Forças Armadas esperam versões terrestres de Kalibr e Kinjal.
Por NIKOLAI LITÔVKIN
Em 21 de outubro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a saída do país do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF), acordo que foi assinado pelo presidente norte-americano Ronald Reagan e pelo líder soviético Mikhaíl Gorbatchov, em 1987.
Segundo o presidente norte-americano e o parlamento dos EUA, a Rússia violava o acordo por muitos anos, implementando sistemas de mísseis terrestres com alcance de até 5.500 quilômetros em seu território.
Washington defende que a decisão foi tomada devido a informações recebidas por sua agência de inteligência, mas não apresentou evidências diretas das acusações.
Caso os Estados Unidos assinem o documento sobre a saída do tratado, na próxima década, sistemas norte-americanos de mísseis terrestres serão instalados na Europa, com alcances de 500 a 1.000 quilômetros (curto alcance) e de 1.000 a 5.500 quilômetros (médio alcance).
A Rússia deverá responder instalando seus próprios complexos de mísseis, com alcance semelhante.
Novos mísseis de curto alcance no arsenal russo
Por muitos anos, os Estados Unidos temiam que a Rússia desenvolvesse uma versão “de longo alcance” do foguete para os complexos de mísseis Iskander-M, instalados na região de Kaliningrado, um exclave russo na Europa.
“As munições para este sistema de mísseis têm alcance máximo de até 500 quilômetros. Porém, existe a possibilidade técnica de se criar um projétil de longo alcance que poderá ser usado pelos sistema Iskander-M”, diz o analista militar da agência Tass, Víktor Litôvkin.
O tratado de 1987 proibiu apenas os complexos de mísseis de curto e médio alcance terrestres, mas os sistemas de mísseis localizados nos navios não foram afetadas pelo acordo. Assim, segundo Litôvkin, o Tomahawk americano e o Kalibr russo poderão ser instalados em sistemas de mísseis terrestres após a saída dos EUA do tratado.
O alcance desses mísseis varia entre 300 e 2.600 quilômetros. Além disso, os projéteis voam não de cima para baixo, mas paralelamente ao terreno. Cada míssil poderá ser equipado com ogivas cujo poder explosivo pode ser comparado ao de uma arma nuclear.
Novos mísseis ar-terra
Outro candidato a se tornar terrestre é o novo Kinjal. Os primeiros mísseis desse tipo foram entregues às Forças Aeroespaciais russas em 2017 e estão instalados em caças MiG-31.
Estes mísseis são capazes de atingir alvos a uma distância de mais de 2.000 quilômetros sem entrar na zona de defesa antiaérea do inimigo, segundo o comandante-em-chefe das Forças Aeroespaciais russas, coronel-general Serguêi Surovikin.
Segundo ele, esses armamentos são capazes de atingir uma velocidade 8 vezes mais rápida que a do som.
“A manobrabilidade do míssil a velocidades diversas vezes superiores à velocidade do som permite superar todos os sistemas de defesa antimísseis e aéreos existentes”, disse Surovikin.
FONTE: Rússia Beyond