Por Mikhail Moltchanov
Incluído em nova estratégia de segurança federal, avanço da Otan pode resultar na união estratégica entre Rússia e China em aliança oriental.
No último dia de 2015 a Rússia adotou uma nova estratégia de segurança que acrescenta de forma explícita a expansão da Otan à lista das principais ameaças à segurança do país.
Segundo o presidente russo Vladímir Pútin, o fato de Moscou conduzir uma política externa e interna independente “provoca a oposição dos EUA e seus aliados, que buscam preservar seu domínio nos assuntos globais”.
Como de costume, os meios de comunicação ocidentais responderam em uma só voz condenando a “paranoia russa”.
Os oficiais da aliança também reagiram rapidamente, repetindo a velha justificativa de que o avanço da Otan não é dirigido contra ninguém. A aliança ocidental, dizem eles, apenas contribui para a estabilidade e a prosperidade na Europa desde a queda do Muro de Berlim.
Infelizmente, há sinais de que essas declarações são, na melhor das hipóteses, um exemplo de boa vontade e, na pior delas, uma desastrosa tentativa de esconder a verdade. Para a Rússia, no entanto, os EUA utilizam a Otan como um instrumento para manter influência sobre a Europa e além.
Isso se nota pela própria expansão da Otan, que cresceu dos 12 membros iniciais para 16 em meados dos anos 1980 e hoje conta com 28 integrantes.
Em contrapartida, a única aliança militar da qual a Rússia participa no momento, a Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC), perdeu três membros ao longo dos anos e atualmente conta com cinco novos Estados das ex-repúblicas soviéticas.
Mas por que é que a Otan precisa continuar avançando apesar da retirada das tropas russas da Alemanha Oriental e de outros países do Leste Europeu, do fim do Pacto de Varsóvia, da vitória do regime pró-ocidental de Iéltsin em Moscou e da redução em mais dez vezes das despesas militares russas na véspera da expansão da aliança em 1999?
Ao que tudo indica, a Rússia pós-soviética fez tudo que podia para se relacionar bem com o Ocidente (pelo menos até o conflito de 2008 contra a Geórgia, então apoiada pelos EUA) e, ainda assim, há uma aliança militar hostil próxima a suas fronteiras. Por quê?
Em um relatório recente, a Stratfor, empresa de pesquisa associada à CIA, ofereceu uma resposta sincera a essa pergunta: “O imperativo geopolítico que apoia a política de contenção dos EUA (retardando o surgimento de hegemonias regionais no território da Eurásia que pudessem desafiar a estrutura da aliança ocidental) nunca deixou de existir. Por esta razão, a Otan e a União Europeia têm continuado a se expandir”.
Aparentemente, o principal objetivo da existência do bloco militar ocidental é assegurar a prosperidade prometida a seus membros à custa de países estrangeiros, minando o desenvolvimento de líderes não ocidentais para “retardar seu crescimento”, segundo o relatório da Stratfor.
Nesse contexto, parece que a nova versão da Estratégia de Segurança Nacional da Rússia chega com 16 anos de atraso. Também fica claro por que Moscou reagiu de forma tão dramática à mudança radical no governo da Ucrânia em 2014, visto que a troca no poder foi impulsionada e apoiada pelo Ocidente com uma abordagem, por vezes, abertamente antirrussa.
A ideia de que os EUA têm que controlar a ascensão de potências regionais na Eurásia para estender sua hegemonia global por meios militares, se for necessário, afeta suas relações tanto com a China, como com a Rússia. Em ambos os casos, a lógica usada é semelhante. No entanto, as ações norte-americanas criam um desafio crescente (vide China), em vez de um líder regional enfraquecido lutando para proteger a sua esfera de influência.
Devido a isso, a conclusão que ambos os países poderiam tirar da expansão da Otan rumo ao Oriente (e as tentativas dos EUA de cercar estrategicamente a China) poderia ser similar: é necessário resistir à expansão das estruturas da aliança ocidental criando a sua própria aliança.
