A Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) começou a julgar recurso dos netos de um pescador contra a República Federal da Alemanha. O avô deles era um dos dez tripulantes do barco pesqueiro Changri-lá, que foi afundado pelo submarino alemão U-199, em 22 de julho de 1943, durante a Segunda Guerra Mundial, nas proximidades de Cabo Frio, no Rio de Janeiro.
Depois de 58 anos, um pesquisador brasileiro descobriu que o navio foi alvo de um torpedo lançado pelo submarino nazista no mar brasileiro. Os netos querem da Alemanha indenização por dano moral no valor de R$ 1 milhão. Há outras ações idênticas de parentes das vítimas do ataque em trâmite.
A Justiça fluminense extinguiu as ações aplicando a imunidade de jurisdição dos estados estrangeiros. Ao julgar recurso contra essa decisão, o relator, ministro Luis Felipe Salomão, analisou a questão sob o prisma da violação dos direitos humanos e afastou a imunidade. O julgamento foi interrompido pelo pedido de vista do ministro Marco Buzzi.
O Ataque ao U-199
O submarino U-199 rondava a costa do Rio de Janeiro à espera de um comboio que sairia do porto.
Um Mariner do esquadrão VP-74, junto com outros aviões, operavam uma varredura nas proximidades da Baia de Guanabara, protegendo a saída do comboio JT-3 (Rio de Janeiro /Trinidad), quando, às 7:l4 hs da manhã, captou um contato pelo radar, a 19 milhas de distância. A 15 milhas da posição indicada, uma esteira foi avistada e 5 milhas depois o U-boat foi localizado.
O Mariner mergulhou já com as portas do compartimento de bombas abertas, evitando o pesado fogo inimigo. O ataque foi feito com seis bombas de profundidade MK-47. As 4 primeiras explodiram, no costado de bombordo. O U-boat começou a fumegar e perder óleo, passando a girar com a popa mergulhada. Foi tentada uma submersão, porém, ele parecia sem controle e retornou a superfície com a popa inundada.
Esgotada suas cargas de profundidade, o Mariner 74-P-7, informou pelo rádio ter atacado, porém sem destruir, um submarino na barra do Rio de Janeiro, e ficou sobrevoando a área do U-boat avariado.
Um segundo avião, um Hudson brasileiro, chegou cerca de 10 minutos após ao local e executou um ataque cruzando na proa do submarino; lançando 2 bombas MK-47. O lançamento foi errado e as bombas explodiram inutilmente a 40 metros da proa. O fogo anti-aéreo continuou ativo, quando chegou o terceiro avião da ação, o Catalina PBY-5 da FAB, o Arará. Além de tiros de canhão, o catalina largou mais 3 bombas MK-44 no primeiro ataque e uma última em um segundo ataque; esta, caiu sobre a popa, cerrando o destino do U-199.
O U-boat afundou em menos de 1 minuto, a menos de 8 milhas do local do primeiro ataque, deixando um grande rastro de óleo em todo esse trajeto.
Muitos homens da tripulação haviam abandonado o barco e estavam na água já no segundo ataque do Catalina PBY brasileiro. Tanto o Hudson como o Catalina lançaram balsas aos náufragos, depois que o submarino desapareceu. Os tripulantes foram resgatados posteriormente e enviados ao Estados Unidos para interrogatório.
Quanto ao apoio de nós sulistas (gaúchos) aos nazistas após declaração de guerra é no mínimo estranho, é preciso saber que a população de origem alemã e italiana não são maioria no RS, portanto esqueceram-se de perguntar para os demais brasileiros que vivem aqui no sul qual era seu lado e quanto apoiavam o Reich ou aos italianos que eram facistas.
Isso só me cria mais nojo do nazismo, do fascismo e de tudo o que representam, que infelizmente está vivo ainda.
Mas a civilização já venceu o racismo uma vez e os vencerá novamente!
Meu vô morava no litoral de SP(Santos) nesta época e contou muitas histórias vividas por ele, os ataques alemães deixaram a população das cidades litorâneas do sudeste apreensivas e com receio de um ataque alemão terrestre e aéreo…as principais infraestruturas e fabricas do Brasil estavam e estão hiperconcentradas lá, além disso o Brasil era um importante fornecedor de minério de ferro para os americanos que por sua vez o utilizavam para abastecer a industria bélica….um ataque alemão bem sucedido no Sudeste causaria a rendição e conquista do Brasil ( Os habitantes do Sul eram simpáticos aos nazistas e não pensaria muito antes de apoia-los
por terra, inclusive é sabido que no pós-guerra eles deram refugio aos mais terríveis criminosos do Reich hitlerista)
O centro da traição mesmo estava em Santos, meus tios contam que havia grupos, os Hitleristas da Baixada, eles passavam as noites nas beiras de praia com lanternas na esperança de poder sinalizar para os U-Boats. Acredita-se ser possível encontrar vestígios de tais atividades ao se realizar escavações nas imediações do clube Saldanha da Gama, que era o local em que esta turma se reunia. Aqui por Santa Catarina não passaram os mais terríveis criminosos do Reich Hitlerista, creio mais fácil encontrá-los no Vale do Anhangabaú disfarçados de vendedores de ouro ou bala de goma.
Edson,
Grosso modo, e apesar das relações econômicas fortes com os aliados, a linha seguida pelo governo na época tinha muitas similaridades com o fascismo. Aliás, o País manteve relações mais que cordiais com o Eixo até o final dos anos 30, chegando mesmo a compra e produção sob licença de equipamentos militares.
A rigor, praticamente todos os países da América Latina tinham grupos políticos inclinados aos fascismo. Não era isolado…
Calcula-se que a maior parte dos fugitivos que emigraram para a América do Sul, o fizeram adentrando a Argentina ( incluindo os mais “casca grossa” )…
Gabriel,
O produto mais importante do Brasil para os aliados era borracha, somada a outras commodities.
Os alemães nunca tiveram condições reais de fazer uma investida anfíbia contra o Brasil; não com a USN e RN por perto… O Brasil, pela sua localização geográfica privilegiada e como fonte de recursos, estava no topo da lista dos países a serem trazidos para o lado americano em caso de guerra. Na prática, o Brasil já havia caído nos braços dos aliados entre o final de 41 e início de 42 ( aliás, o rompimento de relações diplomáticas deu-se em Janeiro de 1942, após a conferência dos chanceleres no Rio )… Logo, a possibilidade do Brasil pender para o Eixo era virtualmente zero no inicio dos anos 40…
Em Agosto de 42, quando o País declarou guerra ao Eixo, a ação de contenção no mar da parte dos aliados já começava a surtir os seus efeitos, pondo uma limitação decisiva a Kriegsmarine. A rigor, a marinha de superfície já estava praticamente confinada no Báltico e ao largo da costa norueguesa. E as caçadas dos U-boat no Atlântico Sul, e que culminou com o aumento da atividade no litoral brasileiro, eram um reflexo das dificuldades enfrentadas pelos alemães no norte.
O que muito se esperou foi um ataque ao porto de Santos e uma atividade mais ou menos aos moldes do que ocorreu ao largo de Nova Iorque. Mas isso nunca aconteceu… A Kriegsmarine, no final de 1942, estando atolada em compromissos do Mediterrâneo até Mar do Norte, dificilmente seria capaz disso. E a partir de Maio/Junho de 1943, já era impossível…