e altamente qualificados, que são cruciais para manter a frota da Marinha de navios de combate de alta tecnologia.
Julian Lewis, presidente do comitê de defesa da Câmara dos Comuns, disse: “O tamanho da marinha foi massivamente reduzido nos últimos 20 anos, e ter um navio no lugar certo no momento certo é credível, mas não suficiente”.
“Apenas dois por cento gastos em defesa é muito pouco e a defesa está muito longe na escala de nossas prioridades nacionais, então, obviamente, o fato de ter permitido o o corte no tamanho de nossas Forças Armadas progressivamente a níveis insustentáveis baixos, causa um efeito enorme na nossa capacidade de reação em escala às crises, à medida que elas surgem.
A chegada ao Caribe do HMS Ocean, que enfrentou problemas de motor e não deve chegar à região até o final da semana que vem, mostrou que a capacidade da RN enviar um navio para substituí-lo foi limitada, pelo fato de só poder colocar cinco de seus 19 navios de guerra no mar a qualquer momento.
A lenta resposta da Grã-Bretanha ao furacão Irma, que causou uma grande devastação a vários territórios ultramarinos britânicos no Caribe, provocou críticas generalizadas na região.
David Burt, o primeiro ministro das Bermudas, que sofreu fortemente quando os ventos de 150 mph e os ventos torrenciais varreram o território na semana passada, disse que a resposta da Grã-Bretanha à crise “não foi tão urgente como poderia ter sido”.
Funcionários da ajuda humanitária descreveram a resposta da Grã-Bretanha ao desastre como sendo “flat-footed” em comparação com os governos da França e da Holanda, que foram capazes de enviar ajuda e tropas rapidamente para a cena do desastre.
“A resposta inadequada da Grã-Bretanha para ajudar os territórios ultramarinos atingidos pelo furacão Irma é o resultado direto dos cortes do governo no orçamento da defesa”, disse uma fonte militar sênior.
“Os cortes para a força da Marinha Real significaram que teve que depender do HMS Ocean, que tem uma longa história de problemas de motores. E quando o Ocean enfrentou dificuldades, nenhum outro navio estava disponível por causa da escassez e suprimentos da equipe “.
O HMS Ocean, que está em serviço há duas décadas, deve ser desativado após sua missão atual, deixando a Grã-Bretanha incapaz de montar grandes operações de guerra anfíbia no futuro. O navio tem uma longa história de problemas do motor, e sofreu uma outra avaria ao carregar suprimentos em Gibraltar para embarcar para vítimas de furacão de territórios ultramarinos britânicos.
O navio acabou suspendendo na terça-feira à noite e não deve chegar nas ilhas atingidas pelo furacão até pelo menos o final da semana que vem.
Enquanto isso, o ministro das Relações Exteriores, Boris Johnson, foi enviado para o Caribe para avaliar a extensão do dano, e a RAF enviou um número pequeno de tropas, engenheiros e policiais para as áreas mais afetadas como parte do esforço de ajuda do governo. Mas os críticos dizem que a resposta da Grã-Bretanha está faltando muito por trás de outros países, como o EUA, França e Holanda.
A crise de mão-de-obra da Marinha foi piorada pela necessidade de tripulação dos dois novos porta-aviões da classe Queen Elizabeth, o primeiro dos quais, o HMS Queen Elizabeth (R 08), chegou a Porsmouth no mês passado. O governo agora está realizando uma nova revisão da defesa, mas os altos oficiais militares temem que isso possa resultar em novos cortes, pois o Tesouro procura economias para financiar aumentos de salários planejados para trabalhadores do setor público.
Um porta-voz da Royal Navy disse que o HMS Ocean estava sujeito a “reparos de trabalho”, enquanto esteve em Gibraltar e que os reparos não afetaram sua prontidão operacional, ao mesmo tempo em que declinou comentar o número exato de navios de combate da Marinha no mar, dizendo apenas que são capazes de cumprir seus compromissos.
TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: DAN
FONTE: The Telegraph
NOTA DO EDITOR: O HMS Ocean tem problemas de motor desde que esteve no Brasil em 2010, quando oficiais da MB estiveram à bordo e o navio não conseguia navegar acima de 10 nós. Após uma parada de quase 2 anos e mais de 65 milhões de libras gastas em sua “modernização”, o navio voltou à ativa e, é o atual capitânea da RN. Ano passado antes de seguir para uma longa comissão, logo na saída com jornalistas e uma equipe de televisão a bordo, apresentou problemas de motor. Agora, quando o navio parte para sua última comissão antes de ser desativado e talvez vendido para nossa Marinha(?), volta a ter problemas de motor. Se a Royal Navy, apesar dos cortes, possui um orçamento maior do que a nossa Marinha, não é capaz de resolver esses problemas, como poderia a MB vir a resolvê-los?
Uma constatação todos ão de concordar: esse navio deu o que falar, e não foi pouco!
Claro que panes so importantes e devemos prestar muita atenção nestes e entos, mas deve-se profissionalizar os argumentos. Nossos oficiais são tão ruins assim que não saberiam identificar tais problemas em motores diesel de 12 cilindros como do Ocean? E a belonave segue navegando, estaria a Royal Navy jogando com a sorte, umas das maiores marinhas do ocidente? Observem os fatos e saibam analisar que não estamos falando da caldeiras de vapor e turbinas do NAE Foch, uma encrenca demadiada cara a Marinha do Brasil e nem de sua fonte a Marinha Francesa. Estamos duante de um equipamento da Royal Navy, que estiveram em ação muito mais vezes que o Charles de Gaule, que por sinal passa por manutenção. Daily Telegraphy, um tabloide britânico sensacionalsta. Fonte muito parcial para se levar a sério, confio mais em nossos oficiais e técnicos e no histórico da Royal Navy. Não precisa mais torcer contra pois o Ministro da Defesa já comprou a idéia e descartou este importante navio para a Marinha. Espero que uma Marinha o compre e colque para navegar como o faz a Marinha Chilena.
Wolf não se trata de jogar contra simplesmente. Dentro da MB existe uma corrente muito forte que é terminantemente contra essa compra. Existem outras prioridades para a MB.
Se o jornal é sensacionalista ou não, pouco importa. A função do DAN é trazer aos leitores o que sai na mídia internacional. Não é a 1ª vez que o navio tem problemas. Esses motores são problemáticos e foram fabricados sob licença na Inglaterra. Até ai tudo bem, desde que não dessem tanta dor de cabeça.
Afirmar que o navio está a caminho é óbvio, pois ele flutua e mesmo que esteja com algum problema a RN NUNCA admitiria. Nossos oficiais foram lá rapidamente e trouxeram o veredito. O navio precisa de um PMG. Sabe quanto custará um PMG num navio como o Ocean? Tens noção? Desculpe, mas acho que não.
Eu não entendo essa compra como sendo boa para a MB. A MB está sem dinheiro e tem programas em andamento. Na minha opinião ela tem que prioriza-los.
Em alguns sites dito “especializados” existem torcidas pela compra do navio. Eu acho bacana que torçam, mas acho também que os leitores deveriam parar e pensar um pouco. Deixar de lado o entusiasmo e tentar saber como a MB poderia efetuar a compra, a manutenção na Inglaterra em Libras Esterlinas e depois manter o navio aqui no Brasil. A maioria não tem a menor noção de como seria isso. Chutam muito mas não sabem que o buraco é mais embaixo. E pior, quem TEORICAMENTE entende do assunto não faz o minimo esforço para mostrar as dificuldades que a MB teria, preferindo jogar a culpa no MD e em quem não concorda.
E acrescentando, o NAe SP já foi, é passado. Temos que olhar pro futuro. O que a MB precisa é de ESCOLTAS 0Km.
Enfim, essa é a minha opinião, concorde com ela ou não.
Mas Leonardo se você acha o Ocean um grande alvo, o A12 é um alvo maior ainda! São 263 metros de comprimento do porta-avião contra 203 metros do porta-helicóptero, sem falar dos respectivos deslocamentos que chega a ser a metade do Titanic em relação ao A12.
Eu também sou a favor de termos esses grandes navios em nossa Marinha, desde de que eles estivessem em plenas condições de uso (segurança, manutenção, artilharia, etc). Acredito que o custo de manutenção do São Paulo não seja viável, tanto é que foi desmobilizado. E o Ocean não está em situação muito melhor.
Ainda acho que se o casco do A12 São Paulo está em condições, como afirmaram os engenheiros, apesar do contraditório, esta deveria ser a decisão da marinha. Fazer um UP GRADE e teríamos um porta aviões para mais 30 anos, com Sea Gripen e não um grande alvo como é o HMS Ocean.
Um ótimo navio, mas parece que já vem meio bombado e pronto pra explodir no colo da MB, como já comentei aqui é em outros sítios o ideal era comprar um Mistral ou similar com uma configuração mais modesta , com no máximo capacidade de transporte pra 14 helicópteros, 70 veículos, e uns 400 a 500 fuzileiros , número esses que vejo como idéia, mas no momento atual não vejo como se adquirir um navio assim sem $$$ , só se tiver algum jeito de pendurar na conta.
Parece que a questão da propulsão deste navio é algo problemático e não pontual. Pode tratar-se sub dimensionamento de potência que implica em esforço demasiado dos MCP dele, ou até mesmo os motores serem problemáticos.
A aquisição deste navio deve ser muito bem analisada, para não termos novamente um “Sao Paulo II” guardadas as proporções.
É o que se chama comprar gato por lebre (respondendo á pergunta). De que adianta o navio ter toda essa pompa de costado se sofre do coração? Tem potencial mas não tem saúde. Espero que a experiência do SP, do Ceará (o desperdício com um pmg que não adiantou de nada, e pelo visto o Ocean também precisa de um) e o histórico deficitário do Ocean pesem na decisão da Marinha, inclusive de não levar outra leva de oficiais para outra inspeção. O Brasil tem capacidade, inclusive financeira, de construir um navio muito melhor que esse – um Izumo brasileiro! – o que não tem é patriotas na política que permitam essa conquista.
Os entusiastas do Ocean se iludem com o conteúdo do navio mas não se preocupam com conceitos técnicos e financeiros que envolvem a compra e operação de um navio desse porte. Querem saber apenas de comprar (ainda que o Brasil estivesse bem das pernas) sem se preocupar com as consequências, inclusive de vidas, que a escolha condiciona. Falam que não é sucata, mas também não falam de suas crises cardíacas.
Este post servirá de registro se a marinha comprar esse navio. E a marinha sabe o desgaste que é ter problemas de motor, isso sem falar de outras prioridades. Esses problemas do navio cheiram a “eu avisei”, “você sabia”, “tragédia anunciada” etc.