De acordo com os princípios da Realpolitik (política ou diplomacia baseada em considerações práticas, em detrimento de noções ideológicas), toda ação tem uma reação recíproca, seja com base em paranoia ou não. As tentativas ocidentais de isolar e relegar a Rússia aos rincões do continente eurasiático só pode terminar com a integração dos “rincões” chineses e russos em uma nova estrutura de segurança continental na qual os líderes ocidentais não tenham nenhum papel a desempenhar.
FONTE: Gazeta Russa
Publicado originalmente pelo Russia Direct
Amigos, qual foi o significado das forcas armadas chinesas terem participado do desfile militar do dia da vitoria na Russia e desta ter participado tambem com suas forcas militares no mesmo tipo de desfile na China? E tem outra a participacao da India nesta coalizao, ao contrario do que alguns imaginam, ja esta muito bem encaminhada, desde que a Russia cmecou a lhes transferir alta tecnologia militar, so falta aparar pequenas arestas entre China e India, o que nao sera dificil como seria tempos atras, nao precisa de muita imaginacao e so ver que os dois ate ja sao parceiros nos BRICS.
Por falar em Rússia, cadê o resultado da análise da caixa preta do Sukhoi abatido pela Turquia?
A matéria é interessante, mas como diz o texto toda ação tem uma reação é natural que mais cedo ou tarde a China e a Rússia se unam contra os interesses dos EUA e de sua marionete (OTAN).
oh que peninha eu fiquei da russia depois de ler este artigo…
os coitados estão sendo “esmagados” por forças da OTAN que estão nas suas fronteiras, como se fosse culpa dos americanos que as ex- republicas soviéticas hoje preferem a proteção dos capitalistas do que passar fome sobre as asas de algum ditador russo.
as ações da OTAN não desproporcionais..
veja bem: a russia aumentou a prontidão nas republicas balticas e supostamente assustou a suécia com um submarino. resposta: OTAN mandou algumas AFV e tanques para a polônia e lituânia e aumentou os exercicios com os nórdicos.
com temor das ameaças do irã e dos misseis russos e a parceria entre o dois paises, a OTAN instalou um complexo anti-misseis na europa para proteção dos paises membro.
depois que a russia mandou milhares de soldados do serviço secreto e financiou soldados pró-russia para desestabilizar a ucrania principalmente a crimeia, a OTAN respondeu mandando tropas de treinamento, além de dinheiro para o novo presidente…
e mesmo assim essa afirmação de que o ocidente está “cercando” a china e a russia do mundo, é pura piada….
as exportações chinesas nunca param de crescer, os tentaculos da china já chegaram ao oriente medio e a africa. e a russia aumenta a cada dia sua capacidade militar na síria…..
que isolamento ocidental é esse ?
E esta realidade, mais cedo ou mais tarde baterá na nossa porta, a necessidade geopolítica da Rússia e da China facilmente serão colocadas na pauta dos BRICS e assim a longo ou médio prazo o Brasil não poderá manter o pé nos dois mundos.
Ou será uma Colônia Plena do Bloco Ocidental ou um parceiro fundador menor nos BRICS…
A geopolítica do Brasil nas próximas décadas será a de manter-se pelo maior tempo possível participante dos dois blocos e uma hora chegará a decisão.
Olhando o panorama atual da nossa política, será um momento de potencial destrutivo imenso, face a polarização direita/mídia/elite e esquerda/internet livre/povo…
Haverá perdedores e ranger de dentes…
Meu caro Giba, o Brasil JAMAIS, repito, JAMAIS, será “Parceiro” nos BRICS. Pode até ser fundador mas nunca será parceiro. Se fizer a escolha pelos tijolos (que têm o mau hábito de afundar) será apenas e tão somente um fazendão para suprir as demandas chinesas e russas por commodities, ou quando muito um peão menor (e bota menor nisso) no jogo desses dois países contra os EUA e UE.
Quanto à polarização interna, espero que o lado perdedor e rangedor de dentes seja o representado por esquerda/blogs servis/militantes profissionais e não o composto pelas Forças produtivas/ Mídia independente/ povo.
HMS, tenho divergência, mas concordo com grande parte no que se refere a China ter como proposta para nosso país ser um fazendão, na realidade os EUA tentaram e tentam o mesmo. Quanto a Russia, é um país com ideiais diferentes, deseja ser uma potencia regional com capacidade projeção global caso tenha que defender seus interesses, não é um país de política expansionista como os que citei, pelo contrário, o Brasil forte e poderoso ameaça a expansão norte americana e chinesa, pois tanto a infuencia chinesa quanta americana seriam limitadas com nosso país festando firme e forte, e isso interessa a Russia. Logo, só temos um caminho, o caminho do progresso e da ordem, de equilibrio economico e ideologico, sem extremismos políticos, nosso país só tem a si mesmo como real aliado, o resto é hipocrisia.
HMS, existem várias formas de avaliar o Brasil no contexto internacional por isso eu acho no minimo imprudente dizer jamais.
Um país não precisa ser de esquerda para se aliar ao Bloco Russo-Chinês, basta haver interesses em comum.
Veja dois exemplos: Hungria de Viktor Orban está na direita mas tem se aproximado da Rússia de Putin, O Vietnã é comunista mas está se alinhando politica e economicamente com os EUA , Camboja é conservador e anti-comunista mas está alinhado com a China ….o projeto nacional está acima
desta mera polarização.
Graças ao teor patético da tua afirmação (JAMAIS) me dispenso de te responder.
Acompanhe TUDO que vem sendo feito no BLOCO BRICS e aguarde mais 5 ou 10 anos e verás (num futuro distante) quão sem noção da realidade estavas em 2016…
Sem mais…
“Acompanhe TUDO o que vem sendo feito no BLOCO BRICS”…..Estamos acompanhado e tudo o que vemos são muitas intenções e muito pouco de concreto, talvez pelo fato de se tratar de um conjunto heterogêneo de países, onde dois possuem divergências sérias entre si (China e Índia) que resolveram fundar um bloco apenas porque o economista de um banco fez o acrônimo e acharam bonito. Como resultado muita gente achou legal e resolveu aposta afinal, em nome do antiamericanismo vale tudo.
Para piorar, entre os países integrantes do bloco um é uma oligarcocracia corrupta comandada por um déspota (Rússia) e outro é uma ditadura de partido único que vem enfrentando problemas estruturais seríssimos (China).
Muito parecido com o que já abordei.
China e Rússia vão precisar, também, resolver os problemas que tem com a Índia e as ex-repúblicas soviéticas, respectivamente, antes de fazerem frente ao Ocidente.
Vão precisar criar muitos outros governos aliados, além da Coreia do Norte e da Síria. O último continente ainda com alguma possibilidade de expansão sino-russa mundial é a África, e os EEUU e a Europa estão muito atentos a isso.
Paulo Morais, tanto China quanto Russia despertaram para a realidade dos planos adversários, e já estão orquestrados a limitar e conter o crescimento e poder norte americano em diversas regiões. A Africa está em grande parte sob influencia de Pequim, que começou a criar alianças locais que colocam os governos locais sob sua hégide, e mais, o crescimento economico e militar chinês forcará os países ocidentais a serem mais cautelosos com oa chineses, que estão ano após ano mais próximos de se tornarem a mauor potencia oriental, tanto que o Japão tenta se aproximar da Russia para evitar que os dois estejam do mesmo lado nas questões asiáticas. A Russia difere um pouco, já que seus ideiais não são expansionistas, mas possui um poder de influencia e capacidade de infuenciar a Europa de uma forma que ameaçam a hegemonia no continente, e a maior dessas ameaças seria o acordo euro-asiático, que traria ganhos volumosos para as corporações européias, em contra partida tiraria os EUA por completo do jogo naquela região.