Por Breno Salvador
Um dos atores mais imprevisíveis do atual cenário político da Síria, a Turquia volta ao centro das atenções mundiais e das preocupações americanas com uma ofensiva interna e externa contra seus rivais curdos. Após quatro dias de bombardeios e agora invasão terrestre no enclave de Afrin, no Noroeste da Síria, o governo do presidente Recep Tayyip Erdogan fecha o cerco a críticos à ofensiva com uma onda de prisões dentro da Turquia.
Além disso, escanteia os Estados Unidos, seu aliado na Otan, em favor de um alinhamento com a Rússia e com o próprio regime de Bashar al-Assad – a quem se opõe, mas cuja consolidação territorial na guerra civil será beneficiada com o enfraquecimento das forças paramilitares curdas essenciais para os americanos na guerra ao Estado Islâmico (EI).
Com a intensa campanha militar na região curda – batizada de “Ramo de Oliveira” e anunciada por Erdogan como necessária para proteger a fronteira – a Turquia já dominou três cidades em Afrin. A área é bastião das Unidades de Proteção do Povo (YPG), milícia curda inimiga de Ancara e apoiada por Washington no combate ao EI.
Ontem, o Exército turco lançou nova ofensiva a partir de Azaz, a leste, com centenas de tanques e apoio de milhares de rebeldes sírios aliados.
– Graças a Deus, sairemos vitoriosos desta operação – disse Erdogan no funeral de um soldado morto na ofensiva.
Segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), a luta já deixou ao menos 84 mortos, entre civis e combatentes. Já a Turquia anunciou ter matado cerca de 260 soldados curdos e jihadistas do EI. Em resposta, as YPG convocaram “todos os filhos do povo para defender Afrin”.
MILÍCIA RETOMOU BASTIÕES JIHADISTAS
O Conselho de Segurança da ONU se reuniu para debater o tema, sem chegar a decisões concretas. A União Europeia apressou-se em demonstrar temor pela ofensiva turca. Os EUA, tradicionais aliados dos turcos, evitaram um choque frontal com Ancara. Ontem, o presidente Donald Trump agendou uma conversa telefônica com Erdogan para “expressar preocupação com a escalada militar e retórica”, mas não deixou de apontar o “direito turco de defender as fronteiras”.
– A violência em Afrin abala o que era uma zona relativamente estável da Síria – assinalou o secretário de Defesa, Jim Mattis. – Isto nos distrai dos esforços internacionais para garantir que derrotemos o EI.
Os ataques diretos às YPG, principal ator da coalizão antijihadista árabe-curda Forças Democráticas Sírias, confrontam abertamente Washington, que financiou os Fonte: al-Jazeera curdos na longa luta ao Estado Islâmico. De quebra, acontecem numa zona cujo espaço aéreo é controlado pela Rússia, maior antagonista dos EUA.
Apesar de Moscou negar ter dado anuência aos bombardeios, analistas dizem que os ataques jamais teriam ocorrido sem seu aval.
– A Rússia está controlando o ritmo da operação – afirmou o analista de segurança Metin Gurcan ao “New York Times”, destacando que altos funcionários da Defesa turca visitaram Moscou um dia antes do início da campanha militar.
Sob a liderança das YPG, as Forças Democráticas Sírias retomaram a capital do autoproclamado califado do Estado Islâmico, Raqqa. Ontem, a aliança antijihadista apelou a Washington para que “assuma suas responsabilidades”.
A Presidência turca afirmou que a operação “só acabará quando os 3,5 milhões de refugiados sírios que moram na Turquia possam voltar para casa em segurança”. Para especialistas, isto já parece alcançável, uma vez que Assad está em posição muito favorável na guerra após retomar bastiões opositores, derrotar várias frentes antirregime e ver o Estado Islâmico decair.
– Considerando o tácito aval da Rússia, Erdogan está claramente ajudando o regime de Assad a retomar a integridade territorial da Síria – disse ao GLOBO o cientista político Huseyin Sentürk.
‘DESAFIO PODE AJUDAR ERDOGAN’
Enquanto isso, o presidente turco proibiu protestos contra a ofensiva (alegando razões de segurança) e aumentou a repressão a internautas considerados pelo regime suspeitos de “propaganda terrorista”: mais de cem pessoas foram detidas desde segunda-feira. A Turquia acusa as YPG de serem o braço sírio do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), a quem combate há décadas para frear o separatismo curdo. Desde 2015, novos confrontos entre governo e curdos deixaram mais de 3.300 mortos no Sudeste turco.
Recentemente, Trump cedeu a Erdogan ao parar a entrega de armas aos curdos.
– Se Erdogan conseguirá alcançar a meta de suprimir os curdos sírios ou não, dependerá do quão agressiva será a operação na fronteira e do quão abertamente o PKK se unirá às YPG – avalia Sentürk.
A Turquia tem pressionado os EUA por mais recursos pelo uso da estratégica base aérea de Incirlik e tenta obter a extradição do clérigo Fethullah Gülen, acusado de comandar a tentativa de golpe em 2016.
– Erdogan tem eleições presidenciais em 2019, e por outro lado tem dificuldades com os EUA por apoiar um banqueiro acusado de quebra do embargo ao Irã – afirmou ao GLOBO o jornalista Kamil Ergin, editor do site “Voz da Turquia”. – Este desafio aos EUA pode ajudá-lo a negociar. Infelizmente, ele quer acender mais incêndios, em vez de apagar os existentes.
FONTE: O GLOBO
Correção : Cheio de Exemplos
Avante ERDOGAN , país que tem Estadista é outra coisa !
Para os que gostam de atacar estadistas como ERDOGAN, com a historia da Carochinha de **DEMOCRACIA** , este Papo somente interessa ao Tiozinho do Norte , quando tem um Governo Nacionalista , eles patrocinam e financiam sua Derrubada , quero ver alguém me desmentir !!!
Aqui no Brasil , esta cheio de Exemplo , ou não esta ?
Chilique.
Trump vendeu 110 bilhões de dólares em armas para os sauditas. Erdogan contava com o contrato para os estaleiros turcos.
Os refugiados sírios querem voltar para casa? Ok…mas precisam atravessar território curdo. Mais de 30 milhões de curdos estão no caminho.
Engraçado.
Tenho uns 15 amigos Turcos. TODOS sem excessão dizem que o Erdogan é um presidente normal que faz de tudo para manter a unidade de seu país.
Nenhuma destas pessoas que conheço se dizem contra o Erdogan.
No entanto, eles dizem que de uns tempos pra cá, tem aparecido uns doidos “turcos” no meio do povo que defendem liberdade disso, daquilo, que tudo tem que mudar etc.
O que mais intriga meus amigos é que estes “turcos” tem um sotaque diferente de qualquer região da própria Turquia.
Quando estive no Canada em 2016, foi bem na tentativa de golpe que todos devem se lembrar.
Lá também conheci muitos Turcos que estavam a estudo ou a trabalho temporário.
TODOS. Defendiam Erdogan.
Vai lá saber o porque. Vai ver é coisa de Turco ser louco em defender ditador.
BOA ERDOGAN , não deu tempo aos terroristas apoiados pelo TIOZINHO construirem a primeira Trincheira , quando ainda estavam de ARAK , os Turcos apareceram e os Puseram a Correr , penso ter gente aqui também de ARAK !
OBSERVAÇÃO , ARAK é uma Bebida Árabe , que na década de 50/60 no Rio de Janeiro , era também uma gíria que se usava , contra pessoas que falavam sem fundamentos , mentiras ou embromação !
O Erdogan ainda terá um fim trágico como o foi o do Kadafi , Sadan e tal. Um regime opressor como o dele ,na cara dura em pleno século XXI numa região de mutuos interesses internacionais por parte dos grandes players, não é pra durar(muito diferente da CN onde o barco é tocado pela dinastia Kin a décadas ).
Qualquer modelo que não se encaixe no democracia yankee afeta os ânimos dos genuflexos